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Crítica: Aliança do Crime
Por Fabricio Duque

“Aliança do Crime” apresenta-se como mais um longa-metragem de “gangster”, sobre a máfia irlandesa em Boston, nos Estados Unidos, na metade dos anos setenta e início dos anos oitenta, que consegue acordos com o FBI a fim de auto-proteção e fornecendo, em contra-partida, informações “privilegiadas” dos criminosos. Sim, tudo seria mais do mesmo se não fosse a maestria interpretativa do ator Johnny Deep, que imprime sua já característica transmutação em seus papéis, com suas sutilezas verossímeis de encenação diversificada. Em cada filme, parece haver um Deep completamente camuflado, entregue e não encenando o personagem, mas se apropriando da vida que encena. “Aliança do Crime”, baseado na novela literária de Dick Lehr e Gerard O’Neill, é dirigido por Scott Cooper (de “Tudo Por Justiça”, “Coração Louco”), realizador este que sem sombras de dúvidas bebeu na fonte do cineasta Martin Scorsese e que opta pelo gênero “filme de ator”, em que um só brilha, lógico, e que assume toda e qualquer responsabilidade, equilibrando ritmo, talento e “sangue” com os coadjuvantes, que precisam estar antenados e sincronizados para que o contexto aconteça sem “barrigas” e “buracos”. Podemos atentar que sim, a narrativa infere a de um gênero coral, devido suas conexões, e que há também um que de “Narcos” (e Pablo Escobar). Resumindo, “Aliança do Crime” é uma obra cirúrgica, porém, como já foi dito aqui, é mais um exemplar deste universo de crimes, violências, traições e de detalhes maniqueístas (Jimmy era um bom pai, bom marido, bom vizinho, bom filho religioso… Só era envolvido com drogas e assassinatos). O roteiro linear traça o caminho do início, do meio, do fim e da redenção patriótica. É um longa-metragem com o objetivo de concorrer ao Oscar. Fato. A sinopse nos conta que Whitey Bulger, irmão de um senador dos Estados Unidos, foi um dos criminosos mais famosos da história do sul de Boston. Ele começou a trabalhar como informante do FBI para derrubar uma família de mafiosos, mas foi traído pela agência, tornando-se um dos homens mais procurados do país. Concluindo, um filme preciso, cadenciado e que inevitavelmente necessita utilizar os gatilhos comuns e subterfúgios do mundo que o tema exige. Alguns talvez se incomodarão com a maquiagem produzida de Deep, que o faz ficar irreconhecível. Mas não. Há muito tempo não se contrói um tipo tão verdadeiro (quase repugnante). Recomendado.

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