Revista da Semana | 26 de novembro de 2020
Estreias e Dicas desta quinta-feira
Por Redação
Três consequências são mais perceptíveis a cada dia para quem produz e/ou cobre conteúdo cinematográfico: cansaço físico, esgotamento mental e frustração informativa, tudo porque a quantidade de novidades vem por fluxo constante, intercalada e intermitente. Durante essa semana, o Vertentes do Cinema teve uma sensação, quase epifania, de que, por mais que sejamos máquinas, é impossível cobrir todos os festivais e assistir a todos os filmes, visto que o dia só possui vinte e quatro horas. E ainda que a propaganda de um banco afirme entregar trinta, ainda assim, as horas extras não são suficientes. Se soluções futuristas como clonagem e “virar o tempo” à moda de “Harry Potter” constituem-se como fantasias, então nós precisamos transformar projeção utópica em realidade. E aí que somos agraciados com outro ensinamento da Quarentena: o de priorizar escolhas. De focar no que é mais importante e relevante. De remodelar nossos pensamentos consumistas-acumuladores. Sim, os seres humanos querem sempre o mais para que possam se manter com a ilusão de que quanto mais conseguir, melhor será. Há anos nosso site tenta incorporar princípios do Minimalismo. Leva tempo e não é tão fácil assim “deixar ir” coisas-memórias afetivas. O Vertentes do Cinema ainda se encontra somente a duas mãos. Um trabalho árduo. De resistência pelo audiovisual. Que transcende os efeitos físicos e mentais. Portanto, o lema “Reinventar-se” mudou para “Priorize o que é importante”. Confira a seguir as novidades, dicas e estreias na Revista Semanal do Vertentes na curadoria especial de seu editorial.
CURTA DA SEMANA
SESSÃO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA
O XADREZ DAS CORES
ASSISTA AQUI (2004, Brasil, 21 minutos, de Marco Schiavon). O curta-metragem narra a história de uma senhora branca que fica sob a guarda de uma empregada doméstica negra. A idosa não faz questão nenhuma de disfarçar seu racismo é utiliza o jogo de xadrez humilhar a empregada, mas é justamente o jogo de xadrez que fará com que as personagens produzam reflexões que mudarão as suas vidas.
PRÓXIMO CURTA
SESSÃO CLÁSSICOS BRASILEIROS
ARUANDA
(1959, Brasil, 21 minutos, de Linduarte Noronha). Os quilombos marcaram época na história econômica do Nordeste canavieiro. A luta entre escravos e colonizadores terminava, ás vezes, em episódios épicos, como Palmares. ESTREIA 03/12, 00:01.
EM CASA
ERA UMA VEZ UM SONHO
(Hillbilly Elegy, 2020, Estados Unidos, 117 minutos, de Ron Howard, CRÍTICA AQUI). A família Vance se muda para Ohio na esperança de viver longe da pobreza. O membro mais jovem do grupo cresce e se torna um estudante de direito na universidade de Yale. Um dia ele é obrigado a retornar para sua cidade natal e se depara com a dura realidade de sua família. Amy Adams, que encarna a mãe dependente química, e Glenn Close, a avó, que “segura o rojão” das consequências trágicas, não só equilibram o caminho narrativo, como ditam as regras da jornada do longa-metragem, que estreou ontem na plataforma digital Netflix, após uma semana nos cinemas brasileiros. Disponível na plataforma digital Netflix.
QUEM PODE JOGAR?
(2020, Brasil, 76 minutos, de Marcos Ribeiro, CRÍTICA AQUI). Documentário, que integrou a edição online do Festival Mix Brasil 2020, revela como quatro corajosos atletas transexuais treinam, jogam e enfrentam as barreiras do preconceito no esporte. O diretor acompanha, pelo ponto de vista dos próprios atletas, e com olhos livres, a rotina da menina patinadora de 10 anos Maria Joaquina, o intenso treinamento do fisiculturista Juliano Ferreira, a jornada da jogadora de vôlei Isabela Neris e os desafios da lutadora de MMA e jiu jitsu Anne Viriato, uma mulher que gosta de enfrentar homens no octógono. Disponível na plataforma digital Spcine Play.
FAMÍLIA DE AXÉ
(2019, Brasil, 117 minutos, de Tetê Moraes, CRÍTICA AQUI). Em uma relação de décadas com o pai de santo Alberto Ribeiro Santana, Tetê Moraes decide registrar não somente os costumes e festas do terreiro de candomblé do amigo,mas também a sua proximidade com a família consanguínea e de axé que foi sendo construida desde a década de 80. O filme de Moraes funciona como um registro dos rituais do terreiro, mas também como registro do afeto construído durante anos entre ela e essa família. Tete é madrinha de um dos meninos e presença constante nas festas de família. Um acontecimento, que nos é revelado somente ao final do filme, também evidencia a necessidade de registrar espaços como esse, apesar do impedimento e do segredo que permeiam a religião. Os ensinamentos do axé são passados para os iniciados através da oralidade, outra herança de raízes africanas.
SELEÇÃO ESPECIAL CINEMATECA FRANCESA
TERRA SEM PÃO
(Terre sans pain (Las Hurdes), 1932, 36 minutos, de Luis Buñuel, Silencioso, ASSISTA AQUI).
Em 1932, Luis Buñuel dirigiu um filme que hoje se tornou um grande marco na história do documentário: Terra Sem Pão. Em 1966, sua irmã, Conchita Buñuel, deu a Marcel Oms, fundador do Instituto Jean-Vigo de Perpignan, várias caixas que o grande cineasta não queria mais guardar – teria até proposto, segundo as palavras de Marcel. Oms, “que façamos uma enorme fogueira na zona rural de Calanda, queimando-a ele próprio numa efígie no meio”. Eram episódios não editados de Terre sans pain . Dada a fragilidade dessas imagens, o Instituto Jean-Vigo opta por confiá-las à Cinémathèque de Toulouse. A digitalização 2K do elemento positivo dos originais de nitrato foi realizada em 2020 pela Cinémathèque de Toulouse. Agradecimentos especiais a Francesca Bozzano e Franck Loiret (Cinémathèque de Toulouse) e a Laurence Braunberger (Films du Jeudi). “Em Las Hurdes , nada é grátis. É talvez o filme menos “gratuito” que já fiz”, trecho de Conversas com Luis Buñuel: É perigoso inclinar-se , entrevistas com Tomás Pérez Turrent e José de la Colina, Cahiers du cinema, 1993).
ESTREIAS NOS CINEMAS
PACARRETE
(2019, Brasil, 97 minutos, de Allan Debberton, CRÍTICA AQUI). “Pacarrete” de Allan Debberton traz a história de uma bailarina e professora aposentada da cidade de Russas, município do estado do Ceará, interpretada pela atriz Marcélia Cartaxo. Está se aproximando o aniversário de 200 anos da cidade e Pacarrete deseja apresentar o seu número de balé, preparado com tanto carinho, na programação da festividade, o que para ela seria um presente “para o povo”. Só que para isso depende da decisão de incluí-la ou não por parte autoridades que montam a programação da festividade.
BABENCO, ALGUÉM TEM QUE OUVIR O CORAÇÃO E DIZER: PAROU
(2019, Brasil, 75 minutos, de Bárbara Paz, CRÍTICA AQUI). “Eu já vivi minha morte, agora só falta fazer um filme sobre ela”, disse o cineasta Hector Babenco a Bárbara Paz, ao perceber que não lhe restava muito tempo de vida. Ela aceitou a missão e realizou o último desejo do companheiro: ser protagonista da própria morte. Nesta imersão na vida do diretor, ele se desnuda, consciente, em situações íntimas e dolorosas. Revela medos e ansiedades, mas também memórias, reflexões e fabulações, num confronto entre o vigor intelectual e a fragilidade física que marcou sua vida. Do primeiro câncer, aos 38 anos de idade, até́ a morte, aos 70, Babenco fez do cinema remédio e alimento para continuar vivendo. Vencedor do prêmio de melhor documentário sobre cinema no Festival de Veneza. E foi o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2021.
MULHER OCEANO
(2020, Brasil, 99 minutos, de Djin Sganzerla, CRÍTICA AQUI). Uma escritora brasileira que acaba de se mudar para Tóquio dedica-se a escrever um novo romance, instigada por suas experiências no Japão e por uma das últimas cenas que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora de travessia oceânica rasgando o horizonte com vigorosas braçadas em mar aberto. Essas duas mulheres, aparentemente, não compartilham nenhuma conexão, até que a vida de uma começa a interferir na vida da outra, estranhamente ligadas pelo mar. Hannah, a escritora, mergulha em uma jornada de autodescoberta no Japão, enquanto Ana, a nadadora, no Rio, estranhamente tem seu corpo transformado em uma espécie de oceano interior.
