Tudo Sobre os 50 anos do Festival Sesc Melhores Filmes
Com meio século de existência, evento firma-se como um dos mais importantes da cinefilia da capital paulistana
Por Clarissa Kuschnir
E o Festival Sesc Melhores Filmes chega ao 50 anos, assim como essa jornalista quem vos escreve (eu completo “Bodas de Ouro” em agosto), neste 2024. E para a alegria dos cinéfilos paulistanos, o mais longevo e tradicional evento de cinema da capital firma-se com meio século de vida, re-exibindo longas-metragens (nacionais e internacionais), votados por jornalistas e pela crítica especializada (nós somos um deles – eu e nosso editor Fabricio Duque), além inclusive do voto do popular (do ano anterior). Ou seja, o Festival Sesc Melhores Filmes é a oportunidade mais que perfeita para rever os filmes que muitas vezes passaram rápido pelas telonas (como muitos títulos nacionais) e produções que tiveram bastante repercussão, tanto nos festivais de cinema pelo mundo, quanto na recepção do público e da crítica. E isso é que é o bacana. Há uma democratização na forma de premiar, abrindo espaço para todos os gostos.
Nesta edição de 2024, a lista aberta contou com 396 obras cinematográficas, que participaram da votação, sendo 255 estrangeiros e 141 brasileiros. Os escolhidos podem ser conferidos na tela do Cinesesc desde o dia 03 até o próximo dia 24 de abril. E como todos os anos, aconteceu a cerimônia de premiação, que consegue reunir grandes nomes do nosso cinema, tanto o mais autoral, quanto o mais comercial. É sempre muito bom acompanhar essa noite de abertura, que este ano foi mais dinâmica e apresentada pelo ator Fabrício Boliveira. “Estou muito feliz de estar aqui nesta sala de cinema, uma das mais queridas do Brasil. Obrigada Cinesesc”, agradeceu Fabrício ao se apresentar e dar as boas-vindas aos convidados presentes.
“São 50 anos de história deste festival. Eu acompanho e participo do Sesc há 55 anos. Entrei na instituição junto com o meu querido amigo, o nosso inesquecível Danilo Santos de Miranda. Entramos no Sesc no mesmo dia e juntos participamos da construção e da organização do Sesc, nestes últimos anos. Então foi uma satisfação trabalhar com o Danilo durante todo esse tempo. Lembro-me quando o Sesc alugou este cinema. Alugamos essa sala especial que tinha a possibilidade de assistir a um filme tomando uma bebida, comendo um lanche. Depois de alguns anos fizemos uma grande reforma e o Sesc acabou adquirindo esse imóvel. Então o Sesc é um patrimônio. Não só patrimônio cultural, mas também arquitetônico que compõe junto com as nossas demais 42 unidades, espalhadas por todo o estado de São Paulo. E nós participamos deste movimento da arte e do cinema, com bastante orgulho. Então eu quero dizer com muita satisfação que iniciamos mais um festival, e desde já cumprimentamos todos os profissionais, que logo serão anunciados pelos votos da crítica e pelo público”, disse Luiz Galina, novo diretor regional do Sesc, que substituiu Danilo Santos Miranda, falecido em outubro passado.
Antes da plateia conhecer os premiados, o Festival Sesc Melhores Filmes apresentou um vídeo com todos os ganhadores, desses 50 anos. Junto foi apresentada a linda vinheta, que este ano ficou por conta da Coala Filmes.
Para melhor filme estrangeiro, a crítica votou em “Assassino da Lua das Flores“, assim como seu diretor Martin Scorsese e atriz Lily Gladstone. Para ator, o vencedor foi Cillian Murphy, por “Oppenheimer“.
Já o público votou para melhor filme em “Barbie” assim como sua diretora Greta Gerwig. Para atriz o prêmio foi para Cate Blanchett por Tàr e ator empatou com o voto da crítica, para Cillian Murphy por “Oppenheimer”.
