O roteiro cria o épico novelesco ao traçar nascimento à morte dos ícones musicais “protagonizados” aqui, e que são interpretados na infância, adolescência, pós-adolescência e “velhice”. Como são vários atores interpretando o mesmo personagem, requer agora, uma análise interpretativa, que gera os altos e baixos. A excelente parte fica por conta do elenco, destaques aos “Gonzaguinhas” Julio Andrade (na fase final – fantástico), Alison Santos (fase mirim – incrível), aos “Gonzagas”, Land Vieira (fase adolescente – perfeito, principalmente na cena de surra pela sua mãe), Adélio Lima (fase final) e aos coadjuvantes, Nanda Costa, Silvia Buarque, Luciano Quirino, Claudio Jaborandy, Cyria Coentro, Olivia Araújo, Zezé Motta, João Miguel. O filme, uma homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga (1912 – 1989), mostra uma queda ao prolongar a emoção, “movimentando” demais a linha tênue, tendendo ao sentimentalismo, principalmente pela escolha do ator intermediário que viveu o pai Gonzaga, Chambinho do Acordeon, que se entrega, mas não consegue segurar a responsabilidade, mesmo com a semelhança com o “personagem” real e o carisma do sorriso, tanto que nas cenas mais dramáticas, a câmera não foca a sua expressão de raiva ou choro.
É só um comentário dentro de um contexto muito bem trabalhado, especialmente pela parte técnica (fotografia de Adrian Teijido, de “O Palhaço”) e pelas imagens reais que mostram a excelência da busca pela reprodução perfeita. “Cada vez que me aprofundava nesta trajetória, descobria que Gonzagão é muito maior do que eu tinha imaginado. A quantidade de histórias sobre ele não caberia em quatro ou cinco filmes. Luiz Gonzaga era um Chaplin, um gênio. Desenhava as próprias roupas, inventava passos de dança, tinha uma noção absurda de ritmo. Nos anos 50, já entendia o que viria a ser o show business. Enquanto as apresentações se limitavam a Rio de Janeiro e São Paulo, Gonzaga criou as turnês nacionais”, finaliza o diretor Breno Silveira sobre sua produção de 12 milhões de reais e sete anos até a tela grande. Concluindo, um filme que vale à pena assistir.