Tudo Sobre a Mostra de Cinema de Tiradentes 2021
Online e gratuito, festival mineiro acontece de 22 a 30 de janeiro com a temática Vertentes da Criação
Por Redação (baseado nos releases oficiais)
A Mostra de Cinema de Tiradentes sempre, desde o início das atividades, prezou pela pluralidade, diversidade e os “sotaques” de nosso cinema brasileiro, pela “formação, reflexão, exibição e difusão”. Em 2021, completando 24 anos, a mostra, que acontece de 22 a 30 de janeiro, online e gratuita (mediante cadastro), definiu o tema Vertentes da Criação, mais que apropriada, devido ao momento atual em que todos nós estamos em quarentena por causa da pandemia do Coronavírus. Nosso site também foi contemplado com a simbólica homenagem indireta. O Vertentes do Cinema, criado em 2009, também sempre buscou conversar, compartilhar, dialogar, questionar e fomentar a cultura cinematográfica do audiovisual brasileiro.
Com 114 filmes de 19 estados, 112 profissionais no centro de 24 debates e rodas de conversa, homenagem, oficinas, exposição, performance audiovisual e shows, a Mostra de Cinema de Tiradentes 2021 apresenta um recorte especial e resistente realizado nos quatro cantos do Brasil. Todos os filmes da seleção serão exibidos de 22 a 30/01 (fique ligado nas estreias de cada dia), ampliando a visualização e possibilitando um melhor processo da degustação. Uma das questões importantes determinada por Raquel Hallak, Coordenadora da Mostra Tiradentes, que capitaneou uma experiência holística de conexão entre as categorias e os sentidos do público, como a música e o cinema.
Assista aos filmes clicando aqui!
A Mostra de Cinema de Tiradentes 2021 comporta-se como um festival-também. Tudo é anexado e agregado, imagem, som, movimento e sinestesia, com o intuito de afirmação-representatividade. A exposição virtual “Mostra Tiradentes no Tempo”, um dos eventos paralelos, apresenta em 200 imagens, a trajetória do evento em 23 edições, com o objetivo de contar a história desse projeto cheio de riquezas visuais, representatividade e de uma iniciativa tão complexa em instalações e estruturas que envolvem a cidade histórica de Tiradentes. O Vertentes do Cinema ajuda nesta exposição, presente em nosso site (saiba mais aqui), com um arquivo de críticas e matérias especiais entre 2015 e 2020.
Os shows, realizados em parceria com o Sesc em Minas, representam a cereja do bolo. Na noite de abertura, dia 22 de janeiro, às 22 horas, Arrigo Barnabé abre a programação musical da 24a Mostra Tiradentes. O músico e ator marcou o início da Vanguarda Paulistana como a maior novidade na música brasileira desde a Tropicália. Na noite de sábado, 23 de janeiro, às 22 horas, o evento recebe o compositor, cantor, jornalista e escritor paraibano Chico César. No domingo, dia 24, a partir das 21 horas, quem sobe ao palco é Adriana Araújo, uma das principais vozes do Samba Mineiro. Quem vai agitar a noite de sexta-feira, 29 de janeiro, a partir das 22 horas, é Fernanda Abreu, que conduzo show em sua casa no home estúdio carinhosamente batizado de ‘Cativeiro’. E no encerramento da programação da 24a Mostra, o público poderá conferir no sábado, dia 30, às 22 horas, o show do cantor Johnny Hooker, um dos grandes nomes da nova safra da música popular brasileira.
E por intermédio do Programa Mesa Brasil Sesc, uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome e o desperdício, o público poderá realizar as doações durante os shows que serão destinadas ao Programa Mesa Brasil Sesc para beneficiar às instituições de Tiradentes que são cadastradas no programa – a APAE Tiradentes e o LAR DE IDOSOS – Abrigo Tiradentes.
“Mesmo nesse novo formato, a Universo Produção preparou todas as atividades do evento mantendo as mesmas características, identidade e personalidade de uma edição presencial. Assim, tanto o público já habituado com a Mostra Tiradentes, quanto aqueles que nunca puderam ir ao evento, poderão desfrutar de uma vasta programação gratuita, compartilhada pelas redes, com o espírito de engajamento e vanguarda das outras edições. A 24a Mostra Tiradentes reafirma seu propósito de promover, refletir, exibir e difundir a produção brasileira contemporânea e conecta olhares, pessoas, diversidade e todos os sotaques brasileiros e, no ambiente virtual, amplia o acesso e a abrangência do evento”, destaca a diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra, Raquel Hallak.
