Janeiro é o mês das premiações internacionais de cinema. Na segunda (13) foi finalmente anunciado os indicados ao Oscar 2020. Confira a lista completa aqui! A semana oferta uma gama de opções com pré-estreias arco-íris e planos sequências; estreias miseráveis, formigueiras, jumanjeiras e escandalosas. Nas mostras, as retrospectivas sobre Dorothy Azner, uma pioneira em Hollywood, na Caixa Cultural; e Fellini, que acontece no CCBB RJ. Confira também o curta-metragem da semana com a sessão LGBTQUIA+ e um artigo reflexivo sobre “Democracia em Vertigem”, que foi um dos indicados oficiais ao Oscar na categoria de Melhor Documentário. É do Brasil?
PRÉ-ESTREIAS
O que mais chama a atenção nos primeiros minutos de “1917” é a maneira como o cinema ianque (dessa vez em parceria com o britânico) insiste em trazer uma limpeza, um asseio estranho a um ambiente como uma trincheira de guerra. Escolha estética feita para mostrar quão puros aqueles homens são dentro da segurança pré-combate. A maneira com a qual Mendes passeia a câmera é quase como se as modernas técnicas de captação de imagens fossem mastigadas para o melhor deleite do cidadão-médio. Há firmeza e foco, ao contrário do ambiente desesperador, tremidamente vibrante de um conflito dessa magnitude. O susto e o choque que possam causar decorrem da valorização da morte a partir da potencialização do sangue – sensação de sujeira feita por contraste. Leia a crítica completa AQUI!
Há algo em “JUDY: MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS“, muito na maneira como Zellweger performa a protagonista, que nos remete à saga da decadência da Norma Desmond vivida por Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses” (1950). Principalmente essa não-aceitação da condição delicada na qual se encontra, mantendo em alta seu entendimento como grande estrela de cinema. Nesse aspecto o ritmo do longa-metragem ajuda muito na sensação de ótimo trabalho de Renée Zelwegger. São longas sequências em que a personagem pode ser dissecada por quem a interpreta. Quem está pela casa dos trinta anos vai lembrar de dois episódios bem representativos de como nada mudou em relação ao trato com os artistas. A Judy dessa obra encontra os mesmos problemas relacionados à retirada de poder familiar sofrido por Britney Spears provocado por seu pai e à espetacularização vivenciada por Amy Winehouse quando subia ao palco sem condições físicas de trabalho. Até hoje a indústria do entretenimento dos Estados Unidos segue fazendo suas vítimas. Leia a crítica completa AQUI!
ESTREIAS
“OS MISERÁVEIS” é sobre a paranoia crescente. Sobre o medo que incutimos. O outro, a pessoa próxima a nós, tornou-se nosso inimigo real, quase literalmente um “inferno” na máxima do filósofo francês Jean-Paul Sartre. Há também perguntas provocativas e questionadoras pairando no ar (que mais propicia uma reflexão que uma resposta propriamente dita): qual o verdadeiro propósito da vida? Abrir mão das próprias vontades por menores que sejam? Qual o limite da felicidade? Quebrar coisas em um evento popular? Viver é participar de um estágio controlado todo o tempo e nunca desligar quanto às questões sociais? O filme quer inserir o espectador na ação do momento (preâmbulos estendidos), como se fosse um documentário do comportamento social de vidas passantes e continuadas (o jogo de futebol, a sobrevivência ao mundo capitalista e material, a troca de geografias por almejar um melhor lugar para ser e estar a luta de classes, o querer do aumento do poder como indexador, a importação dos costumes religiosos – muçulmanos), perdidas nas expectativas do mundo moderno, entre franceses, ciganos, radicais intolerantes e os com mentes mais abertas. O ser humano não é mais recebido e sim analisado por seu passado. Leia a crítica completa AQUI!
Sim, é um filme denúncia e o que se quer debater é o silêncio das vítimas, que por medo de perder seus empregos (acabar com suas carreiras) e/ou da estigmatização, mantêm-se caladas como se nada tivesse acontecido pela “cantada inocente”. Acusadas de “raiva menstrual” por “achar” que são tratadas como objeto sexual. São humilhadas pelo simples fato de serem mulheres e se submetem a tudo pelo sucesso. “O ESCÂNDALO” é acima de tudo um filme ativista. De ligamentos políticos. Contra o “câncer” da massificação do imaginário popular. De mulheres contra a supremacia masculina (com suas piadas homofóbicas, preconceituosas, conservadoras e “limitadas”, quase infantis), que não querem o rótulo de feministas, apenas lutar por seus direitos. Mas que no fundo os “perdoam” por suas ingenuidades e seus instintos fisiológicos de “macho para transar”. Leia a crítica completa AQUI!
Quem gostou muito da primeira produção pode ter a certeza de que o jogo está ganho. A expansão de universo é bem formatada, inclusive afastando o excesso de cosmética RPG, com adições de informações somente quando necessário. “JUMANJI: PRÓXIMA FASE” se vale de um expediente parecido com a franquia “Uma Noite no Museu“: consegue transformar o sucesso do primeiro filme em um argumento para atrair atores veteranos para funções que exigem um carisma mais consolidado. No caso do terceiro longa-metragem da saga de Shawn Levy estamos falando de Mickey Rooney, Dick Van Dyke e Bill Cobbs. Aqui os serviços são prestados por Danny DeVito e Danny Glover. É possível identificar, de igual forma, um esforço maior do quarteto original por uma entrega de trabalho mais digna. As personalidades dos adolescentes de “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” foram muito mal trabalhadas por Johnson, Jack Black, Kevin Hart e Karen Gillan. Até porque a construção dos estereótipos e a comédia forçada (como uma constrangedora cena de primeiro beijo) não permitiam que muita coisa fosse feita. Dessa vez, a possibilidade de troca de corpos durante o jogo e os dilemas menos imaturos do primeiro filme fazem com que os astros, bem mais ricos e interessados no sucesso da produção, sejam mais divertidos. Leia a crítica completa AQUI!
CURTA-METRAGEM DA SEMANA
Há também toda semana em nosso site a exibição de um curta-metragem. Nesta, nosso leitor pode conferir CAFÉ COM LEITE (Brasil, 2007, Drama, de Daniel Ribeiro) na Sessão LGBTQUIA+.
Muitos filmes imperdíveis ainda estão em cartaz. Uma última chance de poder conferir obras que receberam nota máxima de nosso site e no escurinho da tela grande. Confira a lista completa AQUI!