Tudo sobre Cotações dos filmes e o que acontece no Festival do Rio 2022
Nosso site de todo dia e todo lugar faz um balanço até agora com o que está rolando na maratona cinematográfica mais internacionalmente carioca do mundo
Por Fabricio Duque
New York Herald Tribune! New York Herald Tribune! O Festival do Rio 2022 está finalmente no ar! O 24o número “acossa” o público ao exibir mais de 200 filmes. Pois é! Haja ansiedade para aguentar tudo isso! A edição deste ano tem um sabor especial e simbólico, porque representa oficialmente o retorno presencial às salas de cinema, nesta ainda indecifrável pós-pandemia, e, lógico, também, por esta se fundir com os 13 anos do Vertentes do Cinema, que por sua vez foi criado semanas antes da edição de 2009. Confesso que eu tinha esquecido a adrenalina que o Festival do Rio causa em meu funcionamento cognitivo, patológico e extra-físico. Estou a escrever estas linhas com todo o meu corpo pulsando. Sinto taquicardia, uma euforia desmedida e uma crise de ansiedade que faz com que perca toda a compreensão. Sim, o estar de volta causa isso.
Na cerimônia de abertura, que aconteceu na quinta (06), com a exibição do novo filme do realizador britânico “Império da Luz”, tendo como protagonista Olivia Colman, eu disse a Ilda Santiago, uma das diretoras do festival, de que tudo era “too much”. E é verdade. Se logo no primeiro dia já sou estimulado com toda essa eletricidade pululante de “trilhões” de pautas informadas por emails, imagine o agora que quase chega ao final dessa maratona “doida de pedra”. Cinéfilo deveria mesmo ser estudado pela Nasa. Só pode ter um “parafuso solto”. Haja controle psicológico! Até porque o Festival do Rio também integra a lista de festivais “cavalados”. O Cine Ceará começou um dia depois (07), por exemplo. Como fazer para cobrir tudo de forma sã e integral? Nunca soube. Nunca tive maturidade e pragmatismo organizacional. Desde o primeiro ano, em que minha existência só respira cinema por duas semanas, provoco o festival em questão aqui com artigos escrevendo que a quantidade de filmes é uma crueldade desumana aos seres humanos. Vocês já se deram conta que em 12 dias de festival é impossível assistir a tudo? E que cada um terá que escolher à deriva muitos títulos? E que se formos mais à fundo podemos até questionar que não há respeito às obras cinematográficas? E como fica nosso egoísmo orgulhoso se não conseguimos completar nossos quereres surreais? É, será que a Xuxa estava errada quando cantou “tudo o que eu quiser, o Cara lá de cima vai me dar”? Enfim. Deixemos a retórica-pop à parte. Não quero pesar a mão com discussões filosóficas de quinta-hora de bar.
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Este ano, um dos curadores do Festival do Rio, o jornalista Ricardo Cota, disse que seu maior receio era a possibilidade de só obras sobre a pandemia (e/ou com narrativas limitadas) existissem. Mas não. Ainda bem! O Cinema voltou à ativa, e, sim, agora, ainda preocupante e ainda não só uma “gripezinha”, porque o número de casos fatais por Covid-19 aumenta, não totalmente erradicado, como se acreditou – por isso a máscara é tão importante, pois protege também de outros vírus respiratórios. Contudo, essa volta a esse “novo normal”, que está quase praticamente o mesmo. O público continua falando nas sessões. Os celulares ligados com suas luzes no meio dos filmes. O barulho das pipocas e os saquinhos de amendoim também atrapalham. Certa vez, por exemplo, um ator famoso e outra pessoa “comum” rolavam seus dedos na caixinha animada, olhando Instagram e mensagens de Whatsapp. Sim, e o filme tinha menos de 90 minutos de duração. É, mesma coisa.
