Tudo Sobre o Seminário Na Real_Virtual: Parte 2
As inscrições estão abertas para a segunda edição do Seminário online sobre documentário brasileiro contemporâneo, que acontece de 4 de novembro a 2 de dezembro de 2020
Por Fabricio Duque
Cinema não é somente para ver, mas especialmente para ouvir, aprender, ressignificar percepções, compartilhar ensinamentos e entender, de uma vez por todas, que tudo na vida é relativo e uma questão de perspectiva. Cada um “sofre” ou “festeja” com a própria subjetividade que recebe (e/ou que alimenta). A primeira edição do Seminário Na Real_Virtual, arquitetado pelos homens máquinas da sétima arte, Bebeto Abrantes e Carlos Alberto Mattos, conseguiu que até mesmo a arte documental se transformasse em fábula e se desencantasse, a fim de reconstruir a essência. Nós aprendemos que documentário não é gênero (bradado e gritado, amigavelmente cúmplice, por um dos curadores mais passionais). Nós nos encantamos com os “lados de um cubo”, do “professor” fotógrafo-cineasta, provando com poesia verbal que a luz pode personificar o invisível. Com sessões que ultrapassaram duzentas pessoas, Na Real_Virtual: Parte 1 (leia aqui nosso Tudo Sobre), que aconteceu de 20 de julho e 14 de agosto de 2020, já pode se considerar uma potente etapa de nossa memória audiovisual. “”Um compartilhamento e uma intimidade de trocas, de abertura e encontros, cada qual na intimidade de sua casa, de seus quartos, de suas famílias, trocando não apenas palavras e filmes, e sim aprendizados e sensações recíprocas de vida. Transformando uns aos outros.”, comentou o crítico Filippo Pitanga.
A Parte 2 do Seminário Na Real_Virtual “voltará a reunir quem pratica, quem estuda e quem aprecia os documentários brasileiros. De 4 de novembro a 2 de dezembro de 2020, cada um na sua casa”, divulga o site do evento. O elenco será composto por Adirley Queirós, Alberto Alvares (cineasta guarani), Ana Luiza Azevedo, Claudia Priscilla, Eryk Rocha, Evaldo Mocarzel, Joel Zito Araújo, Jorge Furtado, Kiko Goifman, Lúcia Murat, Roberto Berliner, Sandra Werneck, Silvio Da-Rin, Susanna Lira, Vincent Carelli e Walter Salles, além de uma sessão especial de abertura dedicada a Eduardo Coutinho com a participação de alguns de seus colaboradores históricos. Continuando à frente na curadoria e mediação, o documentarista e professor Bebeto Abrantes e o crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos conduzirão perguntas, questionamentos e provocações. É quase uma diversão garantida (até porque não há como sair imune e normal quando o pensar alcança e amplia as sinapses do conhecimento). O quase é que “ninguém é perfeito”. A produção é de Marcio Blanco e realizado pela Associação Imaginário Digital. Assistentes: Kamilla Medeiros e Kerlon Lazzari. Programação visual: Nathalie Nery.
Cada cineasta participante colocará em foco uma ou mais peculiaridades do documentário brasileiro contemporâneo – seja na maneira como enfoca grandes questões da atualidade, seja na forma como organiza sua exposição, como trata seus personagens, como dialoga com a invenção, como se insere no seu próprio filme. O seminário terá filmes e materiais de apoio e disponibilizará online aos participantes (previamente) nos encontros com os respectivos diretores pela plataforma Zoom. Para isso é necessário ter o Zoom instalado no seu dispositivo, além de um rápido cadastro no site da Sympla (aqui) para quem ainda não tem. Será emitido certificado de participação para quem frequentar, no mínimo, 8 sessões do seminário.
