Tudo Sobre a Mostra Faróis do Cinema – Mulheres Cineastas

Tudo Sobre a Mostra Faróis do Cinema – Mulheres Cineastas no RJ

Com sessões gratuitas, de 27 de agosto a 8 de setembro de 2024, a programação exibe 12 longas-metragens dirigidos por cineastas brasileiras acompanhados por outros 14 filmes indicados por elas como seus “faróis”

Por Fabricio Duque

Viver é um desafio constante. O ser humano precisa lidar com questões universais, buscando propósitos e missões de sua existência limitada. Viver em sociedade então chega a ser uma experiência ininterrupta de sobrevivência, porque cada um dá ao outro uma projeção de nós mesmos. Nesse caminho de se chegar a algum lugar é preciso ajuda, como o auxílio à navegação, o farol, que fornece a direção e as coordenadas geográficas. Esta estrutura fixa consegue construir toda a essência da existência humana, por representar algo que guia, que esclarece, que indica uma verdade concreta pela rotação da luz. Um farol já nasce dotado de credibilidade  vital. E toda essa metáfora pode muito ser transferida à sétima arte, este por ser um inerente espelho da realidade, ainda que de forma ficcional. Então, quando um mostra de cinema escolhe mergulhar por esse caminho, os espectadores ganham o conforto de um confiável e qualitativo norte. Talvez isso tudo seja a ideia germinativa da Mostra Faróis do Cinema, que chega hoje ao Rio de Janeiro, na Caixa Cultural, em versão, história e substantivo feminino.  

De 27 de agosto a 8 de setembro de 2024 (terça-feira a domingo), o público carioca (aberto aos turistas visitantes) pode conferir a quarta edição da Mostra Faróis do Cinema, desta vez dedicada exclusivamente a diretoras.  Serão exibidos 12 longas-metragens dirigidos por cineastas brasileiras de várias gerações, acompanhados por outros 11 longas e quatro curtas indicados por elas como seus “faróis”, obras que as inspiraram nas suas trajetórias e foram importantes na formação dos seus olhares. A Mostra Faróis do Cinema – Mulheres Cineastas tem curadoria de Mariana Bezerra Cavalcanti e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal. A entrada é gratuita para todas as sessões e atividades extras. 

A ideia da mostra é investigar as fontes de inspiração e os diálogos possíveis entre a diretora e a espectadora que convivem em cada cineasta. Ela foi inspirada na série de postagens “Faróis”, do DocBlog, que o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos, nosso crítico de todo dia e todo lugar, mais conhecido como Carlinhos, mantinha no jornal O Globo.  

“Faróis do cinema não cabe num formato, já foi blog, mostra, programa de TV e quanta coisa ainda pode ser… Pode se expandir ou se retrair, como a luz projetada na tela do cinema, como a luz que ilumina a rota do navio. Navegar é preciso, como é preciso contar e ouvir essas histórias. São elas que formam o Cinema Brasileiro. Hoje, no Brasil, temos muitas diretoras de cinema, mas nem sempre foi assim e, com certeza, não foi nada fácil chegarmos até aqui. Nesta edição temos o prazer de ver cineastas de várias gerações reunidas, disponibilizando seus filmes, suas inspirações e conversando presencialmente sobre seus processos criativos”, diz a curadora Mariana Bezerra Cavalcanti.