ACOMPANHE NOSSA COBERTURA (QUE JÁ COMEÇOU)
VERTENTES DA CRIAÇÃO
A temática proposta para a 24ª Mostra de Tiradentes é denominada “Vertentes da Criação”. Com o estouro da pandemia em fevereiro de 2020, o cinema foi um dos quadros mais diretamente afetados, em várias frentes: fechamento das salas de exibição, interrupção de projetos e filmagens em andamento e, especificamente no Brasil, a ampliação da paralisa do Governo Federal relativa ao setor. A percepção da curadoria, assinada por Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, é de que, em anos recentes, houve uma reconfiguração intelectual e empírica dos processos na produção do país, passando por universos simbólicos, ética das imagens a partir dos espaços, personagens e territórios, estética amparada em perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão audiovisual do mercado e, principalmente, a economia de um tempo que resiste ao modelo célere de velocidade da circulação do capital. O cinema brasileiro se reinventa nas circunstâncias a ele impostas e nas inquietações de criadores arrojados que constantemente reinventam as formas do fazer.
“Vertentes da Criação” também nomeia uma das mostras, que reúne os seguintes filmes sob o recorte específico da temática: os longas “#eagoraoque” (SP), de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet; “Agora” (PE), de Dea Ferraz; “Entre Nós talvez Estejam Multidões” (MG/PE), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito; “Negro em Mim” (SP/MG/BA/PE/PA), de Macca Ramos; e “Pajeú” (CE), de Pedro Diógenes; e os curtas “Uma Noite sem Lua”, de Castiel Vitorino Brasileiro; “Filme de Domingo”, de Lincoln Péricles; e “República”, de Grace Passô.
HOMENAGEM A PAULA GAITÁN
Nascida em Paris e de origem colombiana, Paula Maria Gaitán lançou seu primeiro filme em 1989, “Uaka”, filmado no Xingu. Antes, já atuava no campo artístico como atriz, fotógrafa e diretora de arte. Foi parceira de Glauber Rocha (1939-1981) em alguns de seus trabalhos mais importantes, fazendo o cartaz de “Cabeças Cortadas” (1970), a cenografia de “A Idade da Terra” (1980), no qual também atuou diante das câmeras e ilustrações de livros do realizador baiano. Como diretora, assinou filmes diversos, ora inovando nas abordagens e nas formas visuais e sonoras, como “Diário de Sintra” (2007) e “Noite” (2014), ora se aproximando intimamente de figuras importantes da criação, como “Vida” (2010), com Maria Gladys, “Agreste” (2010), com Marcélia Cartaxo e “É Rocha e Rio, Negro Léo” (2020). Na ficção, dirigiu “Exilados do Vulcão” (2013) e “Luz nos Trópicos” (2020).
“A obra da Paula responde de maneira abrangente ao emblema da experimentação estética e da experiência poética. Cada um de seus filmes se empenha em buscas distintas, sempre novas, abrindo caminhos inexplorados sobretudo por ela mesma. A cada filme ela refaz, repensa, redescobre e reinterpreta a dimensão do personagem, do tempo, do plano, da montagem e do som”, afirma o curador Francis Vogner. Além do debate inaugural e de “Ostinato” na abertura, com a presença de Paula será realizada uma Mostra Homenagem, com a exibição de oito trabalhos: os longas “Diário de Sintra”, “Exilados do Vulcão”, “Noite”, “Luz nos Trópicos”, o videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo” (de Elza Soares) e os inéditos “Ópera dos Cachorros”, curta, e “Se hace camino al andar”, média.
AS MOSTRAS E A SELEÇÃO DE FILMES
MOSTRA AURORA
A Mostra Aurora, dedicada a filmes de realizadores com até três longas-metragens, conta com produções inéditas em circuitos de festival. De estética fortemente inventiva e realizados com poucos recursos, os sete trabalhos são: “Açucena” (BA), de Isaac Donato; “Oráculo” (SC), de Melissa Dullius e Gustavo Jahn; “Rosa Tirana” (BA), de Rogério Sagui; “Kevin” (MG), de Joana Oliveira; “A Mesma Parte de um Homem” (PR), de Ana Johann; “O Cerco” (RJ), de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spíndola; e “Eu, Empresa” (BA/MG), de Leon Sampaio e Marcus Curvelo. Todos vão ser avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra.
