A Woman, a Gun and a Noodle Shop

Ficha Técnica

Direção: Zhang Yimou
Roteiro: Xu Zhengchao, Shi Jianquan
Elenco: Sun Honglei, Xiao Shenyang, Yan Ni
Fotografia: Zhao Xiaoding
Montagem: Meng Peicong
Música: Zhao Lin
País: Hong Kong / China
Ano: 2010
Duração: 95 minutos

A opinião

“Uma mulher, uma arma e uma loja de macarrão” é a sua tradução literal, mas não abrange todo o filme. O diretor Zhang Yimou possui a característica de conduzir suas histórias entre o profundo não melodramático, a perspicácia da camera e o surrealismo exagerado, envoltas na tradição, sem julgamentos, de um povo (comunidade). O longa em questão é Inspirado em Gosto de Sangue, dos irmãos Coen, e busca a fantasia, quase circense, com ações escrachadas e exageradas, e a violência intrínseca não é suavizada. As conversas patéticas e afetadas, estranhas no inicio, embasam-se quando novos elementos são apresentados. Os personagens comportam-se como tipos caricatos (um com dois dentes visíveis, outro como xerife vesgo) de um falso faroeste de uma época atemporal. É uma aventura ágil que enfoca detalhes, sendo os ruídos exacerbados o mote para prender a atenção do leitor, como o barulho da porta abrindo, a cavalaria chegando e a espada sendo empunhada. “Tão romântico, contando os dias”, diz-se em um texto debochado com o tom passional, não havendo a importância de se preocupar em ofender o outro. Há a crueldade natural e defensiva. A epifania impressionista mantém o ritmo da narrativa, como a cena que a massa é aumentada com malabarismos. É um teatro típico chinês, em que a figura exagerada de seus personagens fornecem humor óbvio a fim de esconder a sordidez do ser humano. Mas o roteiro objetiva os dois: o exagero e a violência interpretativa, pura, realista e com a acidez do humor surreal. Seus personagens mascaram o politicamente incorreto que hiberna neles. Quando honra e orgulho ferido mostram o rosto, o que se esconde vem à tona, com a emoção da vingança, percebendo as respostas sem o devido questionamento. “Fofoca não mata ninguém”, diz-se. Há interação da imagem quando a terra toca a tela. Eles vivem o surto da loucura generalizada, quase esquizofrênico.

As reviravoltas da trama utilizam os próprios acontecimentos. Um resolve o elemento do outro, estendendo a história. É uma bola de neve de sucessões ingênuas que dão o caminho às próximas etapas, surpreendendo eles mesmos e o próprio espectador, que é manipulado e não se preocupa com isso. É fantástico. “É o preço de mercado”, sobre matar alguém. A camera participa ativamente quando mostra personagens em planos abertos e longínquos, inferindo a pequenez do individuo. Está também quando modifica o dia pela noite, pelas nuvens em montanhas de um deserto. E mais ainda, quando o enquadramento é o fundo do balde de água com sangue e quando a roda define o espaço apresentado. A atmosfera de alerta, de suspense, que haverá algo em seguida, equilibra o longa, principalmente quando compartilha provas detalhadas e faz de quem está do outro lado da tela uma testemunha. O roteiro é perfeccionista, metódico e sistemático, utilizando o olhar clinico para não deixar vestígios de erros e ou vácuos cinematográficos. Excelente. Concluindo, é um filme que deve ser visto. Usa o exagero para aprofundar e, paradoxalmente, abrandar a violência nata e sem regras.

A Sinopse

Wang vive com a mulher em uma pequena cidade no interior da China, onde possui um restaurante. Egoísta e tirano, passa meses a fio sem pagar seus funcionários. Sua mulher sente-se negligenciada e começa a sair com Li, um dos cozinheiros do estabelecimento. Temendo qualquer eventualidade, ela compra uma arma e entrega ao amante. Em paralelo, Wang descobre a traição e contrata um assassino profissional para executar os adúlteros, sem saber que o contratado tem outros planos, e que todos estão de olho em sua fortuna escondida. Inspirado em Gosto de Sangue, dos irmãos Coen. Berlim 2010.

O Diretor

Nasceu na China em 1950. Estudou na Academia de Cinema de Beijing, especializando-se em direção de fotografia. Em 1987, realizou seu primeiro longa-metragem, Sorgo Vermelho, pelo qual obteve o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Entre seus filmes, destacam-se Tempo de Viver (1994), Nenhum a Menos (1999), vencedor do Leão de Ouro em Veneza, Herói (2002), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e O Clã das Adagas Voadoras (2004).

Filmografia

2006 – A Maldição da Flor Dourada
2005 – Um Longo Caminho
2004 – O Clã das Adagas Voadoras
2002 – Herói
2000 – Happy Times
1999 – The Road Home
1999 – Nenhum a menos
1997 – Keep Cool
1995 – Lumière and Company
1995 – Shanghai Triad
1994 – To Live
1992 – The Story of Qiu Ju
1992 – Lanternas Vermelhas
1991 – Ju Dou
1989 – Codename Cougar
1987 – Red Sorghum

Pix Vertentes do Cinema

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