Susanna Lira (leia aqui o Especial sobre a diretora) abre a mostra com uma pré-estreia de “Fernanda Young – Foge-me ao Controle” e a exibição do seu “farol” “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho. Aída Marques, diretora de “Agudás – Os brasileiros do Benin”, indicou “Hiroshima Meu Amor“, de Alain Resnais. “Mangueira em Dois Tempos“, de Ana Maria Magalhães, será acompanhado por “Viver a Vida”, de Jean-Luc Godard. Beth Formaggini, diretora de “Xingu Cariri Caruaru Carioca”, escolheu “Deus e o Diabo na Terra do Sol“, de Glauber Rocha, como seu “farol”. Já Clarissa Campolina, codiretora de “Enquanto Estamos Aqui“, tem como “farol” “Iracema, Uma Transa Amazônica”, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. Helena Ignez (leia aqui o Especial sobre a diretora) apresenta seu mais recente filme, “A Alegria é a Prova dos Nove“, e seu “farol” “Quanto Mais Quente Melhor”, de Billy Wilder. “Como Nossos Pais“, de Laís Bodanzky, faz par com “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral. Luciana Bezerra, codiretora de “A Festa de Léo“, indicou três curtas de Kleber Mendonça Filho: “Vinil Verde”; “Eletrodoméstica”; e “Noite de Sexta, Manhã de Sábado”. Marina Meliande, diretora de “Mormaço“, tem como “farol” “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Patrícia Niedermeier (leia aqui o Especial sobre a diretora), codiretora de “Salto no Vazio“, indicou “As Praias de Agnès“, de Agnès Varda. “A Dupla Jornada”, de Helena Solberg, é o “farol” de Tetê Moraes, diretora de “O Sol – Caminhando Contra o Vento”. E “Adeus América”, de Sergio Oksman, foi o filme escolhido por Theresa Jessouroum, diretora de “O Corpo é Nosso!“. 

A Mostra Faróis do Cinema – Mulheres Cineastas terá também diversos bate-papos com as cineastas convidadas, com mediação dos críticos de cinema Leonardo Luiz Ferreira e Carlos Alberto Mattos, após as exibições de alguns filmes. Além disso, no dia 4 de setembro (quinta), às 19h, Mattos e Mariana Bezerra Cavalcanti apresentarão uma palestra sobre a história da mostra, contando casos, conversas e filmes que foram exibidos, desde a primeira edição, em 2010. E no sábado, 31 de agosto, às 13h15, haverá uma oficina com a cineasta mineira Clarissa Campolina, codiretora de Enquanto estamos aqui. Será um encontro voltado para discutir a criação cinematográfica, desde a concepção artística até a execução prática. As vagas são limitadas (25 pessoas) e a classificação etária ee de 16 anos. “A oficina tem como objetivo, através do estudo de caso do curta-metragem Solon, explorar a integração entre conteúdo e forma no cinema. Serão abordados como os planos de produção devem equilibrar as questões criativas do projeto, seu orçamento e a habilidade da equipe envolvida”, resume Clarissa.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA FARÓIS DO CINEMA – MULHERES CINEASTAS NO RIO DE JANEIRO

Fernanda Young – Foge-me ao Controle
Cena do filme “Fernanda Young – Foge-me ao Controle”

27 de agosto, terça-feira

15h – Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho (Brasil, 1984, 119 min, Cor, 12 anos)

18h – Sessão especial de abertura, pré-estreia de Fernanda Young, foge-me ao controle, de Susanna Lira (Brasil, 2024, 87 min, 16 anos, Cor)

28 de agosto, quarta-feira

16h – Como nossos pais, de Laís Bodanzky (Brasil, 2017, 102 min, 14 anos, Cor)

18h10 – A hora da estrela, de Suzana Amaral (Brasil, 1985, 96 min, Cor, 12 anos)

29 de agosto, quinta-feira

15h30 – Quanto mais quente melhor (Some like it hot), de Billy Wilder  (EUA, 1959, 120 min, P&B, Livre)

18h – Iracema, uma transa amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna (Brasil, 1974, 91 min, Cor, 16 anos)

30 de agosto, sexta-feira

16h – Helena de Guaratiba, de Karen Black (Brasil, 2023, cor, 15 min, 10 anos) e A alegria é a prova dos nove, de Helena Ignez (Brasil, 2023, 100 min, Cor, 14 anos)

18h – Bate-papo com Helena Ignez e Clarissa Campolina

31 de agosto, sábado

13h15 – Oficina sobre criação cinematográfica, com a cineasta Clarissa Campolina. 25 vagas. 16 anos.

