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Crítica: Star Trek: Sem Fronteiras
Por Christiane Raphael
(nossa colunista convidada “trekker”)

 

No ano que STAR TREK completa 50 anos, o mais novo filme da franquia “Star Trek : sem fronteiras”, do diretor taiwanês Justin Li ( de “Velozes e Furiosos 4,5 e 6”) é embalado por um sentimento nostálgico que atinge em cheio o momento atual. É hora de homenagear os amigos que se foram, como Leonard Nimoy, que faleceu em fevereiro de 2015 e também Anton Yeltchim, que em junho de 2016 faleceu acidentalmente ao ser atropelado por seu próprio carro.

Este saudosismo também está presente em algumas cenas do filme, com rock antigo elementos vintage e atmosfera do passado. A referência a situações e acontecimentos referenciadas nos spin off televisivos (como a guerra Xindi) está permeando a disputa atual. O público não tem ideia do que está por vir, enquanto viaja por cenários grandiosos e efeitos especiais impecáveis. Vale registrar que este é o primeiro filme de Star Trek a ser filmado em estúdios, em Vancouver, British Columbia (todos os outros filmes foram filmados em Hollywood). E este é também o primeiro filme da franquia a ser filmado inteiramente com câmeras digitais. A fotografia não decepciona e pasmem: o nome do diretor de efeitos especiais do filme é James Kirk!

Em uma entrevista, o diretor Justin Li opina: “Para mim, Star Trek leva a um tipo de desconstrução temática, colocando os personagens em um ponto em que têm que trabalhar em conjunto”, finaliza . Durante a mesma entrevista, o ator Idris Elba declarou que o olho roxo que Chris Pine apresenta, durante a cena final de luta entre os dois no filme, não é maquiagem e sim fruto do contato mais intenso na preparação da cena.

O ano é 2263, exatamente dois anos e meio depois dos acontecimentos de ALÉM DA ESCURIDÃO. Atendendo a um pedido de ajuda, a tripulação é pega de surpresa e depois de acirrado combate, confrontará um cruel inimigo, num planeta desabitado e será levada rever os paradigmas de lealdade e união, deixando no ar questionamentos muito humanos: a união (realmente) faz a força ou essa é uma fraqueza humana? Todo sacrifício em prol da maioria é realmente válido? Um entediado capitão James Kirk deverá enfrentar o poderoso Krall, além de dialogar consigo mesmo, num enfrentamento subjetivo, com questionamentos pessoais sobre destino e propósito. A busca por respostas também é “fascinante” em um SPOCK sentimental, destoando totalmente do tradicionalismo vulcano, que utiliza a lógica e a racionalidade para solução de qualquer problema.

Em um jogo complexo entre personagens e seu algoz, outros componentes da trama são chamados a interagir e têm oportunidade de se posicionar: com algumas pitadas de bom humor e irreverência, é criado toda uma teia para prender o espectador, sem permitir uma óbvia dedução até o clímax final. Novos personagens inseridos dão mais dinâmica à sequência, como a guerreira Jaylah, uma personagem feminina forte para agregar valor ao time, na sua maioria, masculino.

Corroborando os dois filmes anteriores, este também impressiona pelas impactantes cenas de combate e ação, reforçados pela direção de Justin Lin. Desta maneira, o mais recente filme da franquia tem total liberdade para criar contextos, inserir nova roupagem, abordar temas convencionais ou não, e expandir os horizontes sinalizando sobre o que ainda pode e deve ser explorado. Buscando pautas modernas e atuais, o filme segue demostrando que é possível uma harmoniosa convivência planetária se os seres humanos puderem aceitar suas diferenças e peculiaridades, respeitar os valores culturais entre os povos, resistindo unidos às dificuldades contemporâneas. Em tempos de globalização e redes sociais, o que passa na peneira social não escapa aos olhares curiosos. A problemática intrínseca em situações como: relacionamento gay, interações românticas entre humanos e alienígenas, lealdade, vingança, propósito, vai sendo debatida e revisitada. Tudo isso sem fronteiras. Recomendo.

4 Nota do Crítico 5 1

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