“Novo Mundo” de Natara Ney e Gilvan Barreto é um curta que busca uma exposição de problemas históricos no Brasil a partir de nossa colonização, trazendo para um campo onde o passado e o presente dialogam como uma perpetuação desse imperialismo que fundamentou as bases de uma sociedade violenta, racista e segregacionista. 

O filme persegue uma linguagem de representação na performance de uma protagonista, com uma voz em off que busca dar o tom de cada cena, mas parece excessivamente preocupado em gerar impacto a partir das falas e termina por reproduzir grande parte dos discursos convencionais que permeiam uma ideia de resistência política, sem realizar uma crítica totalizante na própria relação do espaço e tempo que propõe. Ou seja, se torna mais um projeto que investe em uma mesma forma e proposta que se repete ano após ano.

A idealização da misancene como uma unidade que vai se construindo a partir de uma performance quase imediatista. “Novo Mundo” é uma projeção do “desenvolvimento” nas relações políticas entre resistência e as políticas cinematográficas que encontraram um platô na criação. É a mímesis dos royalties que fomentaram anos de discurso que findaram em uma obra que não encontra o próprio eixo, dialoga com o desespero e o ódio mas parece tentar ampliar a estrutura para comportar uma sociedade nessa performance. Mas a reprodução acaba replicando tudo novamente. 

O caos peçonhento da brasilidade é difícil de enquadrar na objetiva, o subdesenvolvimento desidrata cada possibilidade e os voos que vislumbrar a capilarização a partir de uma gravidade performática única, sem um núcleo tão bem definido é algo que já é feito há uns 60 anos no Brasil e precisa de uma revisão crítica urgentemente. Acredito na força de determinadas ideias retiradas daí, mas uma renovação é necessária para manter o negócio de pé, do contrário estaremos fadados à repetição formal.