10 filmes imperdíveis para o Dia Internacional da Família
Obras que corroboram e que ressignificam o conceito de família
Por Fabricio Duque
Hoje, 15 de maio de 2020, é comemorado o Dia Internacional da Família, que foi proclamado pela Assembléia Geral da ONU em 1993 com a resolução A / RES / 47/237 e reflete a importância que a comunidade internacional atribui às famílias. “O Dia Internacional oferece uma oportunidade para promover a conscientização sobre questões relativas às famílias e para aumentar o conhecimento dos processos sociais, econômicos e demográficos que afetam as famílias.”
Nós do Vertentes do Cinema parabenizamos a toda forma de estrutura familiar, até porque cada um merece viver com a própria felicidade encontrada e nunca, jamais, polida, estigmatiza e impedida de acontecer. Família é escolha. De carácter, de vida, de afinidade. E listamos aqui os dez filmes imperdíveis para celebrar o dia. Como sempre faz parte do processo, muitos ficaram de fora, como “Rasga Coração”, “Três Verões”, “Sueño Florianopilis”, “Capitão Fantástico”, “Verão 1993”, “Dzi Croquetes”, “Lanternas Vermelhas”, “Leo e Bia”, “O Último Cine Drive In”, “Sacro Gra”, “A Comunidade”, “Estamos Vivos”, “Canastra Suja”, além de tantos outros (todos com críticas no site. Vamos aos escolhidos!
10+ DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA
A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE GASPARD (Gaspard va au mariage, 2017, França, 105 minutos, de Antony Cordier, assista no Looke, Crítica AQUI)
Há filmes que transcendem suas próprias formas e reverberam a característica principal do cinema que é o sentir e retirar os espectadores deles mesmos, remetendo questionamentos não pretensiosos ao nos imergir no que exatamente precisamos no momento. “A Excêntrica Família de Gaspard”, é um desses exemplos. Sobre a inocente e não binária liberdade do ser no meio familiar. Exibido no Festival Varilux de Cinema Francês 2018, o longa-metragem é sobre a expansão das experiências existenciais para com próximos, estes, que em família, potencializam a essência real, orgânica e naturalista do que é ser e de como se comportar. A excentricidade observada está nos olhos dos outros, intrusos como nós, que adentram em um espontâneo (e possível) mundo absurdo que humaniza o fantástico com o realismo do cotidiano.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
ELA VOLTA NA QUINTA (2015, Brasil, 108 minutos, de André Novais Oliveira, assista no Looke, Crítica AQUI)
A narrativa, pululada de planos longos e sequenciais, apresenta um tempo real editado, sem a extensão perceptiva dos limites oculares do público. A naturalidade é tamanha, que não nos damos conta da presença da câmera, devido à superexposição cúmplice deste quase envolvimento interativo em 3D que o filme nos conduz. Os atores (não atores profissionais, incluindo seu diretor) são extremamente cênicos como conversas não-ficcionais do dia-a-dia de uma família comum. Essa “confusão” desestrutura o espectador que fixa totalmente a atenção e desconfia da história abordada. “Ela Volta Na Quinta” faz parte do cinema coletivo Filmes de Plástico e “eterniza” cenas memoráveis, dotadas de emoção nostálgica, como a história da mãe sobre o avô (“que não abandonou o sonho”) referenciando quereres concretistas de André (filho que viaja com pouca “grana”) e “aceitando” o “ofício” escolhido (em câmera próxima).
