Oscar 2023: Análises, Indicados e Onde Assistir
A mais importante premiação de cinema do Mundo pode ser levada à sério? Devemos apenas laurear os vencedores e esquecer dos que foram selecionados?
Por Fabricio Duque
A História conta que a primeira competição do Mundo aconteceu na Grécia Antiga, por volta do século VIII a.C., já nascendo como um esporte, visto que os jogos eram na cidade de Olímpia, por isso o nome “Olimpíadas”. Seus competidores almejavam a superação de seus limites, comparando-se com os outros. Era um evento de força e fraqueza, criado por Hércules para realizar os doze trabalhos considerados impossíveis e representava o “duelo” entre ganhador e perdedor, que praticavam cinco categorias: salto, lançamento de disco, lançamento de dardo, corrida e luta. Ao longo dos anos, a nomenclatura Competição incluiu todo e qualquer esforço físico e psicológico de toda e qualquer existência. Os seres humanos foram condicionados a mostrar que eram melhores que seus próximos, o que estimulou, consequentemente, que nós transformássemos essa regra em essência definitiva de nosso comportamento enquanto indivíduos sociais.
Stanley Kubrick já mencionou isso em “2001 – Uma Odisseia do Espaço”, baseado no livro homônimo de Arthur C. Clarke, quando filma a cena de macacos disputando um osso, cuja mensagem quer metaforizar a demonização do poder perante os outros. Na quarta temporada do seriado “Você”, da Netflix, o vilão é o “papa-rico”, que quer salvar o mundo do sadismo hierárquico dos que mandam em cima dos pobres. Será que o Mundo seria mais leve e mais tranquilo se essa palavra do “mal” não tivesse sido levada à frente? E o Cinema, que é um espelho de nossa realidade e de nossos tempos históricos? E como pensa a indústria cinematográfica mais poderosa do mundo? Onde Hollywood entra nessas questões? Vocês já devem ter percebido que todo esse preâmbulo é sobre o Oscar, a premiação mais “importante do Planeta Terra”. Desde sempre, a questão competitiva das premiações de cinema sempre me norteou (leia abaixo nos links) sobre a crueldade desse poder. Como assim cinco filmes (ou nove, na organização atual) são colocados para votação no Oscar? Só há cinco (ou nove) filmes no Mundo? E por que a maioria é de nacionalidade norteamericana? Os outros não são bons? Vamos por partes!
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A escolha do Oscar não se faz por merecimento e sim por lobby, que ressignificou a palavra competição. O esforço vem do dinheiro e não da qualidade. Não se busca mais atuações brilhantes, tampouco a fotografia perfeito, mas de “tomar atitudes extremas para defender os interesses da indústria do cinema americano – inclusive em mercados externos”, escreveu Pedro Butcher, na Folha de São Paulo, em 25 de março de 2004, sobre a aposentadoria aos 82 anos do diretor Jack Valenti, diretor da Motion Picture Association of America, um dos mais “duros e ásperos lobby(stas)”. De tanto um filme ser “bombardeado” na mídia, acaba sendo selecionado. Este é o critério. Mas e alguns outros azarões que “caem de para-quedas”? É, o Oscar também é regido pela aceitação da sociedade norteamericana, que entendeu que existe uma cota independente, como se fosse uma “permissão”, um “visa”, uma “oportunidade” de algumas obras “diferentes” figurem entre as “melhores”.
Depois de tudo isso, o que é o Oscar então? Uma diversão. Uma noite de conto-de-fadas que o glamour acontece no Tapete Vermelho com seus vestidos caros e seus empoderamentos individuais (de tendência a novas atitudes sócio-comportamentais). A Cerimônia é de americanos para americanos, com piadas-referências internas. É quase algum casamento da Família Real do Reino Unido. Não é real. E sim a projeção de uma realidade ficcionalizada. Mas qual o motivo dos brasileiros “pararem o país” para dar holofotes a esse evento mundial? Pura diversão. Um produto de massa, única e exclusivamente para girar conversas (e discussões) em torno dos filmes indicados, que retornam em cartaz nos cinemas. Mas então não deve ser acompanhado? Lógico que não. Analisar o Oscar é quase um estudo antropológico. Nós conseguimos definir os temas que estão em evidência no mundo. Esse produto também movimenta a economia. Não só a dos países envolvidos, como a dos “meros mortais”, que participam de bolões. O quiz financeiro, esse sim, é uma competição olímpica, porque vence quem sabe mais sobre essa premiação que chega a sua edição 95, comemorando Bodas de Sândalo, que pode ser considerada outra metáfora, por representar que sua árvore é conhecida por entalhar esculturas.
E neste ano, o Oscar fará uma Estatueta especial. Além da Dourada, os premiados ainda receberão das mãos dos Yanomamis uma de madeira como um protesto ao garimpo ilegal no Brasil, e significando proteção às terras indígenas e salvação de nosso Planeta Terra. “A campanha Custo do Ouro propõe a troca da estatueta da premiação, produzida em ouro 24 quilates, por uma estátua em madeira de um herói que simboliza proteção à etnia yanomami”, explica Urihi Associação Yanomami, o líder da etnia Júnior Hekurari. “Um dos maiores símbolos de sucesso pode estar, em breve, nas suas mãos, o Oscar. Porém, seu símbolo de sucesso, tem um preço muito maior para nosso povo. Por aqui, ofereço uma estatueta diferente, a do nosso herói. Omama é o criador e guerreiro da Amazônia e do povo Yanomami. Omama simboliza proteção. Mas, até Omama precisa de aliados na luta contra o ouro ilegal e seu custo para nosso povo e para nossa terra”, complementa.
A cerimônia de premiação será neste domingo (12) em Los Angeles, nos Estados Unidos, e terá transmissão pela TNT e pela HBO MAX, a partir das 20:00. Contudo, festas especiais acontecerão em vários estados do país. No Rio de Janeiro, o convite ao público vem do produtor cineasta Cavi Borges, agitador cultural que traz o Bolão do The Oscars, a partir das 19:00 no saguão do Estação Net Rio. A entrada é gratuita e com transmissão ao vivo.
Mas a cobertura do Vertentes do Cinema acontecerá de São Paulo, por Clarissa Kuschnir no evento Meu Tio Oscar. O canal brasileiro mais famoso especializado em Oscar, Meu Tio Oscar apresenta uma proposta diferente nesse ano: celebrar numa noite de festa a 95a cerimônia do Oscar. Oscar 2023 – A Experiência acontecerá no dia da premiação, 12 de março, a partir das 19h, na Casa Giardini. Para a diversão e informação dos cinéfilos e cinéfilas presente, o evento contará não apenas com a exibição da cerimônia na íntegra, mas também um pré-show produzido pelo Meu Tio Oscar, com apresentação de Felipe Haurelhuk com os comentários de Lucas Maia (Refúgio Cult), Aline Guevara (Nenhuma Das Alternativas) e Claudio Formiga (Rolê do Roteiro), a partir das 19h. Comentários sobre os filmes do ano, apostas, entrevistas e materiais exclusivos. O evento também contará com a presença de críticos e influenciadores que fazem a cobertura do cinema.
Nos intervalos da premiação, os comentários serão feitos pelos jornalistas Thiago Stivaletti e Flávia Guerra, a partir das 21h. A cerimônia será exibida em auditório climatizado amplo, com projeção mapeada de alta definição e sistema de som imersivo, e pipoca, água e refrigerante liberados durante todo o evento. O ambiente será todo decorado com temas relativos ao Oscar e à arte cinematográfica, com direito a tapete vermelho com welcome drink, e diversos pontos instagramáveis referindo aos principais filmes concorrentes.
E não serão apenas as estrelas de Hollywood que poderão ganhar prêmios. Participantes do Oscar 2023 – A Experiência concorrerão a kit com brindes exclusivos e personalizados (agenda, caneca, DVD, livro), produzidos pela WeArt, e também poderão participar de um bolão oficial valendo 1 ano de cinema grátis nas salas XD da rede Cinemark. Após a cerimônia, haverá uma festa de encerramento com DJ temático tocando as mais icônicas trilhas sonoras do cinema, bistrôs de alimentação com canapés, risoto, massa e sobremesa, e bar com bebidas alcoólicas (cerveja) e não-alcoólicas. O 1o lote de ingressos já está a venda com o valor de R$290, individual, e R$550, duas pessoas. Mais informações, na Plataforma Sympla.
