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Crítica: Venom

Nós somos… mais do mesmo

Por Vitor Velloso


Filmes de super herói que tratam da origem dos mesmos, possuem um clássico problema, metade da narrativa é pra explicar como se deu aquela transformação ou algo gênero. O que além de reforçar o tom didático das obras, implica no ritmo uma mudança não tão saudável ao longa. “Venom” erra em todos os pontos imagináveis, todos. Ele é tão clichê estruturalmente quanto os primeiros projetos de super heróis, incluindo “Quarteto Fantástico”, mas possui uma relação entre os protagonistas, tão caricata que, às vezes, diverte. Uma pena eles não terem lançado o filme para maiores de 18, teria sido uma das carnificinas mais divertidas do ano.

Eddie Brock (Tom Hardy), é demitido após agir impulsivamente numa reportagem, onde colocou a ética humana na frente do trabalho. Sua briguinha corporativa ataca diretamente o Dr. Carlton Drake (Riz Ahmed), que está trabalhando com cobaias humanos nos testes dos simbiontes. Então, de alguma maneira, que não vou contar para evitar spoiler, um simbionte entra em contato com Eddie e temos o nosso filme. Dirigido por Ruben Fleischer, que trabalhou no idiota, mas engraçado, “Zumbilândia” e na bomba “Caça aos Gângsteres”. Em “Venom” ele é padronizado pela empresa, não vemos nenhuma tentativa de autoria como no “Caça”, nem a comédia imbecil do “Zumbilândia”, tudo é lavado para uma padronagem, um produto pronto. O que também acontece na Marvel de certa maneira, não em todos os projetos mas na maioria. O problema é que aqui, alguém esqueceu de tirar o objeto do forno por uns 10 anos. Com a estrutura extremamente datada, os dramas mal desenvolvidos e uma fotografia neutra, a sensação é de estar assistindo a um longa de muitos anos atrás.

E esse desenvoltura dele, impacta na própria maneira como o espectador reage às pequenas reviravoltas de roteiro, já que esse molde nos é familiar, imagina-se que ao menos determinadas características serão diferentes, quando no fim, é apenas um amontoado de decepção e vergonha alheia. Michelle Williams está no projeto, interpretando a ex-esposa do Eddie, Anne. Seu papel na trama é mínimo, servindo mais como âncora dramática pro protagonista se apegar, que de fato ter uma personalidade na narrativa. O que demonstra em que ano a cabeça dos produtores e roteiristas estava ao prospectar o longa. A consequência disso, é uma história desinteressante, com personagens desinteressantes e uma direção desinteressante. O vilão Dr. Carlton é aborrecido e unidimensional, sendo patético escutar seus planos.

Uma das poucas coisas funcionais no projeto, é a relação Eddie x Venom, que sempre termina na discussão sobre comer a cabeça de alguém. Porém, mesmo esses momentos possuem problemas, excesso de diálogos expositivos, os personagem rasos. E quando parece que vai empolgar numa cena de ação, onde o Venom tem que enfrentar uns 15-20 soldados, a classificação indicativa estraga a diversão e toda a suposta violência é censurada por um recurso narrativo da cena.

Quando foram revelar o vilão da trama, apesar de ser extremamente óbvio que era o empresário, passava pela minha cabeça de ser o carnificina de certa maneira, mas era Riot. Um Venom 2.0, super bombado, com umas habilidades diferentes. E quanto ao slogan “O mundo tem super-heróis demais”, no fim é uma jogada de marketing, pois, o personagem-título é um cara gente boa. O que incomoda, já que todos irão assistir querendo ver um vilão clássico do Homem-Aranha descendo a mão em tudo que se move, mas a covardia da Sony em aceitar outros paradigmas para seus filmes não permite que eles enxerguem isso.

No fim o longa não passa de um exercício de subgenêro barato, datado e burocrático, podendo ser mais enxuto na narrativa e mais direto no combate. Matthew Libatique, diretor de fotografia, é um cara competentes, mas padronizou, aqui, sua fotografia à mesma que fez em homem de ferro. E o roteiro é uma bagunça completa, diversos furos de roteiro e uma narrativa truncada que parece não andar. A misancene construída pelo diretor não funciona, principalmente durante a luta com o Riot, que é quase impossível entender o que está acontecendo, são múltiplos cortes e tudo muito escuro, possivelmente a fim esconder alguns problemas nos efeitos especiais. Tom Hardy tenta fazer aquilo que pode com o material que possui em mãos, mas no frigir dos ovos, nos resta só a cena pós-créditos mesmo.

2 Nota do Crítico 5 1

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