Mostra Um Curta Por Dia Marco mes 9

Crítica: O Bom Coração

Ficha Técnica

Direção: Dagur Kári
Roteiro: Dagur Kári
Elenco: Paul Dano, Brian Cox, Isild Le Besco, Bill Buell
Fotografia: Rasmus Videbæk
Música: Dagur Kári e Orri Jonsson (Slowblow)
Direção De Arte: Matthew Munn e Linda Stefansdottir
Figurino: Helga Rós Hannam
Edição: Andri Steinn
Efeitos Especiais: Dadi Einarsson
Produção: Skuli Fr. Malmquist
Distribuidora: Wild Bunch Distribution (França) | Imovision (Brasil)
Duração: 99 minutos
País: Dinamarca, França, Alemanha, Islândia, Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM

A opinião

“O Bom Coração” é um filme sobre transformações pessoais. Os seus personagens mudam gradativamente, utilizando simbolismos metafóricos que acentuam a narrativa, apresentando um misto de folhetim clássico linear – mas desejando ser independente, auto-ajuda e experimentações no elemento fotografia. Jacques (Brian Cox) é dono de um boteco em Nova Iorque que serve de lar para um grupo de alcoólatras profissionais. Ele está determinado a fazer do álcool e do cigarro a causa de sua morte quando conhece Lucas (Paul Dano), um jovem que já desistiu da vida. Determinado em manter seu legado vivo, Jacques faz de Lucas seu herdeiro e passa a tomar conta e lhe ensinar as regras do seu clube: sem novos membros, sem confraternizar com os clientes e sem mulheres. Lucas aprende rápido, mas sua amizade é colocada à prova quando a bela e atormentada April (Isild Le Besco) aparece no bar à procura de abrigo e o jovem insiste em ajuda-la.

A sinopse acima direciona o espectador ao universo de um bar típico. Sujo, escuro, iluminado por luz artificial e imagem saturada ao brilho e ao contraste. A trama não quer a inovação, apesar de tentar manipular o entendimento de quem assiste, objetiva apenas contar a história escolhendo a estética teatral e com diálogos encenados. Não busca o realismo, mesmo, às vezes, expondo uma cirurgia de coração por exemplo. As poucos, a trama se faz entender, sendo extremamente simples. Lucas é a personificação de um individuo utópico. Ele não liga para o dinheiro e sempre pensa em ajudar o próximo. É naturalmente ingênuo. Jacques sofre do coração e conserva a altivez e prepotência de sua personalidade criada por ele mesmo. Lucas tenta se matar. Jacques o tenta ajudar. As elipses também fazem parte e são trabalhadas de forma competente, mesmo não explicando tudo. O que prejudica é a pressa, em determinado momento, de despejar tramas paralelas. Personagens entram e saem sem os apresentar previamente. É uma colcha de retalhos. Um longa de espera, de lembranças e de instantes, abusando de clichês e caricaturas sociais, como não conseguir dormir na cama, por causa de se viver nas ruas.

Os diálogos pretendem ser críticos e polêmicos, mas o que se consegue é a sensação de já se ter visto o que se apresenta. O roteiro se perde nele mesmo quando abre infinitas possibilidades e personagens, estimulando a dispersão do espectador. Podemos resumir assim: filmaram a cena, não deu certo, experimentaram outra linha narrativa, funcionou, mudaram e tentaram algo novo. O grande atrativo é a parte técnica que fornece um ar nostálgico, traduzindo os fracassos – e as frustrações – de quem participa deste universo e permitindo que possam ter uma chance para mudar suas vidas – para o bem ou para o mal, aguçando a visão maniqueísta sem a culpa – intrínseca – embutida. Assim, a sensação que fica é do amadorismo e que colocou toda a responsabilidade de sucesso nas costas do ator Brian Cox (excelente em sua interpretação). Foi rodado na República Dominicana, Islândia e Nova York, com orçamento estimado de US$ 3.8 milhões.

O Diretor

Dagur Kári Pétursson nasceu em 12 de dezembro de 1973. Ele nasceu em Paris. Com pais islandeses, retornou a Islândia quando tinha 3 anos de idade. Dagur se formou na Escola Nacional de Cinema da Dinamarca em 1999, com o curta “Lost Weekend”. O filme teve popularidade ganhando 11 prêmios no circuito de festivais internacionais. O primeiro longa-metragem “O Albino Nói” (Noi albínói), em 2003, também vencendo premiações internacionais. Seu segundo filme, mennesker Voksne (Dark Horse), que foi exibido na Un Certain Regard do Festival de Cannes 2005. Em 2008, realiza seu primeiro filme, falado em inglês, “O bom coração” (The Good Heart), estrelado por Brian Cox , Paul Dano e Isild Le Besco . Ele também é membro da banda Slowblow, cuja músicas estão no seu primeiro filme.

3 Nota do Crítico 5 1

Banner Vertentes Anuncio

Deixe uma resposta