Para o curador Francis Vogner, os títulos têm singularidades que os tornam experiências distintas entre si e representam “um instantâneo do atual cenário de realização no país, com produções modestas, de baixo orçamento, sem editais e de possibilidade reduzida de circulação devido a efeitos da pandemia”.
MOSTRA OLHOS LIVRES
A Mostra Olhos Livres se notabiliza pela diversidade de olhares e formas e por não ter conceitos fechados ou critérios uniformizantes. Consolidou-se como uma mostra competitiva que esboça um panorama mais amplo de algumas das proposições mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro, em vários casos de títulos ou realizadores com alguma repercussão prévia em eventos de cinema de alcance nacional ou internacional. Em 2021, os selecionados são: “Irmã” (RS), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes; “Amador” (GO/MG), de Cris Ventura; “Subterrânea” (RJ), de Pedro Urano; “Nũhũ yãg mũ yõg hãm: Essa Terra é Nossa!” (MG), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero; “Rodson ou (Onde o Sol não Tem Dó)” (CE), de Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra; e “Voltei!” (BA), de Ary Rosa e Glenda Nicácio. A curadora Lila Foster destaca que a seleção “pode ser vista como um arquipélago de possibilidades criativas para se pensar um imaginário de país”, com cada filme lidando com suas questões de urgência através de escolhas ousadas de abordagem.
MOSTRA TEMÁTICA | VERTENTES DA CRIAÇÃO
A Mostra Vertentes da Criação se apropria do conceito central do evento este ano, que tem por base a percepção de que o cinema brasileiro se reconfigura constantemente nas circunstâncias impostas a ele e nas inquietações de criadores que constantemente revigoram as formas do fazer. Para isso, os curadores selecionaram cinco títulos que dialogam diretamente com a temática: “#eagoraoque” (SP), de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet; “Agora” (PE), de Dea Ferraz; “Entre Nós talvez Estejam Multidões” (MG/PE), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito; “Negro em Mim” (SP/MG/BA/PE/PA), de Macca Ramos; e “Pajeú” (CE), de Pedro Diógenes. Completam a relação do recorte temático os curtas “Uma Noite sem Lua”, de Castiel Vitorino Brasileiro; “Filme de Domingo”, de Lincoln Péricles; e “República”, de Grace Passô.
MOSTRA PRAÇA
Apesar de o contexto da pandemia impossibilitar a realização presencial do tradicional Cine-Praça, uma das atividades mais queridas da Mostra, a programação será mantida com o mesmo perfil de títulos de diálogo popular e imediato, desta vez exibidos no site da Mostra. Os selecionados do ano na Mostra Praça são: “Swingueira” (CE/BA), de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula; “Mirador” (PR), de Bruno Costa; “Sementes: Mulheres Pretas no Poder” (RJ), de Éthel Oliveira e Júlia Mariano; “Mulher Oceano” (RJ/SP), de Djin Sganzerla; e “Todas as Melodias” (RJ), de Marco Abujamra. Há ainda a sessão de Curtas na Praça, com filmes de menor duração apresentados em conjuntos que dialogam temática e esteticamente entre os selecionados.
MOSTRA HOMENAGEM
Também exclusiva de 2021 é a Mostra Homenagem dedicada à multiartista Paula Gaitán, celebrada nessa edição por sua contribuição ao cinema e ao audiovisual nas últimas décadas. A Mostra vai promover um encontro virtual com a cineasta e exibir 8 de seus trabalhos mais representativos: os longas “Diário de Sintra” (2007), “Exilados do Vulcão” (2013), “Noite” (2014), “Luz nos Trópicos” (2020), o videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo” (com Elza Soares) e três filmes inéditos – o curta “Ópera dos Cachorros”, o média “Se hace camino al andar”e “Ostinato”, filme de abertura da Mostra, na noite de 22 de janeiro, em pré-estreia mundial, que a diretora está finalizando para apresentar no evento.
