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Vai Que Dá Certo

Com liberdade e sem televisão

Por Fabricio Duque

Vai Que Dá Certo

O ano de 2012 rendeu bons frutos ao cinema nacional em termos de bilheteria. O mesmo não pode ser dito em relação a qualidade dessas produções. Após o sucesso comercial de outros anos de comédias como “Se eu fosse você” e “De pernas pro ar”, ocorreu uma demasia de produções do gênero, sua grande maioria com o aval da Globo Filmes, o que concedeu em um interesse altamente comercial utilizando um elenco em voga, um fiapo narrativo e uma estrutura televisiva referencial as novelas realizadas pela TV Globo. Longas como “As Aventuras de Agamenon”, “Totalmente Inocentes” e “Até que a sorte nos separe” lideraram grandes bilheterias e em alguns casos, como no meu, foram responsáveis pelos piores filmes do ano. O público recebe bem tais produtos pela facilidade de degustação e serem uma continuidade daquilo que estão acostumados a assistirem na televisão. É importante ressaltar que comédia não é um gênero menor, muito pelo contrário. Existem grandes nomes geniais que marcaram seu nome até hoje e são referencias para qualquer gênero, como: Charlie Chaplin, Buster Keaton, Irmãos Marx, Os três patetas, Jaques Tati, Lucille Ball, Jerry Lewis, Peter Sellers, Mel Brooks, Gene Wilder, Woody Allen e tantos outros. Aqui no Brasil não ficam de fora nomes como: Chico Anysio, Mazzaropi, Golias, Cantinflas, Oscarito , Grande Otelo, Dercy Gonçalves e Os trapalhões. Produções de qualidades variadas, mas que supriam por boas historias, excelentes piadas, “gags” cômicos e um grande elenco.

O gênero atualmente infelizmente não costuma receber um cuidado com os roteiros e se torna apenas uma teia para situações cômicas. “Vai Que Dá Certo”, filme de Mauricio Farias, parecia ir pela mesma linha de seus antecessores, mas surpreende. Mesmo com uma trama básica que se assemelha a algumas realizadas pela indústria hollywoodiana, o roteiro consegue ser bem desenvolvido conseguindo criar arcos interessantes e desenvolver seus personagens. Ele estabelece coesão para criar situações e se conclui de maneira agradável. Os diálogos afiados e verborrágicos proporcionam que além do humor visual, se tenha conteúdo. É interessante a referência à comédia do cinema Francês e Argentino além dos já citados norte americanos, os diversos elementos cômicos utilizados desde atrapalhadas, humor non sense e negro, repetições e outros, apostam na força do elenco que consegue com sutileza e carisma realizar um bom trabalho conjunto e bem entrosado.

“Vai Que Dá Certo” acerta no tempo cômico dos atores e realiza um trabalho bem feito com estética de cinema e tecnicamente a contento. Ele sabe conduzir a tensão e momentos frenéticos de boa forma, aliados por uma montagem inteligente e ágil que se aproxima do conteúdo da internet do grupo “Porta dos Fundos” por exemplo (liderado por Duvivier e Porchat), trazendo uma linguagem mais descolada. As referências ao universo pop e nerd desde a abertura, são bem vindas se apropriando de uma linguagem mais descolada e atual. O roteiro peca em alguns momentos por não desenvolver melhor os personagens de Felipe Abib e Bruno Mazzeo, e não adentrar em alguns dramas. O personagem de Lucio Mauro Filho, que inclusive realiza aqui seu melhor papel, tem uma dubiedade interessante, mas pouco desenvolvida. “Vai que dá certo” consegue ser uma divertida comédia sem ser forçada com objetivo simples e com as excelentes interpretações de Porchat e Duvivier. Não é que deu certo?!

4 Nota do Crítico 5 1

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