A novidade desta edição é a ampliação exibida. Se no primeiro, um cineasta debatia um filme, neste, há dobradinha de convidados e de obras, estas que chegam a três, como por exemplo no último dia com Walter Salles. O evento é também uma possibilidade de estreitar intimidade. Nós, hóspedes, somos aceitos a estar nas casas dessas celebridades documentaristas. E depois “mostrar a cara” no Momento Boteco, com ou sem cerveja, mas sempre com antropofagia, nos regurgitando da carne alheia. “De uma certa forma vocês inauguraram uma nova maneira de fazer documentário. Eu fiquei com um caderno cheio de anotações, muita coisa de interesse e já fico com saudades.”, comentou Walter Carvalho, a celebridade da primeira edição.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
DIA 04/11, QUARTA, 19:00
SESSÃO DE ABERTURA
(compre aqui)
Eduardo Coutinho Presente!
Com Beth Formaggini, Carlos Nader, Consuelo Lins, Cristiana Grumbach, Jacques Cheuiche, João Moreira Salles, Jordana Berg, Laura Liuzzi e Valéria Ferro.
A sessão de abertura do NA REAL_VIRTUAL Parte 2, exclusiva para os inscritos no pacote completo, será uma espécie de sarau dedicado à pessoa e à obra de Eduardo Coutinho, patrono e inspiração inegável do documentário contemporâneo brasileiro. Cada um de seus principais colaboradores históricos trará um pequeno relato, imagem ou consideração a respeito do autor de Cabra Marcado para Morrer, Santo Forte, Jogo de Cena e tantas obras-primas do nosso cinema.
EDUARDO COUTINHO, 7 DE OUTUBRO
(2013, de Carlos Nader, 73 minutos). Uma entrevista, uma tarde, uma locação, um único personagem. Partindo das ‘prisões que libertam’ no documentário coutiniano, é a vez de inverter o jogo e ver o maior entrevistador do cinema brasileiro em frente às câmeras. Um documentário que coloca o cineasta diante de sua própria equipe.
MATERIAL EXTRA: “Banquete Coutinho“; “Um Dia na Vida” (com Coutinho); “Theodorico, o Imperador do Sertão“;
OCUPAÇÃO EDUARDO COUTINHO NO RJ (leia aqui)
DIA 06/11, SEXTA, 19:00
(compre aqui)
O que pode um documentário?
Com Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo
A dramaturgia e a lógica do documentário sempre estiveram no foco de Jorge Furtado, desde os seminais Ilha das Flores e Esta Não é a sua Vida. As limitações e as possibilidades do documentarista foram tematizadas direta ou indiretamente em alguns de seus filmes. A longa parceria de Jorge e Ana Luiza Azevedo culminou com Quem é Primavera das Neves, um pequeno tratado sobre o poder do cinema para retirar personagens do anonimato sem ceder aos lugares-comuns da cinebiografia.
ESTA NÃO É SUA VIDA
Direção: Jorge Furtado. Assistente de direção: Ana Luiza Azevedo. 1991 / 16 minutos. Noeli Joner Cavalheiro mora num subúrbio de Porto Alegre, é dona de casa e tem dois filhos. Nasceu numa cidade do interior, foi pra capital, trabalhou numa padaria, casou. É uma pessoa comum. Mas não existem pessoas comuns.
QUEM É PRIMAVERA DAS NEVES
Direção: Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado. 2017 / 75’ O ponto de partida é um nome improvável, Primavera das Neves, tradutora de Lewis Carroll, Daniel Defoe e Julio Verne, que na década de 1960 desapareceu sem deixar rastros. Seria um pseudônimo? A busca de um nome encontrou uma mulher extraordinária, uma vida dedicada à beleza e à verdade. E então chegou uma carta avisando que a história estava só no começo.
MATERIAL EXTRA: “Ilha das Flores“; “Rasga Coração“; “Mercado de Notícias“; “Antes Que o Mundo Acabe“.
DIA 09/11, SEGUNDA, 19:00
(compre aqui)
Em busca do olhar indígena
Com Vincent Carelli e Alberto Alvares Guarani
O trabalho da Vídeo nas Aldeias em matéria de inserção do cinema na prática das tribos e formação de cineastas indígenas é inestimável. Vincent Carelli também se destaca com seus grandes filmes sobre a questão indígena, Corumbiara e Martírio. Embora não tenha sido preparado por aquela ONG, o cineasta guarani Alberto Alvares busca ali inspiração para realizar seus documentários dedicados à espiritualidade e à ancestralidade do seu povo. O encontro dos dois vai reunir as duas pontas de um processo fundamental para a integridade da cultura brasileira.
