Balanço Geral e Os Vencedores do Oscar 2023
And the Oscar goes to…. Comentários sobre a cerimônia de premiação e a lista completa dos ganhadores
Por Clarissa Kuschnir (com complementos de Fabricio Duque)
Sim, e se foi mais um Oscar, mais uma noite de premiações e mais um encontro da indústria hollywoodiana. Em sua 95º edição vimos o concorrido tapete vermelho, os belos vestidos (alguns nem tantos – risos), entrevistas com os astros e aquela cerimônia típica americana que para quem é fã do cinemão já está “cansado de ver”. Porém por mais que as cerimônias sejam maçantes (a em questão aqui, de 2023, durou mais de quatro horas), as piadas sejam voltadas ao público norte-americano e muitas vezes os filmes que os cinéfilos torcem (inclusive eu) não são os escolhidos pelos membros da academia nós cinéfilos, ainda adoramos assistir esse que é um dos eventos mais aguardados, nas TVs do mundo inteiro. E no pós-pandemia, a cerimônia voltou como nos velhos tempos, realizado no tradicional Dolby Theatre, em Los Angeles, com a presença do apresentador Jimmy Kimmel, que tirou graça constrangedora da verdade exposta de seus convidados indicados. Ninguém se safou. Todos levaram piadas internas e pessoais. O editor geral de nosso site Vertentes do Cinema complementou aqui a análise que fez sobre os indicados: “A experiência em “curtir” o Oscar é muito menos tóxica e mais válida quando se descobre que tudo nada mais é que uma embalagem de uma projeção da perfeição. O tapete vermelho (que não foi mais dessa cor por causa da imagem fotográfica dos vestidos), os artistas desfilando, os flash, as câmeras de televisão, toda mise-èn-scene é um espetáculo. Um teatro. Então qual o motivo de nos sentirmos tão desolados quando nosso filme favorito perde?”.
E no Brasil também temos festas realizadas em que se reúnem cinéfilos de vários lugares, apaixonados por esse cinemão hollywoodiano (“a versão gourmet dos produtos de massa”). Eu mesma comecei a frequentar essas festas, em meados dos anos 2000 onde já fui como convidada e trabalhei, como jornalista. Só que muitas dessas festas eram voltadas para o próprio mercado. A começar pela home vídeo, em que havia a junção da Revista Ver Vídeo (publicação voltada para as distribuidoras e video-locadoras) com a Videolar (replicadora de mídias físicas). Sem dúvida, essas festas eram muito divertidas, com decorações temáticas e reuniam todo o mercado de home entertainment que a cada prêmio ganho nas categorias “estouravam os Champanhe”. As distribuidoras também levavam seus Oscars brasileiros (sim, havia uma réplica da estátua para os premiados). Sem contar os bolões onde o vencedor chegava até a levar um carro Zero km para casa. Nas vezes em que eu trabalhei como repórter da Ver Vídeo), eu ajudava na recepção dos distribuidores, dos donos de locadoras e pegava depoimentos dos convidados fazendo uma cobertura geral para uma revista especial, que fazíamos sobre o Oscar. Aí veio a época em que eu fui em algumas festas da TNT, onde eram reunidos vários jornalistas (inclusive conheci muita gente bacana nessas festas). E acompanhávamos pelo telão, o grande Rubens Ewald Filho e seu conhecimento interminável pelo cinema e, em especial, pelo Oscar. Por isso eu digo, que saudades o Rubens deixou para nós que o acompanhamos durante tantos anos, nas transmissões do Oscar.
“Sim, que saudades de REF e seus comentários ácidos, diretor e recheados de um subjetivismo todo politicamente incorreto. Ele não precisava “puxar saco” de ninguém, tampouco vender produtos de marketing ao vivo. Digo isso por causa dos apresentadores deste ano da HBO MAX. Em um momento, disse: Cala a boca, gente! Que obsessão de vocês apresentadores-comentaristas em falar o tempo todo (que ansiedade em ter que explicar tudo). Chegam a atravessar e fazer com que percamos os discursos e o início dos blocos. Para eles, a cerimônia é o menos importante. Será ingenuidade ou ego demais? Ou elas não têm preparo nenhum? Deveriam falar menos e ouvir mais. Será Ana Furtado, a apresentadora principal, a nova Gloria Pires? Porque a estreante parecia nervosa. Ou será que toda essa liberdade não contestada é por ser esposa do José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, o “chefe” do BBB?”, segue complementando Fabricio Duque.