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
BOYHOOD – DA INFÂNCIA À JUVENTUDE (Boyhood, 2014, Estados Unidos, 165 minutos, de Richard Linklater, assista no Looke, Crítica AQUI)
“Disso tirei um estudo honesto sobre o cotidiano de uma família comum com pais separados e irmãos que se amam, mas também brigam”, disse o diretor Richard Linklater e complementa “Será meu último filme, mas é o que precede a todos, muitos, tantos…”. É possível imaginar, espectador-leitor-cinéfilo, que um argumento cinematográfico, que levou doze anos sendo realizado por causa de sua realidade temporal de fidelidade linear, tenha “espaço” nos circuitos de exibição? Sim. Tudo pelo diretor americano Richard Linklater, que saiu da “imaginação” e realizou a epopeia do cinema mais competente já dirigida. “Boyhood – Da Infância à Juventude” representa doze anos de existência literal de Mason (o ator Ellar Coltrane), analisando sua relação com os pais divorciados (os atores Ethan Hawke e Patricia Arquette) de uma típica família americana (boliche, bermuda, tênis e subúrbio), conforme ele vai amadurecendo.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
A FAMÍLIA BÉLIER (La Famille Bélier, 2014, França, 106 minutos, de Eric Lartigau, assista no Looke, Crítica AQUI)
“A Família Bélier” prova que há exceção quanto ao gênero de novela utilizada na arte cinematográfica. Aqui, a estrutura de fábula realista endossa o objetivo proposto, que é mesclar características típicas de uma comédia romântica com a perspicácia afiada (espontânea e sensível) do comportamento da narrativa. Utilizando-se a simplicidade da liberdade poética (com seus acasos fáceis, palatáveis e “ajudados” pelo roteiro com o intuito de “resolver” as reviravoltas – como a aula de canto, a paixão pelo garoto da escola) a fim de traduzir um sutil aprofundamento às questões banais de uma família da vida privada, “quebrando” com elementos inversos (como a surdez, o professor “ultra” sagaz – “nem tudo gira em torno de vocês, o famoso ego dos adolescentes”). Assim, o longa-metragem, dirigido pelo francês Eric Lartigau (de “A Noiva Perfeita”, “O Homem Que Queria Viver Sua Vida”, e do segmento “Lolita” de “Os Infiéis”), constrói com naturalidade despretensiosa, assumindo-se como uma diversão “diferenciada”, por incluir a emoção não manipulada, não clichê e não “bobinha”.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
OS CROODS (The Croods, 2013, Estados Unidos, 98 minutos, de Chris Sanders e Kirk DeMicco, assista no Looke, Crítica AQUI)
“Os Croods” segue mais a linha do estúdio sem o pretexto de ser algo mais que uma divertida aventura, e consegue. É interessante analisar que todos os filmes de Chris Sander possuem sempre uma temática familiar, seja uma conturbada relação de irmãs em “Lilo e Stich” ou questões de confiança de pai com filho em “Como treinar seu dragão” e nesse “Os Croods” um pai muito protetor e preocupado com sua família. Por isso, Chris consegue um diferencial que é trazer um caráter mais emotivo e de identificação com o público. Outro fato curioso, que mesmo não sendo denso ainda consegue trazer referencia em sua história com o mito da caverna de Platão, aqueles personagens ficam trancafiados em uma caverna e obrigados a se deparar com o exterior descobrem o mundo ao seu redor. A alegoria de Platão através de metáforas diz que só através do conhecimento é possível descobrir um universo de sentidos e razão. Essa mensagem soa no filme de forma delicada através de muito bom humor com boa construção de diálogos e elementos cômicos.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
INFÂNCIA (2014, Brasil, 104 minutos, de Domingos Oliveira, assista no Canal Brasil, Crítica AQUI)
“Infâncias não são para serem escritas, são boas para os filmes, quando os filmes são ótimos”, disse o próprio diretor Domingos Oliveira em seu livro “Vida Minha” sobre seu mais recente filme “Infância”, “uma crônica de sua infância, que devassa a intimidade da moral burguesa”. O dramaturgo, com o “pé” nos oitenta anos de idade, usa sua conhecida sinceridade sobre as coisas e principalmente sobre sua vida, pouco importando em “esconder” questões idiossincráticas e ou tabus que ocorreram com ele. O “multitarefado” artista (de “Amores”, “Feminices”, “Todas As Mulheres do Mundo”), que mescla a atmosfera textual Woody Allen com o suavizado universo existencialista suavizado de Charles Bukowski, “preenche com todos os tons”, com saudosismo latente e hiperbólico, suas memórias, que “crescem” quando provocadas e que se comportam “descontínuas como um filme de Godard”.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
DOWNTON ABBEY – O FILME (Downton Abbey, 2019, Reino Unido, 123 minutos, de Michael Engler, assista no Looke, Crítica AQUI)
