Revista da Semana | 11 de novembro de 2021
Estreias e Dicas desta quinta-feira no Vertentes do Cinema
Por Redação
É. Acho que entendemos o turbilhão de sentimentos controversos em emoções bagunçadas que passamos no momento. Tudo talvez porque este “novo normal” já está tocando a campainha e nos convidando a sair. Sim, está bem mais seguro agora, ainda que máscaras sejam quase obrigatórias (olha a Europa voltando ao epicentro do COVID). Adaptar-se ao recente ambiente, especialmente aos que mantiveram a quarentena radical, que ocasionou um encontro maior à solidão. Aprendemos que nós podemos nos bastar sozinhos. Um exercício existencial. Uma experiência imersiva. Nenhum retorno é livre de medos, neuroses e ansiedades. E potencializado pela intensidade não gradativa do coletivo social em recuperar o “tempo perdido”. Quem nos acompanha, já sabe da história. Após uma produção frenética, o Burnout enfim nos pegou. Assim, são muitas questões a lidar. Muitos arranjos. Muitas “novas normalidades”. Vocês já perceberam que o mundo cada vez quer mais robôs com botões de liga e desliga? Pois é, somos geração old school. Antes da Nutella e do Sucrilhos com gordura saturada. Bons tempos que dava para ouvir um lado do disco e depois o outro. Enfim, parando com a digressão nostálgica, essa adaptação é inevitável e irreversível. E a Revista da Semana do Vertentes do Cinema jura que tenta arduamente seguir as “tendências”, mas sempre com pitadas saudosistas, até porque ninguém é de ferro, não é?
Hoje, dia 12/11, também é mais que especial. Não por ser o Dia Mundial do Hip Hop, mas pelo aniversário de Cavi Borges. Um guerreiro e articulador cultural sempre em prol do cinema brasileiro. Um patrimônio nacional, que deveria ter um dia oficial, com feriado. Nós do site também “descobrimos” que tudo está corrido demais. Que todos os festivais, todos os filmes, todas as lives, tudo na verdade, desejam um pouco de atenção. Se antes a ansiedade gerava aflição, agora, desperta um sentimento de quase liberdade, por saber perdas não são o fim do mundo. Que ter que assistir aquele filme antes pode sim ser deixado para depois. Quando der. Durante anos e meses, o Vertentes do Cinema colocou na cabeça que o tudo era o resultado de sucesso. Mas não. A verdadeira essência está mesmo em degustar um filme com tempo, absorvendo e processando em doses homeopáticas seus pormenores e detalhes. E assim, nossa Revista da Semana torna-se livre e fluída para seguir o próprio caminho. De uma curadoria especial, referencial, só que não definitiva. Bem-vindo(a) à bordo!
SESSÃO CURTAS
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EM CASA
DISPONÍVEL NA PLATAFORMA NETFLIX
7 PRISIONEIROS
(2021, Brasil, 93 minutos, de Alexandre Moratto)
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Homens “agenciadores” de São Paulo recrutam trabalhadores “bichos do mato” na roça oferecendo uma vida melhor, um futuro na metrópole (“Sair dali, ganhar dinheiro e prosperar”). Esses trabalhadores acreditam na oportunidade, mas acabam presos em um ferro-velho, onde são orientados a trabalhar para saldar dívidas. “7 Prisioneiros” é uma parábola psicanalista da universalidade da vida atual, que desmascara qualquer resquício ético para manter o querer é poder. Como mensurar quais fins e quais meios até o objetivo traçado? A retórica encontra a potência da obra, que desenvolve a realidade pelo processo autodestrutivo da utopia
DISPONÍVEL NA PLATAFORMA NETFLIX
POR QUE MATEI MINHA FAMÍLIA?
(The Motive, 2021, Israel, 4 episódios de 35 minutos, de Tali Shemesh e Assaf Sudri)
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Jerusalém, 1986: um garoto de 14 anos mata sua família a tiros. Ele confessa, mas mistérios persistem até hoje. Depoimentos de pessoas próximas ao caso agregam mais complexidades ao caso. O documentário thriller (sim, documentário) não pretende chegar a nenhuma explicação lógica ou causal. Seria o garoto um psicopata de sangue frio? Um solitário adolescente vingando-se dos pais? Depois de assistir às quatro partes dessa história – o mistério continua prevalecendo. Investigadores, advogados, psiquiatras, vizinhos e amigos tentaram mergulhar nas profundezas da alma daquele menino, 35 anos após o massacre, mas esbarraram em uma muralha.
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FRIENDS AND STRANGERS
(2021, Austrália, 84 minutos, de James Vaughan)
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O filme explora deslocamento, desconexão e tédio na Austrália contemporânea através dos olhos de dois millennials de classe média alta. “Friends and Strangers” é como uma forma de idealismo de um egoísmo pragmático. É Max Stirner contra Hegel e sua acentuação do universal. Concluindo, não concordar-compactuar com o filme é automaticamente entrar em “guerra” com uma geração que ganha o poder do “rei solitário”.
DISPONÍVEL NAS PLATAFORMAS AMAZON PRIME VIDEO e TELECINE
O FAROL
(The Lighthouse, 2019, Estados Unidos, Canadá, 110 minutos, de Robert Eggers)
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No início do século 20, Thomas Wake trabalha como guardião de um farol. Ele contrata o jovem Ephraim como seu ajudante, mas o rapaz fica curioso em relação a segredos e a lugares privados no local – o que provoca estranhos fenômenos ao redor dos dois. O horizontalismo que o diretor propõe em “O Farol” é a decorrência de uma diretriz sólida do trabalho, não dando margens à vislumbres que comprometam a concretude do imaginário. Vencedor do Prêmio da Crítica da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes.
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PROVA DE CORAGEM
(2014, Brasil, 90 minutos, de Roberto Gervitz)
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Hermano (Armando Babaioff) é um médico bem-sucedido que esta planejando uma escalada de alto risco em uma montanha na Terra do Fogo. Neste período, sua mulher Adri (Mariana Ximenes), com quem vive há sete anos, descobre que esta grávida. Mesmo na iminência de se tornar pai, ele dá prosseguimento a seus planos. Esta é a prova de coragem que Hermano deve a si mesmo após ter testemunhado seu melhor amigo ser agredido até a morte e não ter feito nada para ajudá-lo.
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INCÊNDIOS
(Incendies, 2010, Canadá, 130 minutos, de Denis Villeneuve)
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Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon (Marwan Maxim) são irmãos gêmeos e acabaram de perder a mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal). Eles vão ao escritório do notário Jean Lebel (Rémy Girard) para saber do testamento deixado por ela. No documento, Nawal pede que seja enterrada sem caixão, nua e de costas, sem que haja qualquer lápide em seu túmulo. Ela deixa também dois envelopes, um a ser entregue ao pai dos gêmeos e outro para o irmão deles. Apenas após a entrega de ambos é que Jeanne e Simon receberão um envelope endereçado a eles e será possível colocar uma lápide.
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MINARI – EM BUSCA DA FELICIDADE
(Minari, 2020, Estados Unidos, 115 minutos, de Lee Isaac Chung)
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Minari acontece nos anos 80. David (Alan S. Kim), um menino coreano-americano de sete anos de idade, que se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob (Steven Yeun), muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua vó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.
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O MAL NÃO ESPERA A NOITE – MIDSOMMAR
(Midsommar, 2019, Estados Unidos, 147 minutos, de Ari Aster)
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Após vivenciar uma tragédia pessoal, Dani (Florence Pugh) vai com o namorado Christian (Jack Reynor) e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival local de verão. Mas, ao invés das férias tranquilas com a qual todos sonhavam, o grupo vai se deparar com rituais bizarros de uma adoração pagã. A fotografia ensolarada que vezes cega o espectador, se funde às alucinações das substâncias que são consumidas, dando o fascínio da “espiritualidade” regional, ao passo que força um atravessamento constante das questões corpóreas do filme.
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DOMÉSTICA
(2012, Brasil, 75 minutos, de Gabriel Mascaro)
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Durante uma semana, sete jovens se tornaram cineastas amadores e filmaram o cotidiano de suas empregadas domésticas. O material foi entregue ao diretor Gabriel Mascaro que compilou os momentos mais marcantes neste documentário. Outro detalhe percebido em “Doméstica” é o grau intenso de sensibilidade. As empregadas, a maioria delas, com exceção talvez da última (na ordem do filme), são sentimentais e emocionais (ouvem mensagens evangélicas, músicas bregas e choram ao lembrar do passado).
