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Jurassic World: Recomeço

O espetáculo continua, a surpresa nem tanto

Por Bê Oliveira

Jurassic World: Recomeço

“Jurassic World: Recomeço” é o sétimo longa da franquia iniciada por Steven Spielberg em 1993. Com direção de Gareth Edwards (de “Godzilla”, “Rogue One: Uma História Star Wars”) e roteiro de David Koepp (responsável pelo primeiro “Parque dos Dinossauros”), o novo filme propõe uma retomada às origens, mas sem deixar de lado os elementos de ação e grandiosidade visual que marcaram a era Jurassic World.

A trama se passa alguns anos após os eventos de “Jurassic World: Domínio“, em um mundo onde os dinossauros estão, mais uma vez, em risco de extinção — agora por doenças e desequilíbrios ambientais. Quando uma empresa farmacêutica descobre que o sangue de alguns desses animais modificados pode conter propriedades curativas, uma expedição é enviada a uma ilha remota no Caribe. O grupo é formado por cientistas, uma família náufraga e mercenários, todos com objetivos distintos, mas que logo se veem confrontados por novas espécies híbridas e pela hostilidade do ambiente.

A direção de Edwards privilegia o impacto visual. As locações reais na Tailândia, em Malta e no Reino Unido contribuem para uma ambientação rica, enquanto o uso de câmeras IMAX e planos abertos realça a escala dos dinossauros. As cenas de ação são bem coreografadas, com destaque para a sequência de perseguição no rio, envolvendo o já familiar T-Rex. A fotografia equilibra luz natural e composições amplas, e a trilha sonora de Alexandre Desplat evoca o tema clássico de John Williams de forma sutil, sem se tornar pastiche.

Em “Jurassic World: Recomeço”, o elenco principal é liderado por Scarlett Johansson, que interpreta Zora Bennett, a cientista encarregada da missão. A atriz entrega uma performance consistente, especialmente nas cenas de tensão. Jonathan Bailey, como o paleontólogo Loomis, é um dos pontos altos do elenco, conferindo humanidade e sensibilidade ao personagem. Já Mahershala Ali, no papel de um mercenário