O aclamado seriado teve seu episódio final exibido no Natal de 2015. Não demorou muito que para a pré-produção de uma adaptação para os cinemas fosse anunciada. Era natural que um produto tão caprichado esteticamente, reconhecidamente “cinematográfico”, ultrapassasse a fronteira da televisão. O desafio maior do roteiro, escrito unicamente pelo criador da série Julian Fellowes (ganhador do Oscar na categoria por uma das últimas obras de Robert Altman, “Assassinato em Gosford Park”, que parece um embrião do programa), era inserir um leque extenso, de mais de duas dezenas de personagens, de forma aceitável em um longa-metragem de duas horas. Só que o formato novelesco da série já conseguia com êxito atacar em várias frentes em pouco menos de uma hora. Pois o filme, além de não incorrer em equívocos comuns às transposições de programas de TV para o cinema, vai além e entrega mais do que os fãs otimistas da série esperavam.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS (Lung Boonmee Raluek Chat, 2010, Tailândia, 113 minutos, Canal Arte1, Crítica AQUI)
Entender a mente criativa e experimental do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul (de “Cemitério do Esplendor“) é necessário embarcar em seu universo de planos longos e contemplativos. Ele deseja mostrar o habitual, a normalidade das ações cotidianas – beirando a atmosfera de um mundo budista. Então imprime o realismo temporal na narrativa escolhida. Em “Mal dos Trópicos”, um dos filmes anteriores, – ganhando o Prêmio do Júri, no Festival de Cannes – ele aborda a lenda de um homem que pode se transformar em um animal selvagem e quando se acredita, o mito pode se tornar realidade. As tradições – lendas, espíritos, fantasmas, reencarnação (vidas passadas) – estão presentes e recorrentes em seus filmes. A vida simples – o almoço, as conversas no emprego, os silêncios imperativos, abrir o vidro de um automóvel – torna-se um personagem, com poder de transformar e induzir ideias e anseios. Em seu novo projeto, “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”, Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010, Apichatpong conserva o seu estilo e crenças.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
EVOLUÇÃO DE UMA FAMÍLIA FILIPINA (Ebolusyon Ng Isang Pamilyang Pilipino, 2004, Filipinas, 643 minutos, de Lav Diaz, Crítica AQUI)
“Evolução de Uma Família Filipina” conta a saga da pobre família Gallardo, que vive em uma comunidade rural das filipinas. Sua trajetória serve como metáfora da história do país durante a imposição da lei marcial pelo presidente Ferdinand Marcos e o crescimento da atividade guerrilheira, entre 1971 e 1987. Enquanto as economias vão acabando, a família Gallardo, lentamente, se separa. O filme começou a ser feito em 1993, sendo realizado durante dez anos até ficar pronto. A parte inicial da família vai aos guerrilheiros, que intercala imagens de arquivo de guerra contra o imperialismo filipino. Há digressões em saltos de narrativa, que explicam os integrantes da família. Entre sonhos, epifanias, realidades, futuros e passados, conta-se a história de uma dominação ditatorial. A trama não se apresenta de forma linear. Demora-se um tempo para que se possa concatenar e juntar as peças de tudo. Leia-se algumas horas. Mas a lentidão é válida e extremamente necessária para o desenrolar de todas as questões. São várias histórias dentro de histórias que se juntam.
10 filmes imperdíveis para celebrar o Dia Internacional da Família
VIVA – A VIDA É UMA FESTA (Coco, 2017, Estados Unidos, 105 minutos, de Adrian Molina e Lee Unkrich, assista no Looke, Crítica AQUI)
É inevitável o espectador não referenciar a nova animação dos estúdios Pixar da Disney, “Viva – A Vida É uma Festa” com a animação “Festa no Céu”, de Jorge R. Gutierrez, uma jornada viva para não esquecer dos próprios mortos. A referência nesta versão atual é explícita por causa da aventura com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos. A narrativa busca dosar a naturalidade da emoção com o alivio cômico que constrange a sinceridade do outro como pausa no drama, à moda de seus padrões-sucessos. “Viva – A Vida É uma Festa”, de Lee Unkrich (de “Toy Story“), Adrian Molina, conta a história de Miguel (voz de Anthony Gonzalez (VIII) – “não é igual ao resto da família” e que tem “o espírito de um artista”), um menino “amaldiçoado” de 12 anos que quer muito ser um músico famoso (e “tocar para o mundo”), como seu “Papá” foi, mas ele precisa lidar com sua família que faz sapatos e que desaprova seu sonho (para proteger toda a família da maldição de se ouvir qualquer resquício musical). Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. “Eu penso que nós somos a única família no México que odeia música”, diz.
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