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Crítica: O Acampamento

Impiedoso e brutal: o acampamento que você não vai querer estar

Por Marcus Teixeira


Não é muito comum um filme de suspense ter como plano de fundo um acampamento. O cenário pode ser super batido, quando nos referimos ao local onde ocorre a maior parte das ações. Porém o enredo construído em “O acampamento”, traz bastantes elementos que fará você pensar bastante antes de escolher onde quer acampar.

A história é quase igual aquelas tantas outras que você já assistiu: Um casal de namorados resolve passar a virada do ano acampados em um local isolado. O que tinha tudo para ser uma lua de mel perfeita, com direito a champanhe, céu estrelado e muito amor, acaba se transformando em um grande pesadelo. Mas os planos acabam não acontecendo da maneira como previam.

Ao chegarem no camping Ian (Ian Meadows) e Samantha (Harriet Dyer) se deparam com uma barraca de camping vazia, aparentemente, esperando os donos voltarem. Mas com o passar das horas, fica evidente que algo aconteceu. Sam então decide verificar e percebe que algo, de fato, ocorreu.

A partir daí o que vemos é um verdadeiro filme de suspense, com todos elementos possíveis. “O acampamento” não é um filme inovador, a história na maior parte do tempo é previsível e arrastada. Com um pouco mais de uma hora e meia de filme, adrenalina demora um pouco para acontecer, mas quando acontece o espectador fica impactado como a brutalidade em que a história é contada.

O filme é um suspense Australiano, o que por si já seria uma, excelente, novidade para quem quer fugir dos blockbuster americanos. Embora premissa: jovens acampando, não seja nenhuma novidade, nem nas comédias, nem nos filmes de terror. Quem não se lembra de “A bruxa de Blair”?

Em “O acampamento”, a tensão é provocada pela insanidade do homem. Nada ligado ao sobrenatural ou a comédia. O desenrolar inicial do filme é previsível. Talvez pelo campo de ação limitado, camping. Ou pelo diretor que optou por uma direção apostando nos elementos de tensão dos personagens, que são levados quase ao esgotamento emocional.

Com mais de uma hora e meia de filme o filme se arrasta até os quarenta minutos iniciais, quando os vilões interpretados por (German) Aaron Perderson e (Chook) Aanron Glenane. Que chegam para agitar a história que até então andava “água com açúcar” sem empolgar.

Os antagonistas roubam a cena a cada aparição. Aaron Perderson e Aanron Glenane são vilões inescrupulosos, assassinos, cruéis e loucos. A chegada dos dois personagens ao acampamento, elevam o filme de patamar. Eles trazem elementos necessários para fazer de “O acampamento” um bom filme de suspense.

Dirigido por Damien Power, o diretor optou por uma narrativa não linear, onde os fatos se sobrepõe a linha do tempo. Esse recurso valorizou o único cenário existente no filme: um camping, onde toda grande ação ocorre. Mas como as histórias se entrelaçam é quase impossível, inicialmente, não confundir o tempo em que ocorre a ação está ocorrendo.

“O acampamento” foi produzido sem muitos recursos, mas não que isso atrapalhe o andamento do filme. Ao contrário a falta dele, permitiu que o diretor utilizar recursos cinematográficos para explicar a trama sem parecer linear ou mesmo lógica.

No filme duas famílias são retratadas, sendo uma a típica família, pai, esposa, filho e uma filha adolescente, a caricatura da rebeldia, fumando e fazendo selfie. E na outra, dois amigos que utilizam a violência para construírem a relação.

Essas relações familiares, ainda que baseada na insanidade, mostra como todos os personagens estão expostos a um certo nível de protecionismo: a mãe que cuida da filha, os amigos que cuidam um do outro. Amores tão delicados para personalidades fortes e emocionalmente instáveis.

Em geral “O acampamento” não é o melhor filme de suspense que você assistirá esse ano. Porém todas as cenas parecem estar amarradas dentro da costura que é o enredo. Não há uma cena solta que fuja do contexto do filme. Uma cena que possa ser dispensada. Todas as cenas estão justificadamente dialogando com o enredo e com a construção dos personagens.

Caso você não durma até os quarenta minutos iniciais prepare-se para um filme eletrizante, que não abre mão da brutalidade para escancarar as mazelas dos seres humanos. Esses que andam cada vez mais violentos, verdadeiros doentes e com atitudes irracionais embasados na violência.

Para quem ama um suspense e busca fugir da grande Indústria cinematográfica “O acampamento” tende a melhor opção de filme do gênero que esteja em cartaz.

3 Nota do Crítico 5 1

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