MARTÍRIO (crítica aqui)
Direção: Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida. 2016 / 162 minutos. O retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
GUARDIÕES DA MEMÓRIA
Direção: Alberto Alvares Guarani. 2018 / 55′
O cineasta indígena percorre cinco aldeias guaranis do estado do Rio de Janeiro ouvindo xeramoins e xejaryis (os mais velhos e as mais velhas). Eles e elas falam da importância da memória e da transmissão de conhecimentos para as novas gerações. O filme registra imagens, histórias, cantos e danças, além da saída de um grupo para vender peças de artesanato em Paraty.
MATERIAL EXTRA: “Segredos de Putumayo“; “O Céu dos Índios Desâna e Tuiuca“; “Vozes da Floresta“; “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos“; “Como Fotografei os Yanomami“; “Ex-Pajé” (entrevista aqui); “Ara Pyau – A Primavera Guarani“; “Vai e Vem“; “Piripkura“; “Taego Ãwa“; “Urihi Haromatipë – Curadores Da Terra-Floresta“.
DIA 11/11, QUARTA, 19:00
(compre aqui)
Memórias de chumbo
Com Lúcia Murat e Silvio Da-Rin
Embora o Brasil tenha fechado os olhos aos horrores de um passado ditatorial e até volte a flertar com ele, o cinema brasileiro não deixou essa memória cair no esquecimento. Lucia Murat e Silvio Da-Rin são dois realizadores que estiveram na luta de resistência e colocaram seu talento a serviço dessa causa. Alguns de seus filmes mais importantes exumam histórias, eventos e lembranças dos anos de chumbo com forte engajamento pessoal e fina percepção para tocar em pontos sensíveis da nossa história recente.
UMA LONGA VIAGEM
Direção: Lúcia Murat. 2011 / 95’
A história de três irmãos a partir da trajetória do caçula, que vai para Londres em 1969, enviado pela família para não entrar na luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã. Durante os nove anos em que viaja pelo mundo, ele escreve cartas. Contrapondo-se à entrevista e às cartas, os comentários em off da irmã, presa política que virou cineasta e viaja pelo mundo, num processo inverso ao do irmão. Um documentário que trabalha sobre a memória, não só pela forma como é feita a investigação, mas também sobre o motivo do filme: a morte do terceiro irmão.
MISSÃO 115 (crítica aqui)
Direção: Silvio Da-Rin. 2018 / 87’
Missão 115 foi o nome atribuído pelo DOI-CODI a uma suposta operação de “vigilância” durante show musical no Riocentro pelo Primeiro de Maio de 1981. Na verdade, tratava-se de um atentado à bomba, afinal frustrado, que visava sabotar a redemocratização do país. Pela primeira vez um dos membros daquela equipe de terroristas, o ex-policial Claudio Guerra, conta em detalhes como a operação foi planejada e executada. Os trabalhos recentes da Comissão Nacional da Verdade também jogam novas luzes sobre o episódio e as sucessivas tentativas de apuração ao longo de mais de três décadas.
MATERIAL EXTRA: Encontro com Lucia Murat; Programa Vertentes do Cinema com Lucia Murat; “Praça Paris” (com vídeo exclusivo); “A Memória Que Me Contam“.
DIA 13/11, SEXTA, 19:00
(compre aqui)
Imagens de Nossa América
Com Eryk Rocha
A América Latina tem sido tema e cenário frequentes do cinema de Eryk Rocha, seja em longas ou curtas-metragens, seja em série de TV. Desde que recuperou a presença do pai, Glauber Rocha, em Cuba no seminal Rocha que Voa, ele já cruzou a América do Sul com sua câmera em busca dos mitos fundadores e da atualidade cambiante do continente. A latinidade é fator explícito ou subjacente no cinema desse realizador múltiplo, que costuma incorporar o aspecto documental em suas ficções.
PACHAMAMA
Direção: Eryk Rocha. 2008 / 105 minutos. Pachamama significa para os indígenas andinos “Mãe-Terra” e designa a deusa agrária dos camponeses. O documentário narra a viagem de um cineasta, o próprio diretor, através da floresta brasileira em direção ao Peru e à Bolívia, onde encontra a realidade de povos historicamente excluídos do processo político de seus países e que pela primeira vez na história buscam uma participação efetiva na construção do seu próprio destino. Uma pequena odisséia de trinta dias pela realidade amazônica e andina.
IGOR, EPISÓDIO DE EL AULA VACIA
Direção: Eryk Rocha. 2013 / 15 minutos. Um dia na vida de Igor, aspirante a ator e capoeirista, adolescente com muito potencial e energia, mas sem motivação para permanecer na escola. O curta integra o longa-metragem El Aula Vacía, no qual diretores latino-americanos, com produção de Gael García Bernal, retratam o impacto da evasão escolar na América Latina.
MATERIAL EXTRA: “Transeunte” (aqui); “Cinema Novo“; “Campo de Jogo“; “Jards“.
DIA 16/11, SEGUNDA, 19:00
(compre aqui)
Cinema na raça
Com Joel Zito Araújo
Um dos cineastas brasileiros mais reconhecidamente comprometidos com a questão racial, Joel Zito Araújo já abordou o assunto em relação à mídia, à política, ao turismo sexual e às relações familiares. Seu filme mais recente é um perfil complexo de um dos maiores artistas negros do nosso tempo, o nigeriano Fela Kuti. Trata-se, ainda, de um grande conhecedor do cinema africano e um intelectual plenamente engajado nas lutas pela equidade racial no Brasil.
A NEGAÇÃO DO BRASIL
Direção: Joel Zito Araújo. 2000 / 91 minutos. A história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história e na telenovela brasileira. O filme conta com depoimentos de atores como Milton Gonçalves, Ruth de Souza, Léa Garcia, Zezé Motta e Maria Ceiça, entre outros, que contam suas experiências e discutem o preconceito contra artistas negros. Com base em suas memórias e numa minuciosa investigação, o diretor analisa as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros.
MATERIAL EXTRA: “Meu Amigo Fela“.
DIA 18/11, QUARTA, 19:00
(compre aqui)
Mulheres em luta
Com Susanna Lira
Torre das Donzelas é o título mais vistoso entre tantos que Susanna Lira já dedicou ao protagonismo feminino nas lutas sociais e políticas do nosso país. Autora também de perfis biográficos de diversos artistas, ela é talvez a mais prolífica documentarista em ação no Brasil atualmente. Seu entusiasmo jovial pelo cinema só rivaliza com a paixão pelas causas progressistas e seu interesse por quem a elas se dedica, especialmente quando são mulheres.
TORRE DAS DONZELAS (crítica aqui)
Direção: Susanna Lira. 2018 / 97 minutos. O filme traz relatos inéditos da ex-presidente Dilma Rousseff e de suas ex-companheiras de cela do Presídio Tiradentes, em São Paulo, na ala apelidada de “torre das donzelas”. Estimuladas por uma reconstituição cenográfica, elas recordam, como num exercício lúdico de memória, os dias de resistência, solidariedade e aprendizado político no cárcere.
MATERIAL EXTRA: Especial Tudo Sobre Susanna Lira com as críticas de todos seus longas-metragens e vídeos (aqui).
DIA 20/11, SEXTA, 19:00
(compre aqui)
Personagens especiais
Com Roberto Berliner
Em sua vasta obra para TV, vídeo e cinema, como diretor ou produtor, Roberto Berliner já tratou de música, história, etnografia e muitos outros assuntos. Destaca-se, porém, a sua habilidade no trato com personagens especiais: as cantoras cegas de A Pessoa é para o que Nasce, os anões de Pindorama, Herbert Vianna e sua limitação física após o acidente em Herbert de Perto e ainda, no campo da ficção, os internos do centro psiquiátrico da Dra. Nise da Silveira. Uma prática a exigir sensibilidade aguda e zelo ético.
A PESSOA É PARA O QUE NASCE
Direção: Roberto Berliner. 2003 / 84 minutos. São irmãs. São três. São cegas. Unidas por esta peripécia incomum do destino, elas viveram toda a sua vida cantando e tocando ganzá em troca de esmolas nas cidades e feiras do Nordeste do Brasil. O filme acompanha os afazeres cotidianos dessas mulheres e revela as curiosas estratégias de sobrevivência da qual participam parentes e vizinhos. E acompanha, numa reviravolta inesperada, o efeito-cinema na vida delas, transformando-as em celebridades.
MATERIAL EXTRA: “Os Quatro Paralamas“; “Nise – Coração da Loucura“.
DIA 23/11, SEGUNDA, 19:00
(compre aqui)
Documentário de gênero
Com Kiko Goifman e Claudia Priscilla
Parceiros em diversos filmes, Kiko Goifman e Claudia Priscilla têm explorado, juntos ou em separado, diferentes estratégias documentais e construído uma obra de peso no documentário brasileiro. As aproximações com o cinema de gênero caracterizam o já clássico 33, que flerta com o filme noir, e Filmefobia, cruzamento do documentário com a ficção de horror. Dirigido a quatro mãos, Bixa Travesty envolve outra acepção da palavra “gênero”, constituindo um filme-manifesto sobre identidade sexual plural.
33
Direção: Kiko Goifman. 2002 / 74’
Documentário com atmosfera noir. 33 anos é a idade do diretor. 33 dias é o tempo limite para encontrar sua mãe biológica. Um road movie entre fumaça, parteiras, cartomantes, porteiros, médicos e detetives.
BIXA TRAVESTY (crítica aqui)
Direção: Claudia Priscilla e Kiko Goifman. 2018 / 75 minutos. O corpo político de Linn da Quebrada, cantora transexual negra, é a força motriz desse documentário que captura a sua esfera pública e privada, ambas marcadas não só por sua presença de palco inusitada, mas também por sua incessante luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, classe e raça.
MATERIAL EXTRA: Vídeo “Bixa Travesty” em Berlim (aqui); “Meu Corpo é Político“; “Corpo Elétrico“.
DIA 25/11, QUARTA, 19:00
(compre aqui)
Brasília, uma distopia
Com Adirley Queirós
A periferia de Brasília grita nos filmes de Adirley Queiroz. Na visão desse realizador, genuíno representante das demandas populares, a capital federal se distancia violentamente dos propósitos utópicos que estavam na sua origem. Adirley convoca recursos do documentário e do cinema de gênero para criar novas concepções audiovisuais e um discurso ativista potente. Trata-se de um cinema singular no Brasil, juntando invenção de linguagem, efetividade política e principalmente autonomia de expressão.
BRANCO SAI, PRETO FICA (crítica aqui)
Direção: Adirley Queirós. 2014 / 93 minutos. Tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva. Os três se juntam para tramar a derrubada do sistema. Misto de documentário e ficção.
MATERIAL EXTRA: “Era uma Vez Brasília“.
DIA 27/11, SEXTA, 19:00
(compre aqui)
Infância e juventude sob risco
Com Sandra Werneck
De talento comprovado também na ficção, Sandra Werneck tem uma obra relevante no campo dos documentários. O tema da infância sob ameaça aparece com frequência, seja em A Guerra dos Meninos, pioneira análise da violência contra crianças no Brasil, seja em Profissão: Criança, sobre trabalho infantil. Já em Meninas ela enfocou a gravidez precoce em adolescentes. A cada filme, a diretora encontra a forma mais eficaz de tratar o assunto, entre a delicadeza e a contundência.