Para os filmes nacionais o grande premiado da noite como melhor filme pela crítica foi “Mato Seco em Chamas“, de Joana Pimenta e Adirley Queirós. O longa ainda foi premiado também, como melhor fotografia.
Kleber Mendonça Filho foi escolhido como melhor diretor por “Retratos Fantasmas“, que também levou como melhor documentário.
Para melhor roteiro a crítica escolheu “Pedágio“ de Carolina Markowicz, melhor atriz Vera Holtz por “Tia Virginia”, que ainda levou também, o troféu de melhor direção de arte para Ana Mara Abreu. Para melhor ator foi escolhido Ailton Graça, por Mussum, O Filmis.
Os votos do público coincidiram com a crítica para “Retratos Fantasmas” na categoria melhor documentário e direção para Kleber Mendonça Filho, além do público escolher longa, como melhor filme nacional.
O filme de ação “O Sequestro do Voo 375″, de Marcos Baldini parece que agradou ao público levando prêmios de melhor roteiro para Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque e melhor fotografia para Rhebling Junior.
Para melhor atriz e ator também deu dobradinha da crítica e do público para Vera Holtz por “Tia Virginia” e Ailton Graça, por “Mussum, O Filmis“.
A direção de arte realizada pela dupla Juliana Lobo e Thales Junqueira para “Meu Nome é Gal“ (Dandara Ferreira e Lô Politi) foi a escolhida pelo voto popular.
Além de poder rever todos esses títulos, os espectadores poderão rever outros filmes que foram bem votados como: o Alemão e vencedor de Berlim 2023 “Afire“, de Christian Petzold, “Monster“, de Hirokazu Rore-Eda, o impactante documentário nacional “Incompatível com a Vida“, de Eliza Capai, e vencedor do último É Tudo Verdade, a animação nacional “Perlimps”, de Alê Abreu, entre muitos outros.
O Festival ainda conta com a Faixa Histórica onde serão exibidos 10 clássicos nacionais que foram premiados, durante esses 50 anos entre entres eles: “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral, longa que premiou a atriz Marcélia Cartaxo com o Urso de Prata em Berlim, em meados dos anos 80, “Baile Perfumado” ( filme da retomada do cinema pernambucano da década de 90), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, “Que Horas Ela Volta?“, de Anna Mulayert , “Xica da Silva”, de Cacá Diegues, estrelado por Zéze Mota , que será a homenageada este anos do festival e estará presente na sessão.
E tem mais cinema nacional na sessão Especial contemplando Eduardo Coutinho (falecido tragicamente há dez anos) que são: o clássico “Cabra Marcado para Morrer”, e “Eu Fui Assistente de Eduardo Coutinho”, de Allan Ribeiro.
Ainda como parte da programação o Festival exibe pela primeira vez filmes inéditos como: as ficções “A Flor de Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, “Estranho Caminho“ de Guto Parente e o documentário “Seu Cavalcanti“, de Leonardo Lacca.