LISTA COMPLETA DOS INDICADOS À EDIÇÃO 95 DO OSCAR 2023
Nota do Vertentes do Cinema: Se em um universo utópico só restassem esses, qual seria então nossa escolha melhor filme? Sem dúvidas, “Triângulo da Tristeza”.
MELHOR FILME
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Avatar: O Caminho da Água
Os Fabelmans
Tár
Nada de Novo no Front
Top Gun: Maverick
Triângulo da Tristeza
Entre Mulheres
MELHOR DIRETOR
Todd Field, por Tár
Daniel Kwan e Daniel Scheinert, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Martin McDonagh, por Os Banshees de Inisherin
Ruben Östlund, por Triângulo da Tristeza
Steven Spielberg, por Os Fabelmans
MELHOR ATOR
Austin Butler, por Elvis
Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin
Brendan Fraser, por A Baleia
Paul Mescal, por Aftersun
Bill Nighy, por Living
MELHOR ATRIZ
Cate Blanchett, por Tár
Ana De Armas, por Blonde
Andrea Riseborough, por To Leslie
Michelle Williams, por Os Fabelmans
Michelle Yeoh, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Judd Hirsch, por Os Fabelmans
Brendan Gleeson, por Os Banshees de Inisherin
Brian Tyree Henry, por Passagem
Barry Keoghan, por Os Banshees de Inisherin
Ke Huy Quan, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Angela Bassett, por Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Hong Chau, por A Baleia
Kerry Condon, por Os Banshees de Inisherin
Jamie Lee Curtis, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Stephanie Hsu, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Os Banshees de Inisherin
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Tár
Triângulo da Tristeza
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Nada de Novo no Front
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Living
Top Gun: Maverick
Entre Mulheres
MELHOR ANIMAÇÃO
Pinóquio por Guilmermo del Toro
Red: Crescer é uma Fera
A Fera do Mar
Marcel the Shell with Shoes On
Gatos de Botas 2: O Último Pedido
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Nada de Novo no Front, de Edward Berger (Alemanha)
Argentina, 1985, de Santiago Mitre (Argentina)
Close, de Lukas Dhont (Bélgica)
Eo, de Jerzy Skolimowski (Polônia)
The Quiet Girl, de Colm Bairéad (Irlanda)
MELHOR DOCUMENTÁRIO
All That Breathes
All The Beauty and the Bloodshed
Fire of Love
A House Made of Splinters
Navalny
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Elvis
Batman
Top Gun: Maverick
MELHOR FOTOGRAFIA
Elvis
Império da Luz
Tár
Nada de Novo no Front
Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
MELHOR EFEITOS ESPECIAIS
Avatar: O Caminho da Água
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Top Gun
Nada de Novo no Front
MELHOR FIGURINO
Babilônia
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Elvis
Sra. Harris Vai a Paris
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
Nada de Novo no Front
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Batman
A Baleia
Elvis
MELHOR MONTAGEM
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Tár
Top Gun: Maverick
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Babilônia
Elvis
Os Fabelmans
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Lift Me Up, de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Naatu Naatu, de RRR (Revolta, Rebelião, Revolução)
Hold My Hand, de Top Gun: Maverick
This Is a Life, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Applause, de Tell It Like a Woman
MELHOR TRILHA-SONORA
Nada de Novo no Front, de Volker Bertelmann
Babilônia, de Justin Hurwitz
Os Banshees de Inisherin, de Carter Burwell
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, de Son Lux
Os Fabelmans, de John Williams
MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM
The Elephant Whisperers
Haulout
How Do You Measure a Year?
The Martha Mitchell Effect
Stranger at the Gate
MELHOR FICÇÃO CURTA-METRAGEM
An Irish Goodbye
Le Pupille
Ivalu
Night Ride
The Red Suitcase
MELHOR ANIMAÇÃO CURTA-METRAGEM
The Boy, the Mole, the Fox, and the Horse
The Flying Sailor
Ice Merchants
My Year of Dicks
An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It