MOSTRA SESSÃO DA MEIA-NOITE
Uma novidade de 2021 é a Sessão da Meia-noite, que vai exibir dois longas-metragens de terror dirigidos por cineastas reconhecidos mundialmente por seus trabalhos no gênero: “O Cemitério das Almas Perdidas” (ES), de Rodrigo Aragão; e “Skull – A Máscara de Anhangá” (SP), de Kapel Furman e Armando Fonseca.
MOSTRA FOCO
A Mostra Foco, composta por 11 títulos, conta com três linhas de aproximações entre os curtas-metragens: filmes que pensam a catástrofe, a destruição e o colapso do mundo, tratando sobre em que medida isso se conecta a uma crise generalizada da política institucional e de um projeto de país; filmes que borram fronteiras entre o real e o imaginário, o que existe de possível na concretude das vivências e o que há de criação do impossível no campo da imaginação; e enredos de distopia, com alegorias que aludem ao presente, pensam os processos históricos e apontam possíveis futuros. São eles: “4 Bilhões de Infinitos”, de Marco Antonio Pereira; “A Destruição do Planeta Live”, de Marcus Curvelo; “Abjetas 288”, de Júlia da Costa e Renata Mourão; “Céu de Agosto”, de Jasmin Tenucci; “De Costas pro Rio”, de Felipe Aufiero; “Drama Queen”, de Gabriela Luiza; “Eu te Amo, Bressan”, de Gabriel Borges; “Lambada Estranha”, de Luíza Marques e Darks Miranda; “Novo Mundo”, de Natara Ney e Gilvan Barreto; “Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que não Existe Mais”, de Rafael Luan e Mike Dutra; e “Ratoeira”, de Carlos Adelino.
MOSTRA PANORAMA
Já a Mostra Panorama contém especialmente curtas de realizadores com trajetórias já reconhecidas no cinema contemporâneo brasileiro ou com alguma circulação prévia em eventos de audiovisual no Brasil e no mundo. “Mas também selecionamos na Panorama curtas de jovens realizadores que estão se aventurando nas ficções em diálogo com os códigos do cinema de gênero e outros que estão buscando diferentes processos de criação dentro do documentário”, destaca a curadora Camila Vieira. São 26 filmes que formam um retrato dessa produção muitas vezes errante, devido aos obstáculos enfrentados pelos realizadores, mas que está sempre se consolidando como espaços fundamentais de expressão e que se mostram mundialmente como instantâneos das possibilidades do formato e da linguagem.
MOSTRA FOCO MINAS
Os nove filmes da Mostra Foco Minas trazem um sobrevôo na vigorosa produção contemporânea no estado. Realizadores iniciantes e experientes elaboram traumas individuais e coletivos, subjetividades e identidades em gestos que vão da representação direta à dimensão fabuladora, apontando possíveis saídas pelos caminhos do imaginário.
MOSTRA FORMAÇÃO
Dedicada inteiramente aos filmes realizados em escolas e faculdades, as sessões da Mostra Formação evidenciam a potência e a efervescência criativa da juventude brasileira, que mesmo em tempos e condições tão adversas consegue propor experimentos e narrativas inventivas, que traduzem seu tempo e seus iguais. Nesta edição, nove filmes criam um panorama da produção de vários cantos do país.
MOSTRINHA, MOSTRA JOVEM E SESSÃO FAMÍLIA
Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live-action. Para as crianças, cinco curtas trazem histórias lúdicas e educativas. Para os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento para a vida adulta.
Para as famílias assistirem juntas, a Mostrinha conta esse ano com uma Sessão Família com o longa-metragem infantojuvenil “Passagem Secreta” (PR), de Rodrigo Grota, que mostra a jornada de uma garotinha ao descobrir segredos de sua própria família quando entra escondida num parque de diversões.
OS DEBATES
Extensão fundamental da programação de filmes na Mostra de Cinema de Tiradentes, o 24o Seminário do Cinema Brasileiro será realizado ao vivo durante a programação da 24a Mostra de Cinema de Tiradentes, entre os dias 22 e 30 de janeiro e reúne 112 profissionais no centro das discussões de 24 debates, sendo 13 deles integrantes da série Encontros com os Filmes, junto com críticos convidados para debater os títulos das Mostras Aurora, Olhos Livres, Foco e Filme de Encerramento; um debate inaugural dedicado ao percurso da cineasta homenageada Paula Gaitán; três debates temáticos; cinco rodas de conversa e dois bate-papos das sessões da Mostra Formação.