O quase do parágrafo anterior talvez se dê pelo fato dos olhos da Humanidade terem recebido uma lente de aumento das “animalidades” dos outros, nossos próximos. Sim, o Cinema também representa isso e ensaia formas possíveis (ou não) de escolhas. Um experimento de tentativas e erros. No mais recente do diretor israelense Amos Gitai, “Uma Noite em Haifa”, uma das personagens responde que “se fosse Rei, apagaria a realidade”. É lógico e inevitável que o Festival do Rio também “sofresse” desse mal ultra atual. O agora impulsionou uma correria surreal, que foge da compreensão humana – já era dessa maneira, com vários festivais dentro de um só: a Première Brasil é um desses exemplos e/ou o Rio Market e/ou o Panorama do Cinema Mundial. É, Cota e Ilda precisaram penar para manter esta edição no ar. Mas parece que ainda assim, com o master patrocínio da Shell do Brasil, o Festival do Rio 2022 encontra dificuldades logísticas e técnicas, buscando estímulo e autoproteção na ideia intrínseca do “graças, que bom que o festival está acontecendo”.
Vamos entender! O Festival do Rio lançou informações, como o Júri oficial da Première Brasil, listagem dos filmes e até mesmo a programação com os horários e locais de exibição um dia antes do início oficial, no dia 06/10. Pois é, infelizmente, há críticas. E esse é o meu papel como jornalista que realiza a cobertura de imprensa e como assíduo frequentador deste festival, desde seu primeiro ano. A sensação que temos é que o festival está work-in-progress. Tudo isso é compreensível, mas não ajuda o público e imprensa, esta, que por sua vez, neste ano, não conta mais com as cabines de imprensa matinais que sempre “salvaram” e/ou os links dos filmes. Algumas entrevistas são ofertadas “à deriva” (sem a possibilidade de assistir aos filmes antecipadamente) e seus jornalistas necessitam dançar conforme a música. Outro fato, que já foi mencionado aqui anteriormente, é que a maioria dos veículos de mídia só possuem um único representante para fazer a cobertura, porque todos os festivais resolveram acontecer na mesma hora. Agorinha mesmo acontece o Cine Ceará, assim como todas as cabines de imprensa da Mostra Internacional de São Paulo e as coletivas de apresentação dos filmes do Festival Aruanda.
Ufa! Como sobreviver? Como entregar um trabalho bem feito? Como negociar tempo para assistir aos filmes, estes o material bruto e a essência de nosso propósito cinéfilo? Talvez nunca saberemos. E assim, a cobertura do Vertentes do Cinema é realizada com o impulso máximo de uma vontade persistente, aos trancos e barranco. Então vamos ajudar nossos Vertenteiros e nossas Vertenteiras né? Nosso site de todo dia e todo lugar prepara a seguir uma lista-cotação dos filmes assistidos, os recomendados ou não, com notas de um a cinco câmeras. E nossa cobertura também está a todo vapor nos Stories do Instagram (link aqui – confira tudo). Para concluir, o Festival do Rio é muito importante para o Vertentes do Cinema. É família. E por ser assim, nós temos a liberdade de abrir nossas insatisfações. Mas sim “graças, que bom que o festival está acontecendo”. Amém! E pode contar sempre com a gente. Tamôjunto!
CONFIRA AS COTAÇÕES DOS FILMES DO FESTIVAL DO RIO 2022
5 CÂMERAS
- CLOSE, de Lukas Dhont (Panorama do Cinema Mundial)
- ESCASSO, de Gabriela Gaia Meirelles (Première Brasil: Competição Curta-metragem)
- FAUSTO FAWCETT NA CABEÇA, de Victor Lopes (Première Brasil: Competição Longa-metragem Documentário)
- A HISTÓRIA DA GUERRA CIVIL, de Dziga Vertov (Clássicos e Cults)
- LYNCH/OZ, de Alexandre O. Phillipe (Itinerários Únicos)
- OS PIORES, de Lise Akoka e Romane Gueret (Expectativa)
- PALOMA, de Marcelo Gomes (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- PROPRIEDADE, de Daniel Bandeira (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
4 CÂMERAS
- ARGENTINA, 1985, de Santiago Mitre (Première Latina)
- BROKER, de Hirozaku Kore-Eda (Panorama do Cinema Mundial)
- EO, de Jerry Skolimowski (Panorama do Cinema Mundial)
- FOGO-FÁTUO, de João Pedro Rodrigues (Midnight Movies)
- HOLY SPIDER, de Ali Abassi (Expectativa)
- KOBRA AUTO RETRATO, de Lina Chamie (Première Brasil: Competição Longa-metragem Documentário)
- A MENINA SILENCIOSA, de Colm Bairéad (Panorama do Cinema Mundial)
- OTTO: DE TRÁS P/ FRENTE, de Marcos Ribeiro e Helena Lara Resende (Première Brasil: Retratos)
- PETER VON KANT, de François Ozon (Panorama do Cinema Mundial)
- REGRA 34, de Julia Murat (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- REVELANDO EADWEARD MUYBRIDGE, de Marc Shaffer (Itinerários Únicos)
- SOCORRO, de Susanna Lira (Première Brasil: O Estado das Coisas Curta-metragem)
3 CÂMERAS
- ABESTALHADOS 2, de Marcos Jorge e Marcelo Botta (Première Brasil: Fora de Competição)
- ALUÍSIO, O SILÊNCIO E O MAR, de Luiz Carlos Vasconcelos (Première Brasil: Competição Novos Rumos Curta-metragem)
- BEM-VINDA VIOLETA, de Fernando Fraiha (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- BOICOTE, de Julia Bacha
- CALL JANE, de Phyllis Nagy (Panorama do Cinema Mundial)
- CESARIA EVÓRA, de Ana Sofia Fonseca (Itinerários Únicos)
- CICLO, de Ian SBF (Première Brasil: Competição Novos Rumos Longa-metragem)
- O CLUBE DOS ANJOS, de Angelo Defanti (Première Brasil: Fora de Competição)
- CONTANDO AVIÕES, de Fábio Rodrigo (Première Brasil: Competição Curta-metragem)
- O CURTO VERÃO DE HILDA, de Agustín Banchero (Première Latina)
- FANTASMA NEON, de Leonardo Martinelli (Première Brasil: Competição Novos Rumos Curta-metragem)
- FIO DO AFETO, de Bianca Lenti (Première Brasil: O Estado das Coisas Longa-metragem)
- IMPÉRIO DA LUZ, de Sam Mendes (Gala de Abertura)
- MATO SECO EM CHAMAS, de Adirley Queiróz e Joana Pimenta (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- UMA NOITE EM HAIFA, de Amos Gitai (Panorama do Cinema Mundial)
- O PAÍS DA PORNOCHANCHADA, de Adolfo Lachtermacher (Midnight Movies)
- PATERNO, de Marcelo Lordello (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- PEIXES NÃO SE AFOGAM, de Anna Azevedo (Première Brasil: Competição Curta-metragem)
- SOCIEDADE DO MEDO, Adriana L. Dutra (Première Brasil: Competição Longa-metragem Documentário)
- TRÊS TIGRES TRISTES, de Gustavo Vinagre (Première Brasil: Competição Novos Rumos Longa-metragem)
- VISÃO DE UMA BORBOLETA, de Maksym Nakonechnyl (Expectativa)
2 CÂMERA
- BELCHIOR – APENAS UM CORAÇÃO SELVAGEM, de Natália Dias (Première Brasil: Retratos)
- BRIGA ENTRE IRMÃOS, de Arnaud Desplechin (Panorama do Cinema Mundial)
- O CONTADOR DE CARTAS, de Paul Schrader (Panorama do Cinema Mundial)
- DECISÃO DE PARTIR, de Park Chan-Wook (Midnight Movies)
- DIREITO DE SONHAR, de Theresa Jessouroun (Première Brasil: O Estado das Coisas Longa-metragem)
- FOGARÉU, de Flávia Neves (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- LOVE LIFE, de Kuji Fukada (Panorama do Cinema Mundial)
- MÃE E FILHO, de Léonor Serraille (Panorama do Cinema Mundial)
- MAIL TWIST, de Robert Guédiguian (Panorama do Cinema Mundial)
- MAYA, de Stephanie Johnes (Itinerários Únicos)
- MY POLICEMAN, de Michael Grandage (Panorama do Cinema Mundial)
- PERLIMPS, de Alê Abreu (Première Brasil: Competição Longa-metragem Ficção)
- SOLITÁRIO, de Craig Boreham (Midnight Movies)
1 CÂMERA
- HALLOWEEN ENDS, de David Gordon Green (Midnight Movies)
- LUZES, MULHERES, AÇÃO, de Eunice Gutman (Première Brasil: Retratos)
- NOSTALGIA, de Mario Martone (Panorama do Cinema Mundial)
- O PASTOR E O GUERRILHEIRO, de José Eduardo Belmonte (Première Brasil: Fora de Competição)
- SEGREDOS EM FAMÍLIA, de Jorge Riquelme Serrano (Première Latina)