15h15 – Enquanto estamos aqui, de Clarissa Campolina e Luiz Pretti (Brasil, 2019 78 min, 12 anos, Cor)

17h- A festa de Léo, de Luciana Bezerra e Gustavo Melo (Brasil, 2023, 82 min, 12 anos, Cor)

18h40 – Bate-papo com Luciana Bezerra e Beth Formaggini

1º de setembro, domingo

13h30 – Xingu Cariri Caruaru carioca, de Beth Formaggini (Brasil, 2017, 92 min, Livre, Cor)

15h30 – Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha (Brasil, 1964, 123 min, 14 anos, P&B)

3 de setembro, terça-feira

16h – Viver a vida (Vivre sa vie), de Jean-Luc Godard  (França, 1962, 83 min, P&B, 16 anos)

18h – Mangueira em dois tempos, de Ana Maria Magalhães (Brasil, 2019, 90 min, 12 anos, Cor)

4 de setembro, quarta-feira

15h – Hiroshima, meu amor (Hiroshima, mon amour), de Alain Resnais (França/Japão, 1959, 90 min, P&B, 16 anos)

17h – Adeus América, de Sergio Oksman (EUA, 2006, 72 min, Cor, 14 anos)

18h30 – Palestra com Carlos Alberto Mattos, crítico de cinema e autor do blog que deu origem à mostra Faróis do Cinema, e Mariana Bezerra, idealizadora e curadora.

5 de setembro, quinta-feira

14h – Agudás – Os brasileiros do Benin, de Aída Marques (Brasil, 2023, 97 min, Cor, Livre)

16h – sessão com tradução para Libra – O corpo é nosso!, de Theresa Jessouroum (Brasil, 2019, 85 min, 14 anos, Cor)

18h- Bate-papo com Theresa Jessouroum e Aída Marques

6 de setembro, sexta-feira

14h – A dupla jornada, de Helena Solberg (Argentina/Bolívia/México/Venezuela, 1975, 53 min, Livre)

15h30 – Salto no vazio, de Patricia Niedermeier e Cavi Borges (Brasil, 2017, 70 min, Cor, 14 anos)

17h – O Sol – Caminhando contra o vento, de Tetê Moraes (Brasil, 2006, 95 min, 14 anos, Cor e P&B)

18h40 – Bate-papo com Tetê Moraes e Patrícia Niedermeier

7 de setembro, sábado

13h15 – O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla (Brasil, 1968, 92 min, P&B, 14 anos)

15h15 – Mormaço, de Marina Meliande (Brasil, 2019, 97 min, 14 anos, Cor)

17h – Bate-papo com Marina Meliande

 8 de setembro, domingo

14h – Vinil verde, de Kleber Mendonça Filho (2004, Brasil, 13 min, Cor, 16 anos), Eletrodoméstica, de Kleber Mendonça Filho (2005, Brasil, 22 min, Cor, 16 anos) e Noite de sexta, manhã de sábado, de Kleber Mendonça Filho (2006, Brasil, 15 min, Cor, 16 anos)

15h15 – As praias de Agnès (Les plages d’Agnès), de Agnès Varda. (2008, 108 min, França, Cor, 16 anos)

Cena do filme “Salto no Vazio”

SINOPSES

Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho (Brasil, 1984, 119 min, Cor, 12 anos) Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar.

Fernanda Young, foge-me ao controle, de Susanna Lira (Brasil, 2024, 87 min, 16 anos, Cor) O documentário aborda a personalidade peculiar da escritora Fernanda Young, que morreu em 2019. De insana a consciente, de feminista punk a mãe apaixonada. “Os Normais”, “Saia Justa” e todas as faces da artista que sacudiu a televisão brasileira e se tornou uma das vozes mais importantes da sua geração.

Como nossos pais, de Laís Bodanzky (Brasil, 2017, 102 min, 14 anos, Cor) Rosa, 38 anos, é uma mulher que se encontra em uma fase peculiar de sua vida, marcada por conflitos pessoais e geracionais: ao mesmo tempo em que precisa desenvolver sua habilidade como mãe de suas filhas, manter seus sonhos, seus objetivos profissionais e enfrentar as dificuldades do casamento, Rosa também continua sendo filha de sua mãe, Clarice, com quem possui uma relação cheia de conflitos.

A hora da estrela, de Suzana Amaral (Brasil, 1985, 96 min, Cor, 12 anos) Uma jovem nordestina datilógrafa encontra um namorado em São Paulo e sonha com a felicidade.

Quanto mais quente melhor (Some like it hot), de Billy Wilder (EUA, 1959, 120 min, P&B, Livre) Chicago, 1929. Joe e Jerry são músicos desempregados, que estão desesperados por trabalho. Eles acidentalmente testemunham o Massacre do Dia de São Valentim, assistindo o criminoso Spats Colombo e seu cúmplice aniquilarem Toothpick Charlie e sua gangue. Forçados a apressadamente deixarem a cidade, Joe e Jerry pegam o primeiro trabalho que podem arrumar: tocar na banda de garotas da Sweet Sue. Em trajes femininos, os dois se juntam ao resto da banda em um trem que vai para Miami, Flórida.

Iracema, uma transa amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna (Brasil, 1974, 91 min, Cor, 16 anos) Um caminhoneiro que trafega pela Transamazônica, a grande rodovia do Brasil que atravessa a floresta amazônica, conhece uma prostituta e aos poucos percebe os problemas daquela região.

Helena de Guaratiba, de Karen Black (Brasil, 2023, cor, 15 min, 10 anos) Um jovem pescador se envolve romanticamente com uma mulher de 80 anos. Inspirado no mito de Helena de Troia.

A alegria é a prova dos nove, de Helena Ignez (Brasil, 2023, 100 min, Cor, 14 anos) Um mergulho na jornada de Jarda Ícone, artista, sexóloga e roqueira, e Lírio Terron, um defensor dos direitos humanos, durante sua viagem a Marrocos nos anos 70. Esta aventura dos dois não apenas marcou suas vidas, mas também continuou a fazer sentido em suas existências posteriores.

Enquanto estamos aqui, de Clarissa Campolina e Luiz Pretti (Brasil, 2019 78 min, 12 anos, Cor) Lamis e Wilson são imigrantes em Nova Iorque. Ela, que acaba de se mudar para os EUA, fala das suas impressões e experiências sobre o lugar. Lá, ela conhece Wilson, brasileiro, que já mora na cidade há dez anos, ilegalmente.

A festa de Léo, de Luciana Bezerra e Gustavo Melo (Brasil, 2023, 82 min, 12 anos, Cor) Léo é um garoto prestes a completar 12 anos. No dia de sua festa, Rita, sua mãe, descobre que o pai do menino, Dudu, que é dependente químico, roubou o dinheiro que estava reservado para realizar o evento. A trama acompanha o desenrolar da busca de Rita por outras formas de arrecadar dinheiro para a festa e, ao mesmo tempo, salvar a vida do pai de seu filho.

Xingu Cariri Caruaru carioca, de Beth Formaggini (Brasil, 2017, 92 min, Livre, Cor) Em busca de suas origens musicais e as raízes das flautas, Carlos Malta é um dos músicos que se reúnem para conversar e tocar juntos os sons tradicionais das “culturas populares” e “cultura pop”. Um encontro entre mundos diversos e que se complementam, uma mostra de que tudo está sempre em movimento e um registro da capacidade criativa da música contemporânea, sempre em transformação.

Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha (Brasil, 1964, 123 min, 14 anos, P&B) Manuel é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa. O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião, que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual.

Viver a vida (Vivre sa vie), de Jean-Luc Godard (França, 1962, 83 min, P&B, 16 anos) A jovem Nana abandona marido e filho para buscar uma carreira como atriz. Durante um período ela tenta ganhar dinheiro vendendo discos em uma loja, mas como não consegue o suficiente para sua sobrevivência, acaba recorrendo à prostituição. Após se apaixonar outra vez, Nana começa a repensar sua vida.

Mangueira em dois tempos, de Ana Maria Magalhães (Brasil, 2019, 90 min, 12 anos, Cor) Após 30 anos, o documentário Mangueira em 2 tempos visita as crianças que foram retratadas no vídeo “Mangueira do amanhã”. Suas histórias revelam as circunstâncias brutais da vida dos moradores das favelas do Rio de Janeiro, mas também seus surpreendentes destinos. Paralelo a isso, Mestre Wesley se inspira na musicalidade local para realizar a carreira de percussionista. A narrativa de sua trajetória explora a conexão entre samba e funk, ritmos marcados pelas batidas em 2 tempos e propõe o diálogo entre o jazz e a percussão da Mangueira.

