
Tudo Sobre a Primeira edição do Lumen – Festival de Cinema Independente do Rio de Janeiro
Evento carioca começa amanhã, 08 até 15 de novembro, e transforma o Rio de Janeiro em um dos principais pontos de encontro do cinema independente mundial
Por Fabricio Duque
O Lumen – Festival de Cinema Independente do Rio de Janeiro acontece, de forma totalmente gratuita, primeiro no Rio, de 08 a 15 de novembro (na Cinemateca do MAM, CineTeatro Gomeia, em Duque de Caxias, além do CCBB RJ, este que traz no dia 14 de Novembro o Lumen Indústria (com o tema “A Arte do Erro”); e depois de 05 a 07 de dezembro em Brasília (no tradicional Cine Brasília), com a “intenção de democratizar o acesso a estes filmes e abordagens”. Mas o que é o Lumen? “É um festival feito pra quem ama cinema fora do óbvio. A gente aposta em filmes independentes, aqueles que não costumam passar nos grandes cinemas, e quer aproximar o público dessas produções autorais e inovadoras. Na nossa primeira edição, escolhemos o Rio como ponto de partida para fortalecer o cinema contemporâneo, ocupando espaços culturais espalhados pela cidade”
A equipe por trás do festival conta com: Pedro Tavares (Diretor, Curador), Gabriel Papaléo (Diretor, Curador), Waleska Antunes (Diretora, Curadora), Pedro Gonçalves Ribeiro (Produção e Logística), Raphaela Leite (Ass. de Curadoria), Alice Godoy (Produtora) e Fernanda Eda Paz (Produtora Executiva), Cecilia Barroso e Rodrigo Strieder (Assessoria de Comunicação).
Com produções vindas de mais de 20 países e passagens por festivais como Locarno, FIDMarseille, TIFF, NYFF, Berlinale, BAFICI, Karlovy Vary e True/False, o Lumen estreia no calendário brasileiro apresentando uma seleção que atravessa fronteiras entre ficção, documentário e ensaio. A programação inclui longas, médias e curtas-metragens nacionais e internacionais divididos em sete mostras, com uma exclusiva de produções realizadas na Baixada, além de debates, masterclass e uma retrospectiva de Guto Parente.
Entre os destaques estão filmes de grandes nomes do cinema independente, como Rita Azevedo Gomes, James Benning e Alex Cox, e de novas vozes que vêm se afirmando no circuito internacional, como Rhayne Vermette, Camilo Restrepo, Tato Kotetishvili, Hikaru Uwagawa e Lorena Alvarado, além de uma forte presença do cinema brasileiro, com obras de Maria Clara Escobar, Fábio Rogério, Guto Parente, Lucca Girardi, Renan Rovida e Ramon Coutinho, entre outros.
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A sessão de abertura acontece hoje, dia 08/11, às 20h, na Cinemateca do MAM, e traz o longa “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente, e o curta “Em Busca de S.”, de Gustavo de Mattos Jahn. Exibido no FIDMarseille, o longa venceu o prêmio da crítica no Festival de Brasília 2025 e acompanha uma produtora à beira do parto tentando concluir o filme de ficção científica deixado pelo pai recém-falecido. Sua protagonista tenta finalizar o filme deixado pelo pai, fazendo do luto, da burocracia e do delírio um motor criativo. Uma abertura que ri do próprio desespero e afirma o festival como lugar onde o absurdo vira gesto de criação. Já o curta de Jahn, inédito no Rio, amplia o olhar sobre o cinema como gesto de criação e memória.
Guto Parente ganha retrospectiva no Lumen – Festival de Cinema Independente do Rio de Janeiro com 15 filmes: os longas-metragens “O Clube dos Canibais”; “Doce Amianto”; “Estranho Caminho”; “O Estranho Caso de Ezequiel”; “Inferninho”; “Um Jóquei Cearense na Coreia”; “A Misteriosa Morte de Pérola”; além de um de seus curtas “Dizem Que os Cães Veem Coisas”, além de seu novo longa-metragem, “Morte e Vida Madalena”, já mencionado no parágrafo anterior.
Além das exibições, o Lumen Indústria, que acontece no dia 14 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ), promove um espaço de encontros, painéis e atividades voltadas ao fomento do cinema independente e à troca de experiências entre realizadores, programadores e profissionais do audiovisual.
O Júri oficial para Longas-Metragens Brasileiros é composto por Igor Nolasco, João Albuquerque e Raquel Monteiro. Para os Curtas-Metragens Brasileiros, foram convidados Francisco Carbone, Leandro Luz e Alice-Name Bomtempo. Para os Longas-Metragens Estrangeiros, Chico Fireman, Gurcius Gewdner e Marcela Borela. Para os Curtas-Metragens Estrangeiros, Cauê Dias Baptista, Carolina Azevedo e Ricardo Ribeiro. Para o Prêmio da Crítica Abraccine Fipresci, Luiz Baez, Marcelo Muller e Taiani Mendes.
“O Lumen é um espaço para cineastas que, por diversos motivos, não chegam ao grande circuito ou aos cinemas de modo geral. Nossa proposta é levar filmes independentes para todo tipo de público”, afirma o curador e co-diretor do festival Pedro Tavares. “A seleção da primeira edição garante um panorama mundial do que é feito no cinema além das salas comerciais. Filmes de diversos países, entre diretores consagrados e iniciantes, que passaram em grandes festivais ou em nenhum. O importante para nós é levar este cinema às pessoas, apresentar ao público que existe um cenário além do que conhecemos das salas de cinema de arte e que, aos poucos, estes cineastas ganhem seu devido reconhecimento”, complementa.