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E esse ano graças ao canal Meu Tio Oscar, os cinéfilos em geral puderam ter a experiência de uma festa digna do Oscar no Brasil. E com direito a bolão também. O canal idealizado pelo produtor, cineasta e apresentador Felipe Haurelhuk realizou um encontro em diversas praças do Brasil. Além de São Paulo as cidades de Curitiba, Salvador, Brasília e Manaus tiveram seus eventos (em cinemas locais com especialistas e críticos de cinema, de cada cidade). Em São Paulo, a festa foi um pouco maior. E mais glamourosa. Realizada no Espaço Giardini, o evento contou com tapete vermelho e backdrop com fotógrafos, ou seja, o convidado entrava e já se sentia a própria estrela. Os cartazes dos indicados à melhores filmes faziam parte da decoração, além de estatuas do Oscar e demais decorações instagramáveis. A pré-festa contou ainda com uma DJ que tocava trilhas sonoras, e com a live do Meu Tio Oscar (que ficou 6 horas no ar). E quando a festa hollywoodiana começou, os convidados puderam acompanhar a transmissão pela TV fechada da festa, nos telões projetados no evento. Durante os intervalos os jornalistas Thiago Stivalette e Flávia Guerra mediavam o evento com informações e curiosidades sobre os premiados. E o público presente interagia bem com os mediadores. Inclusive, o público se empolgava a cada prêmio, de seus favoritos.
“Eu acho que o Oscar só tem graça se você ver junto se torcer junto, se faz bolão junto e ver todo mundo comentando e torcendo. Ver em casa sozinho não tem a mínima graça. Tivemos aquele Oscar durante a pandemia com todo mundo afastado, tão sem graça. Foi o Oscar do “Nomadland” que eu não consegui assistir ao filme no cinema. Foi tão chato, tão triste, eu ver o Oscar sozinho em casa”, disse Thiago Stivaletti ao Vertentes do Cinema.
“Eu adoro uma badalação e quando é para um motivo especial então como o Oscar. A gente tem mais é que se jogar, pois não sabemos se teremos mais uma pandemia pela frente”, complementou a jornalista Flávia Guerra que mediou o evento com muita descontração e conhecimento sobre os filmes, e os premiados da noite.
E o evento foi assim, muito descontraído e com um jantar pós Oscar, onde os convidados puderam aproveitar o resto da noite com mais trilhas sonoras e muito papo cinéfilo, para se debater sobre os premiados, que sempre rende bons debates… “É isso, justamente depois de uma pandemia e as pessoas separadas é muito bom a gente poder celebrar os grandes momentos. E o maior momento dos cinéfilos é o Oscar. As pessoas podem ter vários problemas(inclusive eu mesmo tenho) e vários questionamentos sobre o Oscar, mas é o maior evento do cinema mundial. E você poder trazer a experiência que já existe lá no Estados Unidos há anos, em diversas cidades. No Brasil a gente não tem. Eram eventos fechados só para jornalistas, para distribuidores. Aqui a gente está fazendo para o público, para as pessoas que amam o cinema. Eu acho que a repercussão foi muito boa, a quantidade de pessoas que compraram ingressos foi muito boa também . O objetivo agora é só expandir, ano após ano”, finalizou Felipe, sobre essa primeira experiência no Brasil para o público.
E os meus Oscars iriam para… Se os cinéfilos em geral vibraram com os 7 (sete) prêmios de “Tudo em Todo lugar ao Mesmo Tempo”, eu já não posso dizer a mesma coisa. Vão aqui, algumas poucas observações, sobre algumas categorias, já que eu achei que muitos dos prêmios, poderiam ser mais bem divididos. “Se em um universo utópico só restassem esses, qual seria então nossa escolha melhor filme? Sem dúvidas, “Triângulo da Tristeza”, disse Fabricio Duque.
Sim, eu até votei em “Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo” no bolão como melhor filme, pois afinal de contas, esse ano estava óbvio que ele sairia vencedor, na categoria mais concorrida do Oscar. E eu também queria meu prêmio financeiro. Mas meu voto sempre foi para Steven Spielberg e o seu “Os Fabelmans”. Pelo menos gostaria de ver um dos meus diretores favoritos levar a estatueta na categoria direção, por ser o filme mais pessoal da vida dele. Fiquei muito feliz pelo prêmio para Brendan Fraser e por sua entrega fabulosa como o protagonista de “A Baleia” (esse foi mais do que merecido). Estava torcendo para Cate Blanchettt por “Tár”, mas não achei ruim o prêmio para Michelle Yeoh (afinal de contas, a academia está se abrindo para atores estrangeiros). Dos filmes estrangeiros, torci muito para “Argentina 1985“, mas acho “Nada de Novo no Front” um espetáculo cinematográfico, em todos os aspectos, então mereceu os quatro Oscars. Pois é, torci para que nossa América do Sul levasse mais um Oscar, já que não deu para o Brasil nem chegar entre os cinco novamente esse ano, inclusive na categoria de curta-metragem, que constava o ótimo e criativo “Sideral”, do diretor Carlos Segundo, do Rio Grande do Norte. E outro prêmio merecidíssimo foi para “Pinóquio”, animação de Guilherme Del Toro e Mark Gustafson, em que a conhecida história do boneco de madeira é desconstruída do contos de fadas, que conhecemos da Disney.