O longa de abertura “Saudade se Faz Morada“, de Haroldo Gomes completou a noite especial de premiação, com seu roteiro simples, porém muito delicado na forma de expor seu protagonista adolescente, que sofre de uma doença, que faz com que ele perca a visão e tenha que achar um jeito de conviver, com sua nova condição. O Festival Sesc Melhores Filmes encerra-se com a exibição de “A Batalha da Rua Maria Antonia”, documentário de Vera Egito.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DOS 50 ANOS DO FESTIVAL SESC MELHORES FILMES
PRÊMIO DA CRÍTICA
MELHOR FILME NACIONAL
“Mato Seco em Chamas”, de Joana Pimenta e Adirley Queirós
MELHOR DIREÇÃO NACIONAL
Kleber Mendonça Filho, por “Retratos Fantasmas”
MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho
MELHOR ROTEIRO
Carolina Markowicz, por “Pedágio”
MELHOR ATRIZ NACIONAL
Vera Holtz, por “Tia Virgínia”
MELHOR ATOR NACIONAL
Ailton Graça, por “Mussum, O Filmis”
MELHOR FOTOGRAFIA
Joana Pimenta, por “Mato Seco em Chamas”
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Ana Mara Abreu, por “Tia Virgínia”
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
“Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese
MELHOR DIREÇÃO ESTRANGEIRA
Martin Scorsese, por “Assassinos da Lua das Flores”
MELHOR ATRIZ ESTRANGEIRA
Lily Gladstone, por “Assassinos da Lua das Flores”
MELHOR ATOR ESTRANGEIRO
Cillian Murphy, por “Oppenheimer”
PRÊMIO DO PÚBLICO
MELHOR FILME NACIONAL
“Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho
MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho
MELHOR DIREÇÃO NACIONAL
Kleber Mendonça Filho, por “Retratos Fantasmas”
MELHOR ROTEIRO
Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, por “O Sequestro do Voo 375”
MELHOR ATRIZ NACIONAL
Vera Holtz, por “Tia Virgínia”
MELHOR ATOR NACIONAL
Ailton Graça, por “Mussum, O Filmis”
MELHOR FOTOGRAFIA
Rhebling Junior, por “O Sequestro do Voo 375”
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Juliana Lobo e Thales Junqueira, por “Meu Nome É Gal”
MELHOR DIREÇÃO ESTRANGEIRA
Greta Gerwig, por “Barbie”
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
“Barbie”, de Greta Gerwig
MELHOR ATRIZ ESTRANGEIRA
Cate Blanchett, por “Tár”
MELHOR ATOR ESTRANGEIRO
Cillian Murphy, por “Oppenheimer”
OS VOTOS DO VERTENTES DO CINEMA
FABRICIO DUQUE
Estrangeiro
Filme: “Os Delinquentes”
Direção: Jerzy Skolimowski (“EO”)
Atriz: Charlbi Dean (“Triângulo da Tristeza”)
Ator: Eden Dambrine (“Close”)
Nacional
Filme: “Marinheiro das Montanhas”
Direção: Paula Gaitán (“Luz nos Trópicos”)
Atriz: Aline Maria Marta (“Pedágio”)
Ator: Okado Do Canal (“Rio Doce”)
Documentário: “Marinheiro das Montanhas”
Roteiro: Gabriela Capello, Júlia Murat, Robeto Winter e Rafael Lessa (“Regra 34”)
Fotografia: Kika Cunha (“Pérola”)
Direção de Arte: Ana Maria Abreu (“Tia Virginia”)
CLARISSA KUSCHNIR
Estrangeiro
Filme: “Afire”
Direção: Cristopher Nolan (“Oppenheimer”)
Atriz: Lily Gladstone (“Assassino da Lua das Flores”)
Ator: Cillian Murphy (“Oppenheimer”)
Nacional
Filme: “Mato Seco em Chamas”
Direção: Eliza Capai (“Incompatível com a Vida”)
Atriz: Andreia Vieira (“Mato Seco em Chamas”)
Ator: Fernando Teixeira (“O Alecrim e o Sonho”)
Documentário: “Incompatível Com a Vida”
Roteiro: Joana Pimenta e Adirley Queirós (“Mato Seco em Chamas”)
Fotografia: Ivo Lopes Araújo (“Casa Vazia”)
Direção de Arte: Isabela Azevedo e Moa Batsow (“Capitu e o Capítulo”)
SERVIÇO
E para quem não é de São Paulo, a plataforma do Sesc Cinema Em Casa também exibe vários filmes premiados durante o Festival 50 anos do Sesc Melhores Filmes.
Os títulos premiados terão pelo menos uma exibição presencial durante a mostra, no CineSesc, com ingressos a R$ 10,00.
Para saber a programação completa com todos os filmes basta acessar:
https://www.sescsp.org.br/festival-sesc-melhores-filmes/
Para assistir aos filmes na plataforma acesse: https://sesc.digital/categorias/filmes
