Revista da Semana | 03 de junho de 2021
Estreias e Dicas desta quinta-feira
Por Redação
Alerta de sarcasmo. Este editorial teve uma revelação cósmica: nós, por mais que pensemos ser máquinas incansáveis, somos na verdade seres humanos. Sim. Todos deste site levaram quase um susto com a descoberta. Assim, alheios, estamos vulneráveis a todos os limites físicos e esgotamentos mentais. Por mais que briguemos com nossas superações, chegamos a outra conclusão de que tudo o que programamos é na verdade impossível de realizar pelo único detalhe da falta de tempo. Sim, nós seres humanos temos a benção da ignorância: nossa utopia esperançosa. De acreditar mesmo que tudo é possível e que o “cara lá de cima nos dará”.
Então, adentramos no mundo da fantasia. Vivemos por filmes, livros e músicas para esquecer de nós mesmos. E dessa forma, com a brecha criada, o mercado online “invisível” vê na demanda uma possibilidade de induzir e provocar novas prisões com a “sugestiva” embalagem-discurso da liberdade e de seja você mesmo sempre. Express yourself! Seguimos para cumprir ações dependentes, às vezes ininteligíveis, com molde fordista, e deixamos de existir para suprir o querer (influenciador) de um outro alguém, que por ter milhões de seguidores se sente “o rei do mundo e da cocada preta”. Nós somos envolvidos organicamente e quando percebemos nossa energia foi totalmente sugada.
Por exemplo, quantas horas no dia de hoje você já passou nas redes sociais? Quantas vezes assistiu-imergiu em um filme sem pegar o celular pelo simples fato de sentir saudades do aparelho? Você acha isso normal? Ter seu cérebro condicionado a cada vez menos momentos de tédio, silêncio e divagação? Quantas vezes seu coração palpitou e uma crise de ansiedade tamanha se apoderou que a solução radical era abrir algum aplicativo? O que está acontecendo com o mundo tão “expressamente” livre? Por que estamos mais e mais nos tornando um episódio de Black Mirror? Sim, muitas perguntas. Precisaríamos de dias para conseguir respondê-las. Mas bate um cansaço de pensar, né?
Outro detalhe observado nesta quarentena (para alguns, visto que muitos já “chutaram o pau da barraca”) é que se criou a falsa ideia de que os dias possuem mais de vinte e quatro horas, quase um Itaú com trinta. É. Como o ser humano erra em suas percepções. O tempo, pelo contrário, foi reduzido. Cada dia possui no máximo doze horas (lógico, para quem segue o confinamento como deve ser: ficando em casa). E nesse período, todos nós precisamos rebolar para fazer valer cada minuto. Mil projetos de trabalho, mil festivais de cinema, mil lives, mil louças para lavar, mil compras para desinfetar, mil séries estreando em produção industrial, mil filmes para assistir (tudo é essencial e imperdível), mil livros, mil textos para escrever, mil mensagens para responder, mil postagens para fazer nas redes… Há tempo para cansaço? Para sentir o momento? Para se “reinventar”? Para “redescobrir” o verdadeiro eu? Acho que não.
Precisaríamos de mais doze horas que foram surrupiadas. E para completar o caldeirão das mil coisas, a vida lá fora do Brasil renasce. E aqui, nada. Festival de Cannes vem aí. E o Vertentes do Cinema sente a impotência de não poder fazer a cobertura presencial. A parte dois do Festival de Roterdã acontece online, junto com alguns previsíveis efeitos da primeira dose da vacina. Mas tudo isso é irrelevante no momento né? Hoje, 04 de maio de 2021, morreram 2300 pessoas por dia no Brasil. 2300. Quase o número de vítimas do atentado de 11 de Setembro nos Estados Unidos. Estamos em segundo lugar por meros 600. Desculpa a ironia. Mas não há outra forma de expressar o desânimo, a falta de motivação e a descrença absoluta na humanidade (especialmente os brasileiros), que corrobora a máxima de Pfizer não, Copa América sim.
Sim, este editorial revista pode ser um desabafo, um grito cúmplice ou um chato lamento. A Revista da Semana do Vertentes do Cinema continua não esmaecendo. Uma curadoria especial para ajudar um pouco nossos leitores a se manter informado sobre o que acontece no universo da sétima arte. Curtas-metragens, streaming, conversas de cinema, festivais, artigos e muito mais. Confira!
Revista da Semana | 03 de junho de 2021
CURTA DA SEMANA
CINEMA BRASILEIRO
O TEU SORRISO
ASSISTA AQUI (2009, Brasil, 19 minutos, de Pedro Freire, CRÍTICA AQUI). Rodrigo e Suzana estão namorando há poucas semanas. Ele tem 72 anos, ela tem 60, e estão completamente apaixonados. Juntos, passam os dias na cama, namorando, batendo papo, comendo e rindo.
PRÓXIMO CURTA
QUAL QUEIJO VOCÊ QUER?
(2010, Brasil, 11 minutos, de Cíntia Domit Bittar). Margarete (Amélia Bittencourt), uma senhora de idade, tem um súbito ataque de raiva quando seu marido, Afonso (Henrique César), pergunta se ela pode trazer um queijo da venda. O queijo torna-se a faísca para a discussão sobre como o casal conviveu por décadas, os planos que não realizaram e os sonhos que não viveram. ESTREIA 10/06, 00:01.
Revista da Semana | 03 de junho de 2021
EM CASA
O FILHO DE SOFIA
(Son of Sofia, 2017, Bulgária, França, Grécia, 111 minutos, de Elina Psikou, CRÍTICA AQUI). Misha, de 11 anos, está vindo da Rússia para Atenas durante os Jogos Olímpicos de 2004 para morar com sua mãe. Ele não sabe que tem um pai esperando por ele. O espectador é constantemente realocado entre o cúmplice e o mero espectador, o que explica parte do rigor formal que a obra assume ao tratar da desavença do protagonista com parte do mundo ao seu redor. Disponível na plataforma digital RESERVA IMOVISION.
ARMY OF THE DEAD: INVASÃO EM LAS VEGAS
(Army of the Dead, 2021, Estados Unidos, 148 minutos, de Zack Snyder, CRÍTICA AQUI). Após um surto de zumbis em Las Vegas, um grupo de mercenários se aventura em uma zona de quarentena para tentar realizar o maior assalto de todos os tempos. Esse estilo, que mais soa vício, somado à essa mise-en-scène heróica que prioriza as ações nesse espaço e tempo, até é funcional, mas acaba limitando o clímax ao enclausuramento desses espaços, para limitar essas ações em uma linearidade maior. Disponível na plataforma digital NETFLIX.
COMO HACKEAR SEU CHEFE
(2021, Brasil, 85 minutos, de Fabrício Bittar, CRÍTICA AQUI). Sem querer, Victor envia um e-mail comprometedor a seu chefe mala. Com a ajuda da crush do financeiro e seu amigo sem noção, ele tem poucas horas para salvar seu emprego e lidar com um hacker picareta, um site pornô e um mascote chamado Sorrisinho. Disponível na plataforma digital NOW. E iTunes / Apple TV; Vivo Play; Google Play; YouTube Filmes; Sky Play.
TRIBUNAL
(Court, 2014, Índia, 116 minutos, de Chaitanya Tamhane, CRÍTICA AQUI). Quando um poeta-ativista idoso é preso, as vidas dos acusados, dos advogados e do juiz se entrelaçam para revelar a a ineficiência e o arbítrio que pode ocorrer no sistema judicial. O enredo imaginado pelo diretor e roteirista, Chaitanya Tamhane, foi certeiro – apropriar-se de um tribunal de Mumbai como ponto focal para alguns dos muitos males da nação indiana, como: colonialismo, conflito geracional e sectário, arbítrio e perseguição política, negligência com trabalhadores da casta dos “impuros”. Disponível na plataforma digital NETFLIX.
LIBELU – ABAIXO A DITADURA
(2020, Brasil, 92 minutos, de Diógenes Muniz, CRÍTICA AQUI). Tendência estudantil política, o movimento Liberdade e Luta (Libelu) nasceu em 1976 na Universidade de São Paulo (USP). O documentário, na voz dos antigos integrantes, conta a criação e métodos do grupo que lutava contra a Ditadura imposta pelo Regime Militar no Brasil. Disponível na plataforma digital NOW.
CRUELLA
(2021, Estados Unidos, 134 minutos, de Craig Gillespie, CRÍTICA AQUI). Ambientado na Londres dos anos 70 em meio à revolução do punk rock, o filme mostra uma jovem vigarista chamada Estella, uma garota inteligente e criativa determinada a fazer um nome para si através de seus designs. Ela faz amizade com uma dupla de jovens ladrões e, juntos, constroem uma vida para si nas ruas de Londres. Disponível na plataforma digital DISNEY PLUS.