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O HOMEM QUE VENDEU SUA PELE
(The Man Who Sold His Skin, 2020, Tunísia, França, Alemanha, Bélgica, 104 minutos, de Kaouther Ben Hania)
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Sam Ali, um jovem sírio sensível e impulsivo, trocou seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Para poder viajar para a Europa e viver com o amor de sua vida, ele aceita ter suas costas tatuadas por um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo, transformando seu próprio corpo em uma obra de arte de prestígio. “O Homem que vendeu sua pele”, primeiro filme tunisiano nomeado para Oscar de filmes estrangeiros – e sua diretora, Kaouther Ben Hania, a primeira mulher muçulmana a ser convidada para competir nessa categoria – gira em torno de um torso vivo, um torso de um cidadão sírio que vende a superfície da sua pele para escapar das agruras do Oriente Médio e desembarcar na afluente Europa.
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Revista da Semana | 11 de novembro de 2021
NOS CINEMAS
(Nosso site precisa informar que este editorial apenas segue o protocolo de listar as críticas dos filmes que estrearam, mas nós seguimos nossa campanha de não estímulo às salas escuras #fiqueemcasa e #cinemasaindanão) Falta muito pouco para que este novo normal ganhe segurança!
BOB CUSPE – NÓS NÃO GOSTAMOS DE GENTE
(2021, Brasil, 90 minutos, de Cesar Cabral)
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Bob Cuspe, um velho punk tenta escapar de um deserto apocalíptico que na verdade é um purgatório dentro da mente do seu criador, Angeli, um cartunista passando por uma crise autoral, indeciso se deve ou não matar sua criatura. “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente” começa a montar um roteiro que conversa entre os momentos animados. O trabalho básico de documentar, na realidade, está feito. As fronteiras da realidade nem precisam de seu stop-motion para funcionar, mas complementa-se. É ali que o espaço criado fica turvo, inclusive. Angeli é confrontado muito mais como um espelho, um Frankenstein, por assim dizer. Inclusive, muito provavelmente referência mais forte na temática “criador contra criação”.
CURRAL
(2020, Brasil, 87 minutos, de Marcelo Brennand)
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A população de uma pequena cidade brasileira é dividida entre os partidos Azul e Vermelho durante as eleições para prefeito. Esses partidos representam oligarquias políticas que sempre lutam pelo poder. Devido a uma forte seca, a água é a principal moeda de troca para obter os votos da população. Chico Caixa é um ex-funcionário municipal que perdeu o emprego tentando levar água para um bairro pobre, abandonado por motivos políticos. Caixa é convidado por Joel para trabalhar em sua campanha de vereador. Joel se apresenta como uma alternativa aos antigos candidatos que estão no poder há décadas. Mas, à medida que a campanha avança, Chico Caixa percebe que romper com o jogo político estabelecido nem sempre é uma alternativa fácil.
CHARUTO DE MEL
(Cigare au miel, 2020, Argélia, França, 100 minutos, de Kamir Aïnouz)
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Selma, dezessete anos, vive com a família rica e berbere. Quando ela conhece e se apaixona por Julien, percebe pela primeira vez as pesadas regras de sua família patriarcal e como elas afetam sua intimidade. Enquanto o islamismo toma conta de seu país de origem e sua família se desintegra, Selma descobre o poder de seu próprio desejo. Ela deve resistir e lutar para se tornar uma mulher livre.
LUTAR, LUTAR, LUTAR
(2021, Brasil, 110 minutos, de Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges)
Documentário que conta a história centenária do Clube Atlético Mineiro, desde sua fundação, em 1908, até o título da Copa do Brasil de 2014, passando pela épica conquista da Libertadores de 2013. Um time que nasce da utopia de unir o branco e o preto, o pobre e o rico, e que resiste ao infortúnio e às injustiças dentro e fora de campo. Um documentário que transcende o futebol, e revela o DNA de uma das torcidas mais fiéis e singulares do futebol mundial.
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SESSÃO BAÚ DO VERTENTES
PODCAST LABORATÓRIO DE TRILHA-SONORA NA MOSTRA SESC 2019
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