Os debates conceituais se iniciam já na noite de abertura, 22 de janeiro, a partir das 20 horas, com o debate inaugural “O percurso de Paula Gaitán”, que apresenta e analisa a trajetória, as inovações estéticas e a criatividade expressiva da cineasta homenageada nessa edição. Além da própria Paula, participam da conversa Arrigo Barnabé (músico e ator), Ava Gaitán Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux (atriz) e Eryk Rocha (cineasta), sob mediação do coordenador curatorial Francis Vogner dos Reis.
Nos Encontros com os Filmes, realizados entre os dias 24 e 30 de janeiro, domingo a sábado, críticos e pesquisadores convidados discutem algumas das produções em exibição no evento, com a participação dos realizadores. Todos os sete longas-metratens da Mostra Aurora, os seis da Olhos Livres e o filme de encerramento “Valentina”, dirigido por Cássio Pereira dos Santos, têm bate-papos. Os onze curtas-metragens da Mostra Foco serão debatidos com a presença de seus diretores, em três encontros, cada um dedicado a uma sessão.
No dia 23, sábado, às 11 horas, a temática da Mostra em 2021 começa a ser detalhadamente debatida na mesa “Vertentes da Criação”, que convida o público a discutir processos como a construção de personagens e de espaço, a escrita, a montagem e outros mais, a partir da ação concreta e poética de corpos criadores de imagens. Participam a montadora Cristina Amaral e o diretor e roteirista Adirley Queirós, com mediação da curadora Lila Foster.
As conversas a partir das Vertentes da Criação seguem por outros dois debates conceituais. “O que é uma personagem?”, no dia 26, terça-feira, às 16 horas, discute a criação de figuras na tela para além da escrita tradicional de roteiros e a partir de experiências e observações diretamente vindas do mundo, com presença dos cineastas Carol Rodrigues , Gabriel Martins e Lincoln Péricles, mediados pelo pesquisador André Antônio. Já no dia 28, quinta-feira, a partir das 16 horas, a mesa “Processos e fundamentos da criação” reúne Ana Maria Gonçalves (escritora e roteirista), Grace Passô (atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro) e Lívia de Paiva (cineasta), com mediação da crítica Kênia Freitas, para falarem sobre o que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e uma ética das imagens e sob quais desdobramentos em relação a espaços, poéticas, personagens e tempo.
REPRESENTATIVIDADE
Entre os longas-metragens, a organização da 24a edição da Mostra de Cinema de Tiradentes recebeu 111 inscrições válidas de longas-metragens e selecionou 27 filmes. Pelos dados de etnia/raça de realizadores com longas inscritos, 81 realizadores se autodeclararam brancos/caucasianos, 17 negros, 14 pardos, 1 asiático, 1 mestiço, 3 indígenas, 1 não-branco e 17 não se autodeclararam. Em identidade de gênero, 70 se autodeclararam homens cisgênero, 44 mulheres cisgênero, 2 não binárie, 1 mulher transgênero. 18 não forneceram informações sobre identidade de gênero. Entre os 27 selecionados, 8 se autodeclararam mulheres cis brancas, 2 mulheres cis negras, 1 mulher cis indígena, 1 mulher trans branca, 18 homens cis brancos, 3 homens cis negros, 3 homens cis pardo e 1 homem cis indígena.
Nos curtas-metragens, foram 748 trabalhos inscritos. Pelos dados de etnia/raça autodeclarados pelos realizadores, foram 403 brancos/caucasianos, 124 negros, 75 pardos, , 9 asiáticos, 5 indígenas, 1 afroindígena e 1 não-branco. Nos dados de identidade de gênero, também autodeclarados, constam entre os inscritos 308 homens brancos cisgênero, 252 mulheres cis, 1 travesti, 1 travesti não-binário, 3 homens transgêneros, 5 mulheres transgêneros e 15 não-binários. Considerando os 79 curtas-metragens selecionados, os dados de raça e gênero de realizadores são de 8 mulheres cis negras, 2 mulheres cis pardas, 26 mulheres cis brancas, 1 mulher cis indígena, 1 mulher trans amarela, 1 travesti negra, 10 homens cis negros, 1 homem cis pardo, 21 homens cis brancos, 1 homem trans branco, 2 não-binários brancos e 1 não-binário negro.
