Tudo Sobre os Indicados ao Oscar 2025
“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, concorre em três categorias, a de Melhor Atriz para Fernanda Torres, Melhor Filme Internacional e Melhor Filme
Por Fabricio Duque
A 97.ª cerimônia de entrega dos Academy Awards, ou Oscars 2025, apresentada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, será realizada no dia 02 de março, no meio do Carnaval do Brasil. Não há manifestação popular melhor para descrever toda a metáfora-simbólica que afeta a comoção do povo brasileiro neste ano. Parece que após anos de embates diretos ao obscurantismo patriótico, todos, que ainda estão aqui no Brasil e até mesmo aqueles locais que moram fora já há um tempo, foram submetidos por uma eufórica e esperançosa sensação patriótica. Tudo porque há um filme nacional nos representando lá em Los Angeles, no Oscar 2025. Sim, falo de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que depois de ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Torres, agora, na premiação mais famosa do mundo, o Oscar, está indicado em três categorias: novamente de Melhor Atriz para Fernandinha (que leva a responsabilidade da vitória para “vingar” sua mãe, Fernanda Montenegro de “Central do Brasil”, de um “Shakespeare Apaixonado” sem sal); Melhor Filme Internacional; e também Melhor Filme, pela primeira vez na história do Oscar e do Brasil.
Sim, ainda acredito que a cerimônia da estatueta dourada é tóxica, que destrói as relações interpessoais e que nos limita pela futilidade, tudo por causa da competição acirrada de uns contra os outros em prol de reconhecimentos, ainda mais no âmbito internacional (em que a “grama do vizinho é mais verde). E mesmo sabendo que o Óscar é um evento norte-americano que premia filmes em língua inglesa, de e para norteamericanos. E que todos os outros filmes inclusos são exceções à regra, talvez cotas de um novo mundo, encontram seu lugar em Melhor Filmes Estrangeiro. Sim, mas se é assim que o mundo funciona, então “vamos com tudo” ser “totalmente premiado”. Só assim o talento de Fernanda Torres pode atravessar barreiras, quebrar fronteiras e aparecer “totalmente” exposta no mainstream. Essas análises ultrapassam ideologias contra o Oscar. Contra essa indústria hollywoodiana opressora que lança filmes em quase todas as salas de exibição brasileira.
Confesso que encontrei meu embasamento perfeito em “Oscar Wars: A History of Hollywood in Gold, Sweat, and Tears (A Guerra do Oscar: Uma História de Hollywood em Ouro, Suor e Lágrimas”), que logo no epígrafo do livro, há uma citação de Bob Hope: “Vamos entrar nessa farsa ridícula de egoísmo vulgar e pomposo”. Ou nas palavras de seu escritor Michael Schulman: “Eles são uma corrida de cavalos. Eles são uma orgia de autocongratulação de pessoas ricas e famosas que se consideram muito bem”. Ou “A estatueta é um talismã que provoca poderosos desejos – para atenção, para reconhecimento, para levar seus pretendentes à loucura, ao excesso ou ao desespero, mas a natureza humana nos impulsiona, em direção ao jogo: gostamos de ver as pessoas ganharem ou perderem e, se tivermos oportunidade, queremos vencer.” E para complementar, fui ao site da Academia para melhor entendê-la e saber de suas missões primárias: “A missão da Academia é reconhecer e defender a excelência nas artes e ciências cinematográficas, inspirar a imaginação e conectar o mundo por meio do cinema. Comemorar a arte e a inovação no cinema. Inspirar as novas gerações a compartilhar nosso amor pelo cinema e pela narrativa. Preservar a nossa história cinematográfica global. Conectar fãs de cinema de todo o mundo”.
“Ainda Estou Aqui” (que está com 3 indicações empatado com “Sing Sing” e “O Robô Selvagem”) não só ocupou esse lugar do imigrante, como quebrou explodiu a bolha com as indicações. Há 25 anos, o Brasil já competia com a “Central do Brasil” como Melhor Atriz pra Fernanda Montenegro. Sim, é como se Walter Salles tivesse domínio e poder sobre as mudanças do universo. Não entro na questão de ser um banqueiro, muito rico, famoso e com o nome bem colocado na revista Forbes, mas no que há por trás desse ser carismático. Walter consegue personificar o invisível, o humano, o cósmico, o espectral na forma como ocupa todos esses espaços. Muitos tentam, mas qual o porquê de só ele conseguir isso? Sim, Fernanda Torres não precisa mais ganhar o Óscar, ela já ganhou o melhor do Oscars, que é ser conhecida no mundo todo, desde Veneza até Los Angeles, passando por Nova Iorque e Brasil. Um jornada que a fez virar Meme. “Sucesso é virar meme”, disse a Vanir de “Os Normais” em uma entrevista.