TUDO SOBRE O FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA 2020
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
NOSSA COBERTURA CRÍTICA DO FESTIVAL DE VITÓRIA 2020
(clique AQUI ou na foto e leia tudo)
CONHEÇA OS FILMES DO FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO 2020
(clique AQUI ou na foto e leia tudo)
AINDA DÁ TEMPO! ACESSE O FORUM.DOC 2020
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo acessando o site do festival)
Revista da Semana | 26 de novembro de 2020
CINEMA EM CONVERSAS #27: SEGUNDA TEMPORADA
NOVO HORÁRIO. Toda sexta-feira às 21:00 no youtube Lume Filmes Oficial e no youtube do Vertentes do Cinema tem o programa CINEMA EM CONVERSAS com Frederico Da Cruz Machado, Marco Fialho e Fabricio Duque. No dia 27/11, nós encontraremos VÁ E VEJA, de Elem Klimov.
Enquanto o programa inédito (e ao vivo) não começa, confira os anteriores da PRIMEIRA TEMPORADA:
#01: A HORA DO LOBO, de Ingmar Bergman
#02: A LIBERDADE É AZUL, de Krzysztof Kieślowski
#03: QUERELLE, de Rainer Werner Fassbinder
#04: CIDADÃO KANE, de Orson Welles
#05: CLEO DE 5 AS 7, de Agnès Varda
#06: FAÇA A COISA CERTA, de Spike Lee
#07: AS DIABÓLICAS, de Henri-Georges Clouzot
#08: S. BERNARDO, de Leon Hirszman
#09: VELUDO AZUL, de David Lynch
#10: ASAS DO DESEJO, de Win Wenders
#11: VIVER, de Akira Kurosawa
#12: MORTE EM VENEZA, de Luchino Visconti
#13: QUANTO MAIS QUENTE MELHOR, de Billy Wilder
#14: O ANJO EXTERMINADOR, de Luis Buñuel
#15: PAISAGEM NA NEBLINA, de Théo Angelopoulos
#16: DANÇANDO NO ESCURO, de Lars von Trier
#17: A HORA DA ESTRELA, de Susana Amaral
#18: LANTERNAS VERMELHAS, de Zhāng Yìmóu
#19: ZERO DE CONDUTA, de Jean Vigo
#20: OITO DE MEIO, de Federico Fellini
SEGUNDA TEMPORADA
#21: NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS, de John Ford
#22: REPULSA AO SEXO, de Roman Polanski
#23: O SILÊNCIO, de Mohsen Makhmalbaf
#24: CORAÇÃO SATÂNICO, de Alan Parker
#25: TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS, de Apichatpong Weerasethakul
#26: UMBERTO D, de Vittorio De Sica
ASSISTA AO FILME
INSCREVA-SE YOUTUBE VERTENTES DO CINEMA
(clique AQUI ou na foto e fique conectado nas novidades)
CINECLUBE RECINE #15
HOMENAGEM A DIEGO MARADONA POR CRÍTICAS
DIEGO MARADONA
(2019, Reino Unido, 130 minutos, de Asif Kapadia, CRÍTICA AQUI). Em julho de 1984, Diego Maradona chegou na Itália para jogar pelo Napoli. Um dos jogadores de futebol mais celebrados da história, o craque argentino levou o time a ganhar seu primeiro grande campeonato e passou sete anos quebrando recordes.
MARADONA POR KUSTURICA
(Maradona by Kusturica, 2008, Espanha, 90 minutos, de Emir Kusturica, CRÍTICA AQUI). Saído da pobreza, Diego Maradona tornou-se o maior ídolo do esporte argentino: um artista em campo e inspiração para milhões de pessoas. A esta ascensão espetacular, sucedeu-se uma trágica queda, marcada pelas drogas. A vida deste homem, que conquistou o mundo, desceu aos infernos e ressurgiu brilhantemente, é contada sob a ótica de um de seus mais fervorosos fãs, Emir Kusturica. Estabelecendo um elo íntimo com o jogador, o cineasta traça sua homenagem percorrendo os lugares mais importantes da vida do craque, conversando com amigos próximos e explorando materiais de arquivo.
TUDO SOBRE O FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS 2020
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
TUDO SOBRE NA REAL_VIRTUAL PARTE 2
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
Revista da Semana | 26 de novembro de 2020