A CURADORIA
A coordenação curatorial do evento é assinada pelo crítico Francis Vogner dos Reis, que também assina com a pesquisadora Lila Foster a seleção de longas-metragens. A seleção de curtas-metragens foi feita por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva. Os filmes estarão distribuídos nas seguintes mostras: Aurora, Olhos Livres, Temática, Homenagem, Foco, Panorama, Foco Minas, Praça, Formação, Sessão da Meia-noite, Jovem e Mostrinha. Vários deles vão contar com debates ao longo do evento, nos Encontros com os Filmes, com a presença de diretores, equipes de produção e críticos convidados. A abertura do evento será no dia 22, com o filme inédito e em finalização “Ostinato”, dirigido pela homenageada desse ano, Paula Gaitán. O encerramento no dia 30 terá a pré-estreia de Valentina (MG), de Cássio Pereira dos Santos.
O JÚRI JOVEM
A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que será realizada de 22 a 30 de janeiro de 2021,divulga a relação de cinco estudantes universitários selecionados para o Júri Jovem. O grupo vai analisar os longas-metragens da mostra Olhos Livres e escolherá um deles para ganhar o Troféu Carlos Reichenbach.
Anália Alencar, 25 anos, estudante 9° período de Comunicação Social, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
Lorenna Rocha, 24 anos, estudante 10º período da Licenciatura em História, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
Ana Júlia Silvino, 20 anos, estudante 3º período de Rádio, TV e Internet, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF);
Rodrigo Sampaio Cauhi, 20 anos, estudante 6º período do curso de Cinema e Audiovisual, da PUC Minas;
Manu Zilveti, 24 anos, estudante do 5° período de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas (UFpel).
SELEÇÃO DE CURTAS DESTACA PANDEMIA E IMAGINAÇÃO
Para sua 24a edição, a Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada entre 22 e 30 de janeiro de 2021, selecionou 79 curtas-metragens de 19 estados brasileiros para comporem as diferentes sessões que anualmente atraem centenas de espectadores interessados em conhecer os rumos do formato na produção brasileira. Por conta da pandemia, em 2021 a Mostra terá realização predominantemente remota, com ações pontuais na cidade de Tiradentes.
A curadoria de curta-metragem, composta por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva, recebeu 748 inscrições, de onde foram definidos os 79 títulos, distribuídos nas mostras Foco (11), Panorama (26), Foco Minas (9), Temática (3), Praça (13), Formação (9), Jovem (3) e Mostrinha (5). Os estados de Minas Gerais e São Paulo aparecem com maior quantidade de trabalhos na seleção, com 16 filmes cada. Há ainda produções de Alagoas (1), Amazonas (4), Bahia (4), Ceará (4), Brasília (2), Espírito Santo (2), Goiás (1), Mato Grosso (1), Pará (3), Paraíba (1), Paraná (5), Pernambuco (4), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (5), Santa Catarina (2) e Sergipe (2).
“No processo de seleção, percebemos muitos curtas realizados durante o isolamento social devido à pandemia e selecionamos aqueles que conseguiram propor deslocamentos ao estado permanente de tristeza que nos imobiliza”, comenta Camila Vieira, uma das curadoras. “O que nos chamou atenção foram curtas feitos com as restrições do isolamento que buscaram formas inventivas de realização de cinema e processos de criação, como ‘República’, da Grace Passô, ou ‘Minha Bateria está Fraca e está Ficando Tarde’, de Rubiane Maia e Tom Nóbrega, entre outros”.
Para Felipe André Silva, que estreia na equipe de curadoria de curtas da Mostra de Tiradentes, a percepção foi de que especialmente a produção de classe média e seus “filmes de pandemia” encontrou dificuldades para se expandir além das temáticas sobre si mesma ou escapar das limitações espaciais impostas pelo isolamento. “Foi então um desafio que nós adotamos, o de encontrar trabalhos que quebrassem com essa lógica”, afirma Felipe. Ele chama atenção para títulos como “Drama Queen”, de Gabriela Luiza, “Levantado do Chão”, de Melissa Dulius e Gustavo Jahn, ou “Eu te Amo, Bressan”, como exemplares da liberdade estética e narrativa potencializadas pelo contexto – e não só para falar de pandemia.