Hiroshima, meu amor (Hiroshima, mon amour), de Alain Resnais (França/Japão, 1959, 90 min, P&B, 16 anos) Durante sua participação num filme sobre a paz, rodado em Hiroshima, uma atriz francesa tem uma aventura amorosa com um japonês, o que reaviva nela lembranças de uma trágica paixão durante a Ocupação. Entre o passado de guerra e o presente de incertezas, ele e ela tentam tornar imortal este encontro fortuito, através da mistura de tempos, recordações e corpos.

Adeus América, de Sergio Oksman (EUA, 2006, 72 min, Cor, 14 anos) Focado em recordações do ator Al Lewis (o Vovô do seriado dos anos 60 “A Família Monstro”), o filme desvela uma outra América, avessa à beligerância dos tempos de Bush e de muitos antecessores.

Agudás – Os brasileiros do Benin, de Aída Marques (Brasil, 2023, 97 min, Cor, Livre) A trajetória e a vida dos povos “agudás”, um grupo de descendentes de africanos escravizados no Brasil, que retornaram à terra natal com o fim da escravidão, e também de descendentes, brasileiros e portugueses, de traficantes de escravos, que se instalaram naquela região da África nos séculos XVIII e XIX. Presentes em Benim e Togo, os “agudás” assimilaram o sobrenome e parte da cultura de seus senhores.

O corpo é nosso!, de Theresa Jessouroum (Brasil, 2019, 85 min, 14 anos, Cor) Documentário que aborda a questão da liberdade do corpo feminino, seja na música, dança ou na sexualidade, relacionada a desconstrução da visão de masculinidade a partir do feminismo. O filme se utiliza de episódios de ficção que mostram as atitudes ainda machistas, racistas e preconceituosas tomadas pelos homens e por grande parte da sociedade, sejam elas inconscientes ou não.

A dupla jornada, de Helena Solberg (Argentina/Bolívia/México/Venezuela, 1975, 53 min, Livre) Filmado em fábricas no México e na Argentina, e em minas na Bolívia e Venezuela, o filme examina as condições da mão de obra feminina como força de trabalho na América Latina.

Salto no vazio, de Patricia Niedermeier e Cavi Borges (Brasil, 2017, 70 min, Cor, 14 anos) As memórias da viagem feita pelo casal de artistas Cavi Borges e Patrícia Niedermeier são transformados em um filme ensaio. O cenário é composto por paisagens localizadas no Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Síria, França e Hungria.

O Sol – Caminhando contra o vento, de Tetê Moraes (Brasil, 2006, 95 min, 14 anos, Cor e P&B) No Brasil pós-golpe militar e ainda antes do Ato Constitucional nº 5, nasce no Rio de Janeiro o jornal O Sol. Mesmo tendo vida curta, o jornal faz história representando o espírito da época. Através de material de arquivo, músicas e depoimentos de pessoas que participaram do jornal é mostrada a história da chamada “geração 68”.

O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla (Brasil, 1968, 92 min, P&B, 14 anos) Um assaltante apelidado de o bandido da luz vermelha, usa técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas de São Paulo. No entanto, seus roubos e crimes chamam tanta atenção que um implacável policial começa a persegui-lo.

Mormaço, de Marina Meliande (Brasil, 2019, 97 min, 14 anos, Cor) Ana é uma defensora pública que trabalha contra a remoção da Vila Autódromo, comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro que a prefeitura deseja riscar do mapa em virtude das instalações esportivas das Olimpíadas de 2016. Ela também corre o risco de perder sua casa por conta da especulação imobiliária que assola a cidade. Cada vez mais cansada, de repente, ela percebe o surgimento de marcas misteriosas em seu corpo.

Vinil verde, de Kleber Mendonça Filho (2004, Brasil, 13 min, Cor, 16 anos) Na cidade do Recife, uma mãe dá de presente para sua filha uma caixa cheia de discos de vinil coloridos. Ao entregar a caixa, a mãe avisa à menina que ela pode escutar todos os discos, exceto o vinil verde, o que a garota acaba desobedecendo.