Outras pílulas-comentários de nosso editor chefe: “Será que o filme Tudo foi indicado por causa da diretora da Academia? Jessica Chastain era a única usando máscara contra o Covid. Na sessão de homenagens In Memorian, tivemos Jean-Luc Godard, Ray Liota, Irene Cara, Olivia Newton John, Gina Lollobrigid, James Caan, Raquel Welch. E cadê a Estatueta de madeira dos Yanomamis? Um dos momentos mais marcantes foi Harrison Ford apresenta a última categoria de Melhor Filme e tem o encontro com o ator Ke Huy Quan, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, que atuou criança em “Indiana Jones”. Sim, o Universo está conectado. Ou Hollywood arquiteta isso muito bem! Ah, e a festa voltou atrás e agora anunciará oficialmente todas as categorias”.
LISTA COMPLETA DOS INDICADOS À EDIÇÃO 95 DO OSCAR 2023
MELHOR FILME
[VENCEDOR] Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Os Banshees de Inisherin
Elvis
Avatar: O Caminho da Água
Os Fabelmans
Tár
Nada de Novo no Front
Top Gun: Maverick
Triângulo da Tristeza
Entre Mulheres
MELHOR DIRETOR
Todd Field, por Tár
[VENCEDOR] Daniel Kwan e Daniel Scheinert, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Martin McDonagh, por Os Banshees de Inisherin
Ruben Östlund, por Triângulo da Tristeza
Steven Spielberg, por Os Fabelmans
MELHOR ATOR
Austin Butler, por Elvis
Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin
[VENCEDOR] Brendan Fraser, por A Baleia
Paul Mescal, por Aftersun
Bill Nighy, por Living
MELHOR ATRIZ
Cate Blanchett, por Tár
Ana De Armas, por Blonde
Andrea Riseborough, por To Leslie
Michelle Williams, por Os Fabelmans
[VENCEDOR] Michelle Yeoh, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Judd Hirsch, por Os Fabelmans
Brendan Gleeson, por Os Banshees de Inisherin
Brian Tyree Henry, por Passagem
Barry Keoghan, por Os Banshees de Inisherin
[VENCEDOR] Ke Huy Quan, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Angela Bassett, por Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Hong Chau, por A Baleia
Kerry Condon, por Os Banshees de Inisherin
[VENCEDOR] Jamie Lee Curtis, por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Stephanie Hsu, por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Os Banshees de Inisherin
[VENCEDOR] Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Tár
Triângulo da Tristeza
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Nada de Novo no Front
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Living
Top Gun: Maverick
[VENCEDOR] Entre Mulheres
MELHOR ANIMAÇÃO
[VENCEDOR] Pinóquio por Guilmermo del Toro
Red: Crescer é uma Fera
A Fera do Mar
Marcel the Shell with Shoes On
Gatos de Botas 2: O Último Pedido
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
[VENCEDOR] Nada de Novo no Front, de Edward Berger (Alemanha)
Argentina, 1985, de Santiago Mitre (Argentina)
Close, de Lukas Dhont (Bélgica)
Eo, de Jerzy Skolimowski (Polônia)
The Quiet Girl, de Colm Bairéad (Irlanda)
MELHOR DOCUMENTÁRIO
All That Breathes
All The Beauty and the Bloodshed
Fire of Love
A House Made of Splinters
[VENCEDOR] Navalny
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Elvis
Batman
[VENCEDOR] Top Gun: Maverick
MELHOR FOTOGRAFIA
Elvis
Império da Luz
Tár
[VENCEDOR] Nada de Novo no Front
Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
MELHOR EFEITOS ESPECIAIS
[VENCEDOR] Avatar: O Caminho da Água
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Top Gun
Nada de Novo no Front
MELHOR FIGURINO
Babilônia
[VENCEDOR] Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Elvis
Sra. Harris Vai a Paris
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
Nada de Novo no Front
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Batman
[VENCEDOR] A Baleia
Elvis
MELHOR MONTAGEM
Os Banshees de Inisherin
Elvis
[VENCEDOR] Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Tár
Top Gun: Maverick
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
[VENCEDOR] Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Babilônia
Elvis
Os Fabelmans
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Lift Me Up, de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
[VENCEDOR] Naatu Naatu, de RRR (Revolta, Rebelião, Revolução)
Hold My Hand, de Top Gun: Maverick
This Is a Life, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Applause, de Tell It Like a Woman
MELHOR TRILHA-SONORA
[VENCEDOR] Nada de Novo no Front, de Volker Bertelmann
Babilônia, de Justin Hurwitz
Os Banshees de Inisherin, de Carter Burwell
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, de Son Lux
Os Fabelmans, de John Williams
MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM
[VENCEDOR] The Elephant Whisperers
Haulout
How Do You Measure a Year?
The Martha Mitchell Effect
Stranger at the Gate
MELHOR FICÇÃO CURTA-METRAGEM
[VENCEDOR] An Irish Goodbye
Le Pupille
Ivalu
Night Ride
The Red Suitcase
MELHOR ANIMAÇÃO CURTA-METRAGEM
[VENCEDOR] The Boy, the Mole, the Fox, and the Horse
The Flying Sailor
Ice Merchants
My Year of Dicks
An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It