Na edição desse ano da Mostra Foco, cujos filmes são avaliados pelo Júri Oficial, será possível, segundo a equipe de curadoria, perceber três linhas de aproximações entre os curtas, que vão desde propostas experimentais a construções ficcionais. A primeira é de curtas que pensam a catástrofe, a destruição e o colapso do mundo em que vivemos, tratando sobre em que medida isso se conecta a uma crise generalizada da política institucional e de um projeto de país; a segunda linha inclui curtas que borram fronteiras entre o real e o imaginário, o que existe de possível na concretude das vivências e o que há de criação do impossível no campo da imaginação; e a terceira linha são filmes de distopia, com alegorias que aludem ao presente, pensam os processos históricos e apontam possíveis futuros.
Já a Mostra Panorama contém curtas de realizadores com trajetórias já reconhecidas no cinema contemporâneo brasileiro, casos das duplas Gustavo Jahn & Melissa Dullius e Lucas Parente & Rodrigo Lima e de nomes como Julia Katharine e Ricardo Alves Jr., entre outros. “Mas também selecionamos na Panorama curtas de jovens realizadores que estão se aventurando nas ficções em diálogo com os códigos do cinema de gênero e outros que estão buscando diferentes processos de criação dentro do documentário”, destaca Camila Vieira.
Para Felipe André, será estimulante ao público se deparar com alguns voos criativos surpreendentes dentro da vasta seleção. “No meio de um mundo que está ruindo, foi importante atentarmos também para o que se apresentava como virtuosismo cinematográfico”, diz o curador. “A Mostra de Tiradentes é o espaço de celebração do cinema que olha para a frente e ainda aquele que está sendo feito nas condições permitidas pelo momento histórico. Assim como se anunciava em 2020, a imaginação prossegue sendo uma potência, e isso será reiterado dentro das propostas temáticas da edição de 2021”.
MOSTRA FOCO
4 BILHÕES DE INFINITOS, Marco Antonio Pereira (MG)
A DESTRUIÇÃO DO PLANETA LIVE, Marcus Curvelo (BA)
ABJETAS 288, Júlia da Costa e Renata Mourão (SE)
DE COSTAS PRO RIO, Felipe Aufiero (AM / PR)
DRAMA QUEEN, Gabriela Luíza (MG)
EU TE AMO, BRESSAN, Gabriel Borges (PR)
LAMBADA ESTRANHA, Luisa Marques & Darks Miranda (RJ)
NOVO MUNDO, Natara Ney e Gilvan Barreto (RJ)
PRECES PRECIPITADAS DE UM LUGAR SAGRADO QUE NÃO EXISTE MAIS, Rafael Luan e Mike Dutra (CE)
CÉU DE AGOSTO, Jasmin Tenucci (SP)
RATOEIRA, Carlos Adelino (SC)
MOSTRA PANORAMA
À BEIRA DO PLANETA MAINHA SOPROU A GENTE, Bruna Barros e Bruna Castro (BA)
A PONTUALIDADE DOS TUBARÕES, Raysa Prado (PB)
ADELAIDE, AQUI NÃO HÁ SEGUNDA VEZ PARA O ERRO, Anna Zêpa (SP)
ANIMAIS NA PISTA, Otto Cabral (PB)
BABELON, Leon Barbero (SP)
CAMINHOS ENCOBERTOS, Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral (SP)
CHOVEU HÁ POUCO NA MONTANHA DESERTA, Rei Souza (GO)
