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Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

A dualidade entre homenagem e identidade

Por Thiago Barboza

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

“Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” é a segunda iteração do personagem de quadrinhos na tela de cinema (identidade secreta de T’Challa, rei de Wakanda, um reino fictício na África), que integra o grande universo cinematográfico criado pela Marvel e busca a esperança e a crença de que o filme trará de volta o sucesso tanto de bilheteria, quanto de crítica para a Disney. O longa-metragem traz de volta Ryan Coogler para assinar a direção, além de parte do elenco original do primeiro “Pantera Negra”, com a clara diferença da não presença de Chadwick Boseman, que tragicamente faleceu meses antes da produção se iniciar. 

Desde os primórdios deste projeto, a forma com que “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” lida com a morte de seu protagonista foi algo que gerou curiosidade para os fãs e a quem acompanha os filmes. Logo nos primeiros minutos de exibição, fica claro o cuidado que foi aplicado tanto ao super-herói quanto para o ator. As homenagens e presença de Chadwick Boseman permeiam toda a trama, sem que tire espaço para o crescimento de outras personagens que já conhecemos do primeiro longa. Sem a figura principal do protetor de Wakanda, a decisão foi de destacar outros integrantes fundamentais da metrópole escondida. Ao se debruçar sobre Shuri, interpretada por Letitia Wright e a Rainha Ramonda, Angela Basset, remanescentes da família real de Wakanda, a obra continua com sua linha de atacar temas importantes de nossa sociedade através de lentes super heroicas. 

Essa dualidade entre mãe e filha viabiliza discussões como o embate entre religião versus razão, o respeito a antigos costumes, rebeldia juvenil, pontos que adicionam ao já característico comentário político que o filme de 2018 trouxe à tona. “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” se propõe a tratar de temáticas importantes e necessárias de formas diferentes do seu antecessor, visto que o foco foi alterado com este filme de 2022. É impossível dissociar o super-herói, sua figura, toda sua história, representatividade e seus arredores do âmbito político, mas o longa-metragem que estreia nesta quinta-feira nos cinemas acaba escolhendo uma abordagem mais ativa, com diálogos e cenas que enaltecem a cultura do povo de Wakanda dando lugar a cenas de ação incessantes e diálogos sem o poder de anteriormente. 

Pode-se entender um dos motivos para esta mudança é que “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” está inserido no grande esquema que o produtor Kevin Feige idealizou para empresa norte-americana e seguindo o mote de seu plano, cada nova adição do catálogo da Marvel traz consigo a apresentação de novos personagens provenientes dos quadrinhos. Neste caso, conhecemos duas novas peças no tabuleiro da Marvel: Ironheart, sendo atuada por Dominique Throne, Coração de Ferro em português e Namor, um ser misterioso subaquático. Passado tempo com os novos super seres e após entender parte de suas origens e motivações, assimilamos como a dupla se insere na trama e além disso, como ambos são essenciais para o desenvolvimento da mesma. É imprescindível notar a importância destas adições, principalmente a de Namor, interpretado pelo estreante Tenoch Huerta, para o prosseguimento da narrativa. 

Por mais que as homenagens sejam um fator determinante, o longa-metragem tenta expandir seu enredo além deste artifício emocional, encontrando sob a mesma questão uma solução e um problema. “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” teme em tomar decisões que parecem óbvias e ao selecionar caminhos menos usuais, acaba optando por outras medidas que levantam questionamentos. Desde o momento de pré-produção, o filme encarou uma sequência de escolhas de alteração de roteiro e rumos da trama, reconhecendo a empreitada de tentar agradar o máximo de fãs, mas escorregando nas opções que precisavam ser tomadas. 

A tarefa de Ryan Coogler e toda equipe era traiçoeira, ao dar sequência para um filme que sofreu um baque tão forte quanto o ocorrido. Mas essa tarefa precisava ter sido feita visto o tamanho da relevância e o ícone que a figura que o herói e rei de Wakanda ganhou desde a sua estreia no cinema. Ao se distanciar do flerte com o thriller político e achando uma nova casa em um sincretismo entre ação e drama, “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” fortalece a lenda do manto do guardião das terras de “vibranium”, expande a jornada, as histórias das personagens que constituem a narrativa do longa-metragem e o universo em que fazem parte. Só que sempre “pisando em ovos”. E proporcionalmente aos créditos tomando conta da tela, mais perguntas do que respostas surgem no início do processo digestivo do filme, o famoso gostinho de que podia ser mais.

3 Nota do Crítico 5 1

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