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Crítica: Mentes Sombrias

Salada mal-temperada

Por Vitor Velloso


Existem obras cinematográficas que realmente conseguem utilizar todos os clichês de seu roteiro, transformando a repetição em estilo. “Mentes Sombrias” é um dos casos, onde a mente foi corrompida e tudo que ela tenta estruturar não faz mais sentido, a degeneração intelectual chega a um nível tão acentuado, que tudo é feito de forma primitiva e instintiva, mas com reflexos retardatários de demência aguda. Ainda assim, acredite, é pior do que parece.

Dirigido por, Jennifer Yuh Nelson, “Mentes Sombrías” conta a história do “3%”, que é clichê, com uma pitada de “Jogos Vorazes”, igualmente clichê, um pouquinho de “Divergente”, conhecido pelo… clichê e cavando mais fundo você chega no “Maze Runner”, que… adivinha? Será que já bati a cota dessa palavra durante a crítica? Acho melhor eu escrever um texto argumentando que esse filme não deveria possuir um texto de 700 palavras aqui no site.

Na trama, 98% dos jovens do planeta morreu, pena que não foram todos, e 2%, porque 3 seria óbvio demais, conseguiram sobreviver a uma doença, o próprio longa. Esse pequeno número, a minoria, num esquema meio “X-Men”, possui poderes, todos bregas e repetitivos. A protagonista, Ruby Daly, interpretada por Amandla Stenberg, que esteve em “Jogos Vorazes”, consegue escapar do centro de pesquisas e decide, numa de Katniss, juntar a galera e encher a cara. Quem me dera fosse isso, mas não, ela decide fazer aquele lance de levantar a mão no estádio pra geral acompanhar ela, lembra? Então, esse mesmo. Aí eles passam tinta na cara, porque a diretora viu “Náufrago”, aí fica todo mundo fazendo cosplay de palhaç… Wilson.

283. Jesus ainda falta muito.

Reparou como a Amandla esteve nas duas franquias? Seria ela uma espiã? A fim de tentar consertar os erros de “Jogos”? Hm… Bom, erraram ainda mais. Demitida. Aí tentamos extrair algo dos outros pontos, comecemos a maior autoflagelação de 2018. Kramer Morgenthau, quem o filme aponta ter feito a direção de fotografia, duvidoso, já provou todo seu valor nos outros projetos que trabalhou, “Thor 2”, terrível, “Exterminador do futuro: Gênesis”, indescritível, a nova adaptação de “Fahrenheit 451”, digna de pena. Kramer é preciso na arte de imitar o Drax, do Guardiões da Galáxia. Não entendeu? Vai ver “Guerra Infinita”. Ainda mais certeiro em assinar um projeto que nunca foi feito por seres humanos, sabe aquele negocinho que temos que marcar “I am Not a Robot. CAPTCHA?” com o, óbvio, intuito de evitar bots? Bom “Mentes Sombrias” não passaria nesse teste.

Inclusive, gostaria de deixar claro que adorei a ideia que este absurdo cinematográfico me deu, esse será um teste único e exclusivo do Vertentes do Cinema, o teste do Captcha, assim como o teste de Bechdel, porém, apenas no intuito de ver se algum cérebro pensou naquilo, ou o longa apenas saiu impresso por um erro da Xerox. Quanto ao filme? Verdade, já havia esquecido. Bom ele tem música adolescente, jovens comemorando antes de tudo ir pros ares, gente levitando, olho brilhando, efeitos especiais vergonhoso e frases de efeito. Ah, não podemos esquecer, tem câmera lenta.

506. É um avanço.

Depois dos outros filmes que Jennifer dirigiu, não esperava muito, é claro. Mas aqui ela vai além. É um talento inigualável para a falta de imaginação. E se isso parece não fazer o menor sentido, é porque não faz. Fico um pouco chateado de ver Benjamin Wallfisch no projeto, mentira eu não fico não, ele já fez coisa pior, mas ainda assim, é um cara que fez algumas coisas interessantes para a indústria. Quanto aos roteiristas, desejo tudo de bom na carreira, aliás, foi a estréia de um deles, e digamos que o outro… bom ele fez “Jogo do Amor”. Então, merda para os dois e um grande abraço! O prazer foi todo seu.

Droga, acabei de perceber que o texto está um pouco confuso pro leitor. Já sei, vou falar que é tudo uma meta-crítica, onde eu estruturo meus argumentos de maneira similar ao interesse do filme pela própria narrativa. Genial. Mas aí fica a pergunta será que dá para terminar a crítica com as 700 palavras? Não se engane, às vezes, é uma árdua tarefa ficar enrolando o leitor enquanto eu faço a contagem final: Três, dois, um.

Fim.

1 Nota do Crítico 5 1

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