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Samantha!

Fora da Casinha

Por Chris Raphael


Estreou em julho de 2018 a série de televisão brasileira Samantha!, criada por Felipe Braga. É a primeira série brasileira do gênero comédia produzida pelo serviço de streaming Netflix, que também já produziu no Brasil outras 2 (3% e O Mecanismo). É dirigida por Luis Pinheiros e Julia Jordão, e roteirizada por Roberto Vitorino, Patricia Corso, Rafael Lessa e Filipe Valerim. A Netflix confirmou que uma segunda temporada deve estrear em 2019.

Traz no elenco Emanuelle Araujo (Samantha!), atriz, cantora e compositora brasileira, ex vocalista da Banda Eva( na qual ficou por apenas 2 anos), Douglas Silva (Dodói) ator brasileiro que ganhou notoriedade ao interpretar o Dadinho no filme Cidade de Deus, Sabrina Nonata (Cindy) , Cauã Gonçalves (Brandon) e Daniel Furlan (Marcinho), ator, comediante, roteirista, diretor cantor e apresentador brasileiro., conhecido por seu trabalho na MTV. Muitos outros integrantes fazem parte do elenco, com participações especiais e pontuais nos episódios, como , por exemplo, Alessandra Negrini, como menina-cogumelo. Ao todo, são 07 episódios com duração de 30 minutos. A Netflix já disponibilizou a totalidade dos episódios.

O enredo é sobre uma atriz prodígio mirim dos anos 80, que na vida adulta tenta manter o status de celebridade a qualquer preço, utilizando figurino e músicas da época que comandava um programa de TV junto com a turma Plimplom. É ex mulher do jogador de futebol Dodói, com quem se casou na juventude enquanto estava preso e de quem teve 2 filhos também enquanto estava preso, mas de quem acabou se divorciando. Dodoi cumpriu pena de 12 anos e será solto.O ex-craque atrairá para si os holofotes da fama, arrastando consigo os desejos e anseios da protagonista, que não aceita cair no ostracismo.

A partir deste ponto, Samantha! fará o que estiver ao seu alcance para equilibrar-se na corda bamba do objetivado sucesso, que mesmo estando ao alcance de suas mãos, não lhe pertence mais. O relacionamento conturbado com o ex-marido que novamente se insere em sua vida, enquanto tenta ser mãe e atriz, propicia ao público momentos divertidos e inusitados, denotando claramente que é fácil rir da piada leve. O contexto comum da busca pela fama e sucesso há tempos já virou clichê, mas ainda consegue arrancar pequenos sorrisos de uma plateia não exigente. Faltou originalidade ao roteiro.

Os personagens são superficiais e as situações infantilizadas parecem ocorrer propositalmente, para bater de frente com a realidade. Frustrações à parte, pesou a sensação de que o fracasso educacional se traduz em crianças mimadas, que geram adultos insípidos, insossos e fora do tom, que tentam mitigar seus problemas com a inapropriada ideia de realização pessoal e (i)maturidade.

A exploração de cenas da vida cotidiana e a banalização dos princípios básicos de interações familiares tentam ocultar de maneira meio grotesca o egoísmo implícito em cada cena.Pequenos flashes de sua infância como celebridade mostram a petulância juvenil exacerbada interferindo e transformando a vida de todos ao seu redor. A menina mimada terá também sobrevivido ao tempo, que não para e nos dias atuais, a protagonista se empenha cada vez mais em provar para si e para os outros que ainda é não foi esquecida pelo seus fãs e que o passar dos anos só a tornou melhor.

Não há cenas espetaculares nem efeitos especiais extraordinários. O que se apresenta é um formato simplório como tantas outras séries que já tivemos a oportunidade de assistir e o diferencial no enredo é a proposta da personagem em insistir em voltar à televisão e protagonizar seu próprio programa, quando, nos dias atuais, podemos assistir em muitos acessórios eletrônicos como tablets e smartphones, os novos senhores do sucesso, criativas aparições na internet, através de canas no youtube ou redes sociais. Os youtuberes e os blogueiros são os novos formadores de opinião, são as celebridades mais amadas da atualidade. Mas para a personagem, nada é tão grandioso quanto ser estrela de programa de televisão.

Saudosismos à parte, diria que é como entrar na máquina do tempo e voltar aos anos 80, deixando de lado 30 anos de experiências e ensinamentos. Ainda assim, a série se sustenta (muito pelo carisma do elenco) e consegue um fechamento que sugere continuação. É sempre uma atitude corajosa produzir experiências cinematográficas no Brasil. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos!

2 Nota do Crítico 5 1

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