CORPO E ALMA
(Teströl és Lélekröl, 2017, Hungria, 116 minutos, de Ildikó Enyedi, CRÍTICA AQUI). Um matadouro em Budapeste é o cenário de uma história de amor estranhamente bonita. Assim que Mária começa a trabalhar como controladora de qualidade, os sussurros-falatório também se iniciam. No almoço, a jovem sempre escolhe uma mesa isolada na cantina estéril, e fica em silêncio. Ela leva seu trabalho muito a sério e adere estritamente às regras, deduzindo pontos de penalidade por cada excesso de gordura. Seu mundo consiste em figuras e dados gravados na memória desde a primeira infância. Disponível na plataforma digital RESERVA IMOVISION.
NOTRE DAME
(2019, França, 90 minutos, de Valérie Donzelli, CRÍTICA AQUI). Maud Crayon, arquiteta e mãe de duas crianças, conquista – graças a um mal-entendido – o grande concurso promovido pela prefeitura de Paris para reformar o pátio diante da catedral de Notre-Dame… Às voltas com essa nova responsabilidade, ela se vê em meio a uma tempestade ao ter de lidar ao mesmo tempo com um antigo amor da juventude que reaparece de repente e com o pai de seus filhos, a quem não chega a abandonar completamente. Disponível na plataforma digital NOW. E iTunes, Google Play, Youtube Films, Claro, Vivo Play.
BACURAU
(2019, Brasil, 132 minutos, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, CRÍTICA AQUI). Um Western brasileiro. Um filme de aventura e ficção científica. Daqui a alguns anos… Bacurau, um pequeno povoado do sertão brasileiro, dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida, falecida aos 94 anos. Dias depois, os moradores de Bacurau percebem que a comunidade não consta mais nos mapas. Disponível na plataforma digital GLOBOPLAY.
ALGUMA COISA ASSIM
(2017, Brasil, 80 minutos, de Esmir Filho e Mariana Bastos, CRÍTICA AQUI).Enquanto buscam diversão, os jovens Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), vagam pela noite de São Paulo. Nesse contexto, entre o som e os silêncios, os dois vão se conhecendo ainda mais e ao longo de uma década se reencontram em três momentos muito importantes de suas vidas. Disponível na plataforma digital NETFLIX.
JEAN-LUC GODARD E O CINEMA NA ERA DO VÍRUS
(clique AQUI ou na foto e leia o novo ARTIGO de João Lanari Bo)
TUDO SOBRE A REPESCAGEM DO FESTIVAL ESTAÇÃO VIRTUAL
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TUDO SOBRE O FESTIVAL VOLTA AO MUNDO: ESPANHA
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
TUDO SOBRE A MOSTRA DE CINEMA ÁRABE FEMININO 2021
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
TUDO SOBRE A MOSTRA INFFINITO FILM FESTIVAL: 25 ANOS EM 25 FILMES
(clique AQUI ou na foto e saiba tudo)
Revista da Semana | 03 de junho de 2021
NOS CINEMAS
(Nosso site precisa informar que este editorial apenas segue o protocolo de listar as críticas dos filmes que estrearam, mas nós seguimos nossa campanha de não estímulo às salas escuras #fiqueemcasa e #cinemasaindanão)
CINE MARROCOS
(2019, Brasil, 76 minutos, de Ricardo Calil, CRÍTICA AQUI). Em Cine Marrocos, acompanhamos a história de sem-tetos, refugiados africanos e imigrantes latino-americanos que ocuparam o prédio de um antigo cinema do centro de São Paulo e o processo artístico que os transformou em estrelas de cinema. A potência de “Cine Marrocos” não reside necessariamente nas performances e nas reconstruções cinematográficas, mas na multifacetação de um Brasil que é reprimido pelas autoridades, ignorado pela maioria e julgado por parte do eleitorado, inclusive a mídia.
ALICE E PETER: ONDE NASCEM OS SONHOS
(Come Away, 2020, Estados Unidos, 94 minutos, de Brenda Chapman, CRÍTICA AQUI). Antes do País das Maravilhas e da viagem à Terra do Nunca, os irmãos Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa) deixaram a imaginação correr solta durante um verão repleto de brincadeiras com espadas, chás da tarde e navios piratas. Quando uma tragédia toma conta da família e muda completamente a vida de seus pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie), Peter e Alice embarcam numa aventura fantástica e entendem que crescer pode não ser o maior dos seus problemas.
ESPECIAL TUDO SOBRE KARIM AÏNOUZ
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Revista da Semana | 03 de junho de 2021