CONSTRUÇÃO, Leonardo da Rosa (RS)
ENTERRADO NO QUINTAL, Diego Bauer (AM)
FORA DE ÉPOCA, Drica Czech e Laís Catalano Aranha (SP)
ILHA DO SOL, Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis (RJ)
LEVANTADO DO CHÃO, Melissa Dullius e Gustavo Jahn (SC / RS)
MANGUE-BRANCO, Flávia K. Ventura (SP)
MENARCA, Lillah Halla (SP)
MILTON FREIRE, UM GRITO ALÉM DA HISTÓRIA, Victor Abreu (RJ)
MINHA BATERIA ESTÁ FRACA E ESTÁ FICANDO TARDE, Rubiane Maia / Tom Nóbrega (SP)
O JARDIM FANTÁSTICO, Fábio Baldo, Tico Dias (SP)
OPY’I REGUA, Júlia Gimenes, Sérgio Guidoux (RS)
DE DORA, POR SARA, Sara Antunes (SP)
SEIVA BRUTA, Gustavo Milan (AM)
TRÊS GRAÇAS, Luana Laux (ES)
VAGALUMES, Léo Bittencourt (RJ)
VIDA DENTRO DE UM MELÃO, Helena Frade (MG)
VITÓRIA, RICARDO ALVES JR (MG)
VOCÊ JÁ TENTOU OLHAR NOS MEUS OLHOS?, Tiago Felipe (PR)
WON’T YOU COME OUT TO PLAY?, Julia Katharine (SP)
MOSTRA FORMAÇÃO
A VERDADE SAI DE SEU POÇO PARA ENVERGONHAR A HUMANIDADE, Matheus Strelow (RS)
CAMINHOS NA NOITE, Douglas Oliveira (SE)
COMBOIO PRA LUA, Rebeca Francoff (MG)
ELA VIU ARANHAS, Larissa Muniz (MG)
NOÇÕES DE CASA, Giulia Maria Reis (RJ)
O FILHO DO HOMEM, Fillipe Rodrigues (PA)
PARA TODES, Victor Hugo, Samara Garcia e equipe (RJ)
PÁTRIA, Lívia Costa e Sunny Maia (CE)
VANDER, Barbara Carmo (BA)
MOSTRA JOVEM
LETÍCIA, MONTE BONITO, 04, Julia Regis (RS)
POR OUTRAS PRIMAVERAS, Anna Carolina Moura Mol de Freitas (MG)
TRAÇADOS, Rudyeri Ribeiro (PA)
MOSTRA FOCO MINAS
23 MINUTOS, Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo (MG)
CRUA, Clara Vilas Boas e Emanuele Sales (MG)
LENÇOL BRANCO, Rebecca Moreno (MG)
MINEIROS, Amanda Dias (MG)
O MUNDO MINERAL, Guerreiro do Divino Amor (MG)
PIETÀ, Pink Molotov (MG)
SAPATÃO: UMA RACHA/DURA NO SISTEMA, Dévora mc (MG)
VIDEOMEMORIA, Aiano Bemfica, Pedro Maia de Brito (PE/MG)
VIGÍLIA, Rafael dos Santos Rocha (MG)
MOSTRA PRAÇA
5 FITAS, Heraldo de Deus e Vilma Martins (BA)
AINDA TE AMO DEMAIS, Flávia Correia (AL)
CASA COM PAREDE, Dênia Cruz (RN)
ELA QUE MORA NO ANDAR DE CIMA, Amarildo Martins (PR)
MAGNÉTICA, Marco Arruda (RS)
NOITE DE SERESTA, Sávio Fernandes e Muniz Filho (CE)
O BARCO E O RIO, Bernardo Ale Abinader (AM)
PEGA-SE FACÇÃO, Thaís Braga (PE)
PRIMEIRO CARNAVAL, Alan Medina (SP)
QUARTA: DIA DE JOGO, Clara Henriques e Luiza França (RJ)
RÁDIO CAPITAL ALVORADA, Rafael Stadniki (DF)
REBU, Mayara Santana (PE)
VOCÊ TEM OLHOS TRISTES, Diogo Leite (SP)
MOSTRINHA
FOGUETE, Pedro Henrique Chaves (DF)
MITOS INDÍGENAS EM TRAVESSIA, Julia Vellutni & Wesley Rodrigues (SP)
NAPO, Gustavo Ribeiro (PR)
O MENINO E O OVO, Juliana Capilé (MT)
VENTO VIAJANTE, Os Alunos / Analúcia Godoi (CE)
MOSTRA TEMÁTICA VERTENTES DA CRIAÇÃO
FILME DE DOMINGO, LINCOLN PÉRICLES (SP)
REPÚBLICA, Grace Passô (SÃO PAULO)
UMA NOITE SEM LUA, Castiel vitorino brasileiro (ES/SP)