O filme de encerramento do festival é “Apenas Coisas Boas”, de Daniel Nolasco, ganhador do prêmio de melhor roteiro no festival Olhar de Cinema 2025. Passado no interior de Goiás, o filme se apropria de ícones queer para desconstuir padrões e criar uma história de amor que se transforma em suspense e indefinição. As suas sessões são duplas, com os curtas brasileiros “Em Busca de S.”, de Gustavo de Mattos Jahn e Instruções para o Barco, de Vinicius Dratovsky, respectivamente.

A Mostra Competitiva Internacional – Longas exibe “Fuck the Polis”, de Rita Azevedo Gomes; “Capítulos Perdidos”, de Lorena Alvarado; “Little Boy”, de James Benning; “Alavancas”, de Rhayne Vermette; “Almas Mortas”, de Alex Cox; “Canção de Suzanne Césaire”, de Madeleine Hunt-Ehrlich (destaque do Vertentes do Cinema – leia abaixo um trecho da crítica do filme); “Canções do Oriente”, de Matthew Wolkow e Jean-Jacques Martinod; “Assim Falou o Vento”, de Maria Rigel; “Santa Eletricidade”, de Tato Kotetishvili; “Ulysses”, de Hikaru Uwagawa; “A Ilha do Navio” do estreante chinês Wang Di; “Evidência”, de Lee Anne Schmitt; e “Castração I: Traps”, de Louise Weard.
“The Ballad of Suzanne Césaire” é o ensinamento. A formação. A diferença. Que estão explícitos na escolha musical de Sabine McCalla, de New Orleans, com as canções exclusivas “Ain’t no Weight” e “Dream Weaver”. E pela pesquisa do filme que se complementa pela parte do artigo “Refugiados Surrealistas dos Trópicos”, de Teresa Svoboda, e pelos escritos de Marina Magloire. Sim, “The Ballad of Suzanne Césaire” é mais que um manifesto lido, é um estudo sobre nós mesmos do antes no agora.
A Mostra Competitiva Internacional – Curtas exibe “Loynes”, de Dorian Jespers; “Um Mergulho em Água Fria”, da portuguesa Raquel Loureiro Marques; “Língua Morta”, de José Jiménez; “Anatomia do Controle”, de Mahmoud Alhaj; “Notas de um Crocodilo”, de Daphne Xu; “A Cidade e suas Pedras”, de Maximilien Luc Proctor; “Série de Encontros”, de Sophie Gmeiner; “Folhagem”, de Faye Shu; “Mente em Devaneio” e “Do Ruído ao Sinal”, de Guan Huang; “Sonhamos com Lugares que Não Existem Mais”, de Giorgos Efthimiou; e “Diga-me Porquê”, de Roger Deutsch.
A Mostra Competitiva Nacional – Longas exibe “Filme de Areia”, de Alberto Mauad; “Kickflip“, de Lucca Filippin; “Cartografia das Ondas”, de Heloisa Machado; “Do Olhar de Cinema, em Idade da Pedra”, de Renan Rovida; “Em chave distópica, Jamex e o Fim do Medo”, de Ramon Coutinho; “Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo“, de Wesley Pereira de Castro e Fábio Rogério; “Explode São Paulo, Gil”, de Maria Clara Escobar; “Um Túnel no Fim da Luz”, de Lucca Girardi; “Dragkiller”, de Johnny Victor.

Alguns destaques da Mostra Competitiva Nacional – Curtas são “Do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto”, de Weyna Macêdo, Lucas Parente, Adeciany Castro e Mariana Smith; “Um Novo Balancê”, de Bernardo Camara; e “Núbia”, de Barbara Bello, entre outros.
Entre mais destaques imperdíveis estão os filmes “Filme Demência” (1986), de Carlos Reichenbach. O Lumen – Festival de Cinema Independente do Rio de Janeiro resgata um marco do cinema marginal brasileiro, e que delírio e desejo se cruzam em um labirinto de corpos e cidades – um retorno necessário ao imaginário que moldou gerações. Na mesma chave de arquivo afetivo, traz também “Nós Somos o Fugazi de Washington D.C.”, de Joe Gross e Jeff Krulik, exibido no IndieLisboa 2024, que reconstrói a história de uma banda por meio da memória dos fãs, transformando cultura underground em mito compartilhado. Em registro ensaístico, os curtas “Notas Para o Abismo” e “Tardes em Tânger” e o média-metragem, “Cartas do Absurdo”, de Gabraz Sanna, exibido no Festival de Berlim 2025, propõem um cinema epistolar e inquieto, em que as imagens não respondem, mas perguntam. As cartas também estão presentes em “Quando o Sangue Flui”, de Cainã de Paulo e Pedro Valle, que mistura obsessão e antropofagia.
Já “Ensaios de Cinema”, de Cavi Borges e Patricia Niedermeier, o fazer cinematográfico se torna performance – um laboratório sobre como filmar, habitar e expor o processo. O filme comemora também o aniversário de Cavi Borges, que será no dia 12 de novembro, no saguão do cinema, às 20:00, com o início da sessão, às 21h, na sala 2, do Estação Net Rio. A sessão gratuita fará parte do Lumen – Festival de Cinema Independente do Rio de Janeiro.
O curta “Cinema de Rua #1” (uma pequena homenagem ao Cinema Estação Net Botafogo e a seu projecionista Luiz Carlos que faz aniversário no mesmo dia), dirigido por Cavi Borges, abre a sessão, que conta também com o longa “Ensaios de Cinema”, de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier, inclusive, com debate após sua exibição, com os diretores e de Neville d’Almeida. “Ensaios de Cinema” reúne 15 filmes – homenagens ( editados em 1 só) de cineastas como Maya Deren, Truffaut, Agnès Varda, Mário Peixoto e Helena Ignez. Um mosaico poético de liberdade e paixão, que celebra o cinema como gesto de invenção e descoberta.




