Tudo Vai Ficar Bem
Por Fabricio Duque 

“Tudo Vai Ficar bem”, exibido no Festival de Berlim 2015, é o novo filme do mestre-cineasta alemão, Win Wenders (de “Asas do Desejo”, “Buena Vista Social Club”, “Paris, Texas”, “O Amigo Americano”), que não tem medo de experimentar estilos e gêneros. Uma de suas características principais é a forma que cadencia o anti-naturalismo, mitigando praticamente toda e qualquer exacerbação sentimental, a fim de construir uma história que mais parece um livro romanceado. A maestria de Wenders é o conhecimento exato e preciso de qual lugar colocar cada câmera, produzindo poesias visuais de cotidiano contemplativo e lúdico. Aqui, sua estrutura não alcança um resultado satisfatório, mesmo com sua narrativa-diálogo metafórica de iludir o “interno imaginado” do personagem com a realidade propriamente dita, percepção explícita ao “ambientar” com uma “hiperbólica” e radiante luz do sol. Esta talvez seja sua “passagem de tempo” entre as “pseudo” ideias de um livro com o que realmente acontece em sua vida. O tom da trama reverbera uma encenação teatralizada de frieza forçada (como se os atores estivessem lendo suas falas – ou em um primeiro ensaio que falta a naturalidade), mesclando com recorrentes elipses e períodos temporais futuros. Talvez o que aconteça não represente a verdade e sim “material bruto” do romancista Tomas (o ator James Franco) envolvido em um acidente, que não tem culpa de ter freado tarde demais. Tampouco o pequeno Christopher, que podia ter vigiado melhor seu irmão mais novo. Muito menos Kate, a mãe dos dois, que podia tê-los botado para dormir mais cedo. A vida de Tomas entra em colapso pela culpa que sente. Quando Christopher completa 17 anos, ele decide encarar novamente o homem que vira apenas uma vez, naquela noite fatal. Uma história sobre culpa e busca pelo perdão, do diretor Wim Wenders. Com James Franco e Charlotte Gainsbourg. O que incomoda é a “fluidez” equilibrada de uma história que resolve seus conflitos excessivamente rápidos e de forma palatável. É aceitável que até mesmo um diretor veterano do cinema tenha dificuldades em traduzir seus objetivos e quereres, criando roteiros frágeis, desconexos e “viajandões”. Sim, claro. Ninguém é perfeito. E nem sempre “tudo vai ficar bem”. Concluindo, mesmo com toda metáfora-alusão implícita, o contexto apresenta-se simplista demais ao conceituar gatilhos comuns, buscando a total cumplicidade não questionadora do espectador para acontecer.

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