É, pois é, não é pouca coisa. E mais uma vez, “bato na tecla” de que nós todos somos seres humanos co-dependentes de validação pelos outros. Mas o Oscar para o Brasil representa muito mais do que isso. Se nós ainda nos apresentamos como um povo selvagem, esse troféu abre portas. Sim, “dá o Oscar para ela então” (camisa “campanha” à venda na lojinha do Estação Net Rio). E sim, há polêmicas. Claro, tem brasileiro, tem treta. Nosso “calo” agora é “Emília Perez” (que lidera com 13 indicações), mas precisamente sua atriz protagonista, a atriz Karla Sofía Gascón, que foi exposta com twitters antigos extremamente xenófobos, facistas, preconceituosos, racistas e desagradáveis (tudo que Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos pensa). A ponto do Oscar “retirá-la de cena” e ter sua presença cancelada no evento. Mas há alguns dias, os organizadores mudaram de ideia e Karla estará presente na cerimônia, para “ranço” de todos os brasileiros. Mais um motivo para Final de Copa de Mundo.
Nesta edição 97, vemos que o Sr. Oscar está quase centenário, mas sempre conservado no ouro. A premiação do Oscar 2025 acontece no dia 02 de março, um domingo, ao vivo do Teatro Dolby, que entregará os prêmios de 23 categorias. A cerimônia, produzida por Raj Kapoor e Katy Mullan, com Hamish Hamilton como diretor, terá como apresentador host, pela primeira vez, o comediante norteamericano Conan O’Brien, nascido em Massachusetts, e com ascendência irlandesa. A transmissão será pelo canal de streaming Max e pela Rede Globo, com comentários da atriz Dira Paes e do crítico de cinema Waldemar Dalenogare.
A lista de indicações segue com “O Brutalista” e “Wicked” com 10; “Um Completo Desconhecido” e “Conclave” empatados com 8; “Anora” com 6; “Duna: Parte 2” e “A Substância” com 5; “Nosferatu” com 4. E com duas, “O Aprendiz”, “Flow”, “O Reformatório Nickel” e “A Verdadeira Dor”.
A votação da Academia é um processo longo. Começa no dia 14 de novembro com o prazo geral de envio das inscrições, com início dos votos em 09 de dezembro e com fim da votação em 18 de fevereiro. Esta será a segunda cerimônia em que os prêmios serão entregues com base nos requisitos das Normas de Inclusão da Academia. Além disso, a partir desta cerimônia, entrará em vigor outra regra adotada pela Academia para proteger a distribuição da expansão dos serviços de streaming: para receber o prêmio de Melhor Filme, os filmes deverão ficar em exibição nos cinemas por pelo menos uma semana. Além do mais, para um filme ser elegível a Melhor Filme deve ser lançado até 24 de janeiro de 2025.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DE TODOS OS INDICADOS AO OSCAR 2025
MELHOR FILME
“Anora”
“O Brutalista”
“Um Completo Desconhecido“
“Conclave”
“Duna: Parte II”
“Emilia Pérez”
“Ainda Estou Aqui“
“O Reformatório Nickel”
“A Substância”
“Wicked“
Quem ganha: “Conclave” ou “O Brutalista”; Pelo Vertentes: “Um Completo Desconhecido”; Por ser brasileiro: “Ainda Estou Aqui”
MELHOR DIREÇÃO
Sean Baker, “Anora”
Brady Corbet, “O Brutalista”
James Mangold, “Um Completo Desconhecido”
Jacques Audiard, “Emilia Pérez”
Coralie Fargeat, “A Substância”
Quem ganha: “Anora”; Pelo Vertentes: “A Substância”
MELHOR ATRIZ
Fernanda Torres – “Ainda Estou Aqui”
Cynthia Erivo – “Wicked”
Karla Sofía Gascón – “Emilia Pérez”
Mikey Madison – “Anora”
Demi Moore – “A Subtância”
Quem ganha: Demi Moore; Pelo Vertentes: Demi Moore; Por ser brasileiro: Fernanda Torres
MELHOR ATOR
Adrien Brody – “O Brutalista”
Timothée Chalamet – “Um Completo Desconhecido”
Colman Domingo – “Sing Sing”
Ralph Fiennes – “Conclave”
Sebastian Stan – “O Aprendiz”
Quem ganha: Adrien Brody; Pelo Vertentes: Timothée Chalamet
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Monica Barbaro – “Um Completo Desconhecido“
Ariana Grande – “Wicked”
Felicity Jones – “O Brutalista”
Isabella Rossellini – “Conclave”
Zoe Saldaña – “Emilia Pérez”
Quem ganha: Zoe Saldaña; Pelo Vertentes: Monica Barbaro
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Yura Borisov – “Anora”
Kieran Culkin – “A Verdadeira Dor”
Edward Norton – “Um Completo Desconhecido“
Guy Pearce – “O Brutalista”
Jeremy Strong – “O Aprendiz”
Quem ganha: Kieran Culkin; Pelo Vertentes (empate): Kieran Culkin e Yura Borisov
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
“Anora”
“O Brutalista”
“A Verdadeira Dor”
“A Substância”
“September 5”
Quem ganha: “O Brutalista”; Pelo Vertentes: “A Verdadeira Dor”
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
“Um Completo Desconhecido“
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Sing Sing”
“O Reformatório Nickel”
Quem ganha: “Conclave”; Pelo Vertentes: “Um Completo Desconhecido”
MELHOR ANIMAÇÃO
“Flow”
“Divertida Mente 2”
“Memórias de um Caracol”
“Wallace & Gromit: Avengança”
“Robô Selvagem”
Quem ganha: “Flow”; Pelo Vertentes: “Divertida Mente 2”
MELHOR FILME INTERNACIONAL
“Ainda Estou Aqui”
“A Garota da Agulha“
“Emilia Pérez”
“A Semente do Fruto Sagrado”
“Flow“
Quem ganha: “Emilia Pérez”; Pelo Vertentes: “A Semente do Fruto Sagrado”; Por ser brasileiro: “Ainda Estou Aqui”
MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Quatro Paredes”
“Sem Chão”
“Guerra da Porcelana”
“Trilha Sonora para um Golpe de Estado”
“Sugarcane”
MELHOR TRILHA SONORA
“O Brutalista”
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked“
“Robô Selvagem“
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“El Mal” (“Emilia Pérez“)
“The Journey” (“The Six Triple Eight”)
“Like a Bird” (“Sing Sing“)
“Mi Camino” (“Emilia Pérez”)
“Never Too Late” (“Elton John: Never Too Late”)
MELOR SOM
“Um Completo Desconhecido“
“Duna: Parte II”
“Emilia Pérez”
“Wicked”
“Robô Selvagem“
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
“O Brutalista”
“Conclave”
“Duna: Parte II”
“Nosferatu”
“Wicked“
MELHOR FOTOGRAFIA
“O Brutalista”
“Duna: Parte II”
“Emilia Pérez”
“Maria”
“Nosferatu”
MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADOS
“Um Homem Diferente”
“Emilia Pérez”
“Nosferatu”
“A Substância”
“Wicked“
MELHOR FIGURINO
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave”
“Gladiador II”
“Nosferatu”
“Wicked”
MELHOR EDIÇÃO
“Anora”
“O Brutalista“
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked“
MELHOR EFEITOS VISUAIS
“Alien: Romulus”
“Better Man”
“Duna: Parte II”
“Planeta dos Macacos: O Reinado”
“Wicked“
MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM
“Death by Numbers”
“I Am Ready, Warden”
“O Incidente”
“Instruments of a Beating Heart”
“A Única Mulher na Orquestra”
MELHOR CURTA-METRAGEM
“A Lien”
“Anuja”
“I’m Not a Robot”
“The Last Ranger”
“The Man Who Could Not Remain Silent”
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“Beautiful Men”
“In the Shadow of Cypress”
“Magic Candies”
“Wander to Wonder”
“Yuck!”