Mostra Um Curta Por Dia 2025

Um Milhão de Maneiras de Pegar Uma Pistola
Por Philippe Torres

Seth MacFarlane, depois do sucesso estrondoso nas bilheterias por seu filme anterior, “Ted”, dirige agora o longa-metragem “Um Milhão de Maneiras de Pegar uma Pistola”. Péssima tradução, mesmo que seu título original não seja tão melhor assim: “A Million Ways to Die in the West”, ao menos aqui há relação com o que é apresentado. Conta-se a história de Albert (o próprio diretor), um pastor de ovelhas não muito é muito corajoso. Sua inconstante namorada, Louise (Amanda Seyfried), abandona-o depois que este foge de um duelo. Paralelamente, a misteriosa Anna (Charlize Theron) chega a cidade para acender a coragem no herói, mas este não sabia que ela era mulher do gatilho mais rápido do oeste. O objetivo é “zombar” com um gênero já estabelecido no cinema mundial, o western, e para isso há uma tentativa de se aproximar dos “modelos” de posicionamento de câmera, fotografia e atuações, não muito “arranjadas”. A profundidade de campo reduzida do fundo destaca o personagem principal, o tornando embaçado. Dessa forma, consegue-se romantizar a cena, trazendo uma imagem “mais bonita”. Além do mais, prende-se a atenção do espectador nas piadas, que são importantes em um filme que objetiva ser nada mais que entretenimento. Contudo, ao optar pela técnica em questão, o diretor prejudica a presença da paisagem típica do faroeste norte-americano, com planos abertos a fim de demonstrar o cenário pouco romântico e, mesmo nos famosos “close up” do gênero, não há possibilidade de saber o lugar que “tudo aquilo” está acontecendo. A direção de arte e fotografia não parecem tão “preocupadas”. Propositalmente ou não, estes cenários, frequentemente, assemelham-se aos sets de filmagem, sendo complicado ao espectador assimilar um grau de realismo ao que é apresentado. Obviamente, trata-se de uma comédia em que quase todos os “defeitos” citados de fato podem ter sido, sim, propositais. Resta saber se funcionam. As piadas são, definitivamente, o ponto forte do filme (e funcionam na maioria das vezes). É verdade que o modelo de comédia americano ainda conserva alguns “cacoetes”: “flatulência”, “laxantes” e outras coisas do gênero, mas ao caçoar com as características sociais do oeste e dos filmes westerns, tem-se uma boa oportunidade para dar risadas. Há fotos de pessoas que nunca riem, o nome do personagem de Liam Neeson (Clinch Leatherwood), as maneiras de se morrer no oeste, uma linguagem que mistura os dias atuais com o século XIX e surpresas ao homenagear clássicos do cinema pop. “Um Milhão de Maneiras de Pegar uma Pistola” revela-se, então, uma boa surpresa para aqueles que esperavam um grande fracasso.

Apoie o Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta