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Crítica: Numa Escola de Havana
Por Fabricio Duque

“Numa Escola de Havana”, dirigido pelo diretor Ernesto Daranas (de “Los Dioses Rotos”, “La Vida En Rosa” traz à tona o novo cinema cubano, que já era conhecido pelo naturalismo de suas obras. Aqui, aborda-se o tema social da Educação da ilha de Fidel, contando a história por um realismo-comportamental que chega a “desnortear” o espectador, que pensa “Quantas desgraças uma pessoa (neste caso, uma criança) pode aguentar?”. O roteiro critica o “novo ensino” (pragmatismo da nova Escola) e direciona à nostalgia da “essência” do ensinar, aquela que “prefere” o aluno e sua vida às regras sistemáticas de uma “globalização-adaptada” ao progresso. A professora “antiquada”, “defasada” e que “escreve” na máquina de escrever “para ouvir as palavras” (ao invés do computador) mostra-se mais humanizada em entender cada um dos alunos (e seus problemas). Já a Direção da Escola “simplifica” e “padroniza” situações, mitigando quase a zero a afinidade sentimental da relação de mestre versus estudante. A narrativa utiliza-se da câmera próxima na mão e fotografia saturada ao submundo, que infere à estrutura cinematográfica de “Amores Brutos”, de Alejandro González Iñárritu, precisa suavizar na trilha sonora incidental para que não quem assiste não sofra com tamanha latente sinestesia. É definitivamente um filme de ator, que busca captar nuances e exteriorizar sentimentos e porquês, mitigando toda e qualquer possibilidade de clichê, explicito e ou implícito.“Numa Escola de Havana” fala sobre oportunidades no meio em que vive, e das dificuldades de crianças que necessitam crescer antes do tempo, “obrigadas” à “sina” da sobrevivência. Chala (o incrível ator Armando Valdes Freire), um garoto de onze anos como outro qualquer, mas que cresce com sua mãe viciada em drogas, Sonia (Yuliet Cruz). Para sustentar a casa, ele treina cães de briga, indiretamente ajudado por um homem que pode ser ou não seu pai biológico. As dificuldades de sua vida refletem na escola (não se controlando em “revidar” agressões verbais com violência física), aluno de Carmela (Alina Rodriguez), por quem ele tem um grande respeito, seu “anjo de guarda”, uma “veterana” sensível. Mas quando ela fica doente e tem que se afastar, Chala não se adapta a nova professora, que sugere que ele seja transferido para um centro de correção estudantil. Quando Carmela retorna, não aceita essa medida e outras imposições que aconteceram durante sua ausência. Enquanto a relação entre professora e aluno se intensifica, os dois passam a ser perseguidos na escola, levando a um conflito que reflete o complexo sistema contemporâneo de Cuba. Neste meio termo, Chala não perde suas esperanças, não desanima e faz de tudo para conquistar o amor por uma colega. É inevitável não compararmos com “Os Incompreendidos”, de François Truffaut. Concluindo, “Numa Escola de Havana” é um obrigatória ida ao cinema. Um filmaço. Recomendado. Foi o escolhido por Cuba para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2015.

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