Eletrodoméstica, de Kleber Mendonça Filho (2005, Brasil, 22 min, Cor, 16 anos) Na década de 1990, uma família da classe média, composta por uma mãe e seus dois filhos, vive em uma casa que está repleta de eletrodomésticos supérfluos capazes de fazer muito barulho.

Noite de sexta, manhã de sábado, de Kleber Mendonça Filho (2006, Brasil, 15 min, Cor, 16 anos) Após uma festa na noite de sexta, um homem se dirige a uma loja de conveniências e liga para uma mulher que está em outro país. Os dois conversam bastante e tentam se conectar através da ligação, como se tivessem se encontrando.

As praias de Agnès (Les plages d’Agnès), de Agnès Varda. (2008, 108 min, França, Cor, 16 anos) Com fotografias, fragmentos de filmes, entrevistas, e pequenas encenações, Varda compõe uma autobiografia, num passeio do tempo de criança na Bélgica até Paris, da descoberta do cinema até a participação na Nouvelle Vague, do casamento com Jacques Demy e dos filhos.

Farois do Cinema

A história da mostra Faróis do Cinema

Em 2010, o cineasta Marcelo Laffitte (1963-2019) e a produtora Mariana Bezerra Cavalcanti propuseram a Carlos Alberto Mattos realizar uma mostra inspirada no seu blog, que recebeu o título “Faróis do Cinema – Documentário Brasileiro – Quem Faz e Quem Inspira”. Dedicada à memória de Mário Carneiro (1930-2007), a primeira edição do evento reuniu, na CAIXA Cultural Rio de Janeiro e no Oi Futuro, dez documentaristas em encontros de duplas. Eles e elas dissertaram sobre suas admirações, influências e diálogos com o cinema de outros grandes realizadores e realizadoras. Uma sessão especial, denominada “Novas Luzes”, apresentou curtas-metragens de quatro jovens diretores que então despontavam no documentarismo.

Uma segunda edição da mostra teve lugar na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, em 2011, reunindo cineastas identificados prioritariamente com o cinema de ficção. Três anos depois, em 2014, mais uma vez a CAIXA Cultural Rio de Janeiro abrigou o evento, levando outros grandes cineastas brasileiros para comentar e debater suas admirações, filiações e afinidades no campo do cinema. Nessa edição, prestou-se uma homenagem ao então recém-falecido Eduardo Coutinho com a exibição da cópia restaurada de Cabra Marcado para Morrer, recordista de citações como farol entre documentaristas nacionais e que, inclusive, volta a ser exibido na edição de 2024. A curadoria e a mediação dos debates, até então feitas por Carlos Alberto Mattos, foram assumidas, respectivamente, por Marcelo Laffitte e Andréa Cals.

Enquanto a série Faróis do Cinema continuava a ser publicada em blog específico, com cada cineasta comentando dez filmes-faróis, um novo salto lançou o projeto para além dos eventos presenciais com a criação do programa de TV exibido pelo Canal Brasil em 2015. Com direção de Laffitte e apresentação de Mattos, “Faróis do Cinema” teve 15 episódios gravados em estúdio e fartamente ilustrados com cenas dos filmes abordados. Cada episódio era seguido da exibição de um filme completo do diretor ou diretora em foco.

Varda por Agnes
Cena do filme “As Praias de Agnès”

SERVIÇO

Mostra Faróis do Cinema – Mulheres Cineastas

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Unidade Passeio

Endereço: Rua do Passeio, 38 – Centro (Metrô e VLT: Cinelândia)

Telefone: (21) 3980-3815 Data: de 27 de agosto a 8 de setembro de 2024 (terça-feira a domingo)

Horários: Consultar a programação

Ingressos: Entrada gratuita com distribuição de senhas 30 min antes do início das sessões e das atividades extras

Lotação: 62 lugares Bilheteria: terça-feira a sábado, das 13h às 19h. Domingo e feriados, das 13h às 18h.

Classificação Indicativa: Consultar a programação

Acesso para pessoas com deficiências.

Realização: Khora Comunicação e Produção

Patrocínio: CAIXA e Governo Federal

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