A GUERRA DOS MENINOS
Direção: Sandra Werneck. 1991 / 52 minutos. Baseado na obra do jornalista Gilberto Dimenstein, um ensaio sobre a guerra silenciosa, não declarada oficialmente, que atinge milhares de crianças no Brasil. Documentário laureado como melhor filme e direção no Festival de Gramado, prêmio especial do júri no Festival de Documentário de Amsterdã e Prêmio OCIC no Festival de Havana.
MENINAS
Direção: Sandra Werneck. 2005 / 71 minutos. Evelin tem 13 anos e está grávida de um ex-traficante. Aos 15 anos, Luana diz que planejou sua gravidez. Edilene, 14 anos, espera um filho de Alex, que também engravidou Joice. O filme acompanha por um ano o cotidiano dessas jovens.
MATERIAL EXTRA: “You Tubers“; “Sonhos Roubados“.
DIA 30/11, SEGUNDA, 19:00
(compre aqui)
Por dentro e por trás do teatro
Com Evaldo Mocarzel
De todos os cineastas que fazem o trânsito entre cinema e teatro atualmente no Brasil, o mais ativo e inquieto é, sem dúvida, Evaldo Mocarzel. Ora escrevendo peças, ora filmando grupos de teatro e experimentando diversas formas de interação entre os dois campos, Evaldo vive essa hibridez como nenhum outro. Seus documentários nessa área costumam deslizar para a esfera do ensaio e da experimentação, investigando processos de criação e se associando a eles com apetite cinematográfico.
A ÚLTIMA PALAVRA É A PENÚLTIMA
Direção: Evaldo Mocarzel. 2012 / 72 minutos. Documentário sobre a intervenção urbana que os grupos Teatro da Vertigem, Zikzira e LOT, do Peru, fizeram numa galeria subterrânea abandonada no centro de São Paulo, em 2008. No filme, as imagens dos ensaios se alternam com as discussões dos atores e encenadores. Em destaque, a difícil adaptação do pessoal do Vertigem ao método proposto pelos diretores Fernanda Lippi, do Zikzira, e Carlos Cueva, do LOT.
MATERIAL EXTRA: Canal Youtube do Evaldo Mocarzel Oficial.
DIA 02/12, QUARTA, 19:00
(compre aqui)
Viagens do documentário para a ficção
Com Walter Salles
Característico do processo criativo de Walter Salles é a relação estreita, mas não híbrida, da ficção com o documentário. Do seu curta documental Socorro Nobre nasceu Central do Brasil, assim como Linha de Passe recebeu influxos de documentários do irmão João. A lida com o real costuma ser um exercício paralelo ou preparatório para a ficção, ainda que ele nem sempre conclua os documentários. Recentemente, Walter lançou mão de cada um desses registros em dois curtas criados a propósito da catástrofe do Rio Doce.
SOCORRO NOBRE
Direção: Walter Salles. 1995 / 23 minutos. A surpreendente correspondência entre o artista plástico Frans Krajcberg e a presidiária Socorro Nobre. O filme e a personagem inspiraram o diretor na criação de Central do Brasil.
VOZES DE PARACATU E BENTO
Direção: Walter Salles. 2018 / 39 minutos. Como ficou a vida nas cidades de Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues, duas localidades atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco, em Minas Gerais. Uma história de pertencimento, paixão e resistência se desenha na tela através do depoimento de seus moradores. Ao mesmo tempo, um painel de abandono em que se encontra o Brasil vai sendo mostrado no documentário.
QUANDO A TERRA TREME
Direção: Walter Salles. 2017 / 26 minutos. Episódio do longa-metragem Em que Tempos Vivemos?, produzido por Jia Zhang-ke e dirigido por cineastas dos países do BRICS. Rodado no cenário ainda devastado pela catástofe em Minas Gerais, trata de uma professora que perdeu o marido, a casa e todos os bens, além de ter a escola onde trabalhava arrasada pela lama. O filho, contudo, não desiste de procurar e esperar pelo pai, que crê apenas desaparecido.
MODALIDADES E VALORES DE INSCRIÇÃO
Para mais informações sobre os diretores e os filmes, programação detalhada e inscrições: https://imaginariodigital.org.br/real-virtual/parte-2