Festival Curta Campos do Jordao

Crítica: Cinco Graças
Por Fabricio Duque

“Cinco Graças – Mustang”, que concorre à estatueta do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, representa a estreia na direção de um longa-metragem da atriz de “Augustine”, Deniz Gamze Ergüven. A narrativa busca “homenagear” a estrutura cinematográfica de “As Virgens Suicidas”, de Sofia Coppola, tanto pelo tema de adolescentes-crianças que são “podadas” de suas liberdades comportamentais e vivências perante a sociedade (neste caso uma comunidade interiorana turca, longe de sua capital, Istambul) que “alimenta” tradições e mandamentos religiosos-ciganos, de “preparar” as filhas (aqui, as sobrinhas-netas) a casamentos arranjados, tanto pela forma de contemplar o cotidiano de microações destas jovens. Elas tentam “sobreviver” e conservar os desejos e felicidades, burlando ordens e alienações morais, como ir a um jogo de futebol e ou nadar com colegas da escola no mar e ou fazer sexo “por trás” para manter a virgindade, bem valioso e “negociável” às famílias (a deles e de seus escolhidos maridos – que “aprenderão a amar”). O filme critica a forma patriarcal machista de ser, que vê nas mulheres objetos para procriação e empregadas do lar. “Cinco Graças”, as cinco irmãs, busca a atmosfera novela, por causa de suas características de cortes rápidos e ágeis, e por sua temática de um conto de fadas realista, “pedindo” a compreensão do público às liberdades poéticas de “arranjos” para que a conclusão-fechamento aconteça e feche o ciclo da trama. Mais uma vez, o Oscar escolhe outro exemplar recorrente de “herói-sobrevivente”, vide “O Lobo do Deserto”, personagens que têm existências disfuncionais pela cultura opressora ou pela família ultraprotetora e moralista. Um filme que inicia superficial, aprofunda o drama suavizado e finaliza com a mensagem fábula-salvadora (com direito a decisões passionais-ingênuas de fuga literal), utilizando-se de todos os subterfúgios de “ajuda” do acaso a fim de libertá-las. A sinopse nos conta no verão em um vilarejo turco, Lale e suas 4 irmãs brincam de forma debochada com os meninos, o que acarreta em um escândalo de consequências muito fortes: a casa delas se torna praticamente uma prisão, elas aprendem a limpar ao invés de ir para a escola e seus casamentos começam a ser arranjados. As cinco não deixam de desejar a liberdade, e tentam resistir aos limites que lhes são impostos. Um filme que prende a atenção. O longa está na sessão “Quinzena dos Realizadores” do Festival de Cannes 2015. Recomendado.

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