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A Vida Durante da Guerra

Ficha Técnica

Direção: Todd Solondz
Roteiro: Todd Solondz
Elenco: Allison Janney, Charlotte Rampling, Ciarán Hinds, Shirley Henderson, Michael K. Williams
Fotografia: Edward Lachman
Direção De Arte: Matteo De Cosmo
Figurino: Catherine George
Edição: Kevin Messman
Efeitos Especiais: Mechanism Digital
Produção: Derrick Tseng E Christine K. Walker
Estúdio: Werc Werk Works
Distribuidora: Imagem Filmes
Duração: 98 Minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM

A opinião

Tod Solonz objetiva em seus filmes a exposição interna de seus personagens, sem barreiras e ou limitações. É uma necropsia mental que não apresenta julgamentos. A inerência é respeitada e humanizada. Não se deseja modificar as amarguras, frustrações, arrependimentos deles, mas sim fornecer a possiblidade do livre arbítrio. A pequenez e sordidez humanas são exacerbadas, objetivando a visualização completa dos reais sentimentos. “Você é tão diferente do meu tipo. Não sei o que está me dando”, diz-se sobre a sensação de se estar apaixonando. As três irmãs Jordan, personagens do primeiro filme do diretor, Felicidade (1998), seguem em busca da vida ideal. Separada do marido Bill (Ciarán Hinds), preso por pedofilia, Trish (Allison Janney) decide se casar com o novo namorado. Mas Bill é libertado e tenta se reaproximar do filho, deixando-a dividida entre perdoá-lo e iniciar uma vida totalmente nova. Ao mesmo tempo, sua irmã Joy, também assombrada por antigos relacionamentos, abandona o emprego e parte em busca de uma vida simples. Já a terceira irmã, Helen, sente-se pressionada pela família e por seu sucesso em Hollywood. Melhor Roteiro no Festival de Veneza 2009.


A parte técnica é coadjuvante que complementa e aprisiona o espectador na trama, com sua fotografia alaranjada, em um misto de nostalgia, como uma fotografia envelhecida, e esperança utópica de que o próximo passo da vida será a solução para sair da resignação acostumada pelo elemento temporal. Observa-se cruelmente, despertando a curiosidade mórbida pelo ambiente cru e bruto destes indivíduos, que apresentam suas idiossincrasias, manias e vivenciam um mundo próprio. A verdade é dita de forma sincera sem pudores. Diz-se o que pensa pela defesa de não se conseguir ser de outro jeito, pela finalidade de despejar no próximo a insatisfação da alma, pelo paradoxo do fingimento para esconder medos e fracassos. O roteiro captura a atenção de quem está do outro lado da tela, o fazendo sentir em uma prisão sem janelas, mesmo vendo o sol que brilha em uma tarde, que mais parece um passado não vivido, mas sim revisitado. A imaginação, quase esquizofrênica, é a responsável pela permanência da opressão. É o mote catártico de experimentar a realidade dentro da fantasia realista. O material bruto é a verdadeira essência, porque é melhor fingir do que se viver no real. É epifânico e melancólico, que usa o surrealismo com naturalidade. Assim transpassa-se credibilidade e convencimento. O longa é a continuação de “Felicidade”, mas não há a necessidade de se ter visto o anterior. A trama funciona sem este conhecimento prévio, mas o assistindo, a viagem ao mundo negro de Todd é sentida plenamente. Vale muito a pena ser visto. Recomendo.

O Diretor

Nasceu em 1960, em Newark, New Jersey. Estudou Cinema na New York University. É diretor, produtor, roteirista e ator. Entre seus filmes destacam-se: Bem-vindo à casa de bonecas (1995), Prêmio do Juri no Festival de Sundance e Prêmio CICAE no Festival de Berlim; Felicidade (1998), Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes e Prêmio do Júri no Festival de São Paulo. Palíndromos (2004) foi seu último filme.

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