O Monge

Os mistérios da Fé são muitos. Pudera, querer do lado de cá imaginar o que há do lado de lá e viver nessa imaginação deixa-nos, simples mortais, mais mortos do que vivos. Mortos de desejo. O primeiro mistério do filme é o aparecimento de uma criança recém nascida na porta de um convento espanhol de monges capuchinhos em meados do século XVII. Anos depois surge Frei Ambrósio na pele dessa criança acolhida e educada pelos monges e que hoje é um admirável pregador e confessor que tão bem sabe espantar as tentações humanas e, portanto, se sente a salvo das mesmas. Frei Ambrósio não conhece a vida fora do convento até o momento em que aparece o segundo mistério: um noviço mascarado suplicando por sua entrada no convento. Por unanimidade dos monges há a recusa, com exceção de Frei Ambrósio que convence a todos em aceitarem uma pessoa sofrida e deformada. Esse noviço logo mostra seu interesse por Frei Ambrósio, segue-o, espreita-o, cura-lhe com o toque de suas mãos as terríveis dores de cabeça do Frei ganhando sua confiança numa confirmação de que a atitude de aceitá-lo no convento foi certa. O terceiro mistério é um sonho pertinente que Frei Ambrósio tem e que o deixa transtornado e tentado a desvendá-lo. Esse mistério se entrelaça com um fato real e sem nenhum mistério. Certo dia em que Frei Ambrósio está fazendo uma de suas pregações, uma bela moça o assiste e fica impressionada com seu fervor em espantar os males e decide recorrer à ele para ajudar sua mãe que sofre de grave doença. Daí em diante os mistérios vão sendo revelados e Frei Ambrósio sai do confessionário para viver seus desejos conduzido pelo noviço mascarado chamado “tentação”. A tentação não tem cara e quando a máscara cai seu nome é desejo. O Monge é permeado por mistérios que só vão se elevando para no final ser feito um serviço completo.