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Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo

O sentido de tudo com sentido

Por Fabricio Duque

Durante o Festival do Rio 2013

Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo

“Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo”, novo filme do diretor Corneliu Porumboiu (de “À Leste de
Bucareste”, “Polícia, Adjetivo”), corrobora a estrutura do Cinema Romeno atual, que se comporta buscando o “conteúdo” por detalhes realistas das ações cotidianas, mitigando “clichês”, omitindo a trilha sonora incidental e questionando o mundo por observações subjetivas – quase por arquétipos.

Aqui, a narrativa metalinguagem de apenas dezoito planos sequenciais em oitenta e seis minutos (na maioria das vezes com câmera estática), construindo assim o tempo e a imersão do espectador, aborda o cinema, a nudez fundamentada (“Roupas com armadura”), argumentos projetados do futuro de se assistir filmes, películas versus digital (“Não se pode filmar mais de onze minutos de uma só vez no 35mm”, “É uma película limitada”, “Esse limite fez a forma de se pensar o mundo”, “No digital, o limite é maior”), o “universo” de uma produtora (que precisa “provar” uma falta trabalhista com uma “endoscopia”, que por sinal nós também podemos “observar”), ensaios técnicos. Enfim, todo os bastidores do processo de produção.

É o simbolismo paralelo do “aprender a ter limite”. Não há mais limites. Apenas a pressa. Isso fica claro na cena em que o diretor-roteirista e sua atriz (que está tendo “dormindo” com ele) encontram-se no restaurante e quando o desconhecimento dela sobre um diretor italiano “muito conhecido” é exposto, uma pergunta é feita de forma “pasma” e com um riso de deboche nervoso. “Você não conhece Antonioni?”. Ela responde “Não”. Ele: “Os filmes são importantes para a história do cinema”. Ela: “Vou vê-los” (diz com desinteresse – mostrando mais exterior que interior). Assim, ele sabe que ela é apenas um “aproveitamento” líquido e momentâneo, aceitando a pluralidade dos desejos libertários (do universo de Federico Fellini) em “encontrar” um “semelhante”.

O longa-metragem é “lapidado” por instantes, por sutilezas, naturalidades e “raciocínios” metafóricos por embates criativos, quase parábolas. Aspereza versus elegância. Conhecimento (“chinês”) versus superficialidade (“europeu”). “Gosto se educa”, diz-se. “Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo” é simples, sem ser simplista. Pelo contrário, prefere-se a complexidade “palatável”, sem ilusões visuais, quase um exemplo de Dogma 95 (movimento dinamarquês dos cineastas Thomas Vinterberg e Lars Von Trier). Concluindo, tenta-se capturar a essência (clássica e contemplativa) de se assistir a um filme, sem deixar de “fundamentar” nada. Tudo aqui tem sentido, necessidade, objetivo e clareza para conduzir o espectador à “magia” da sétima arte pela própria sétima arte. Recomendado.

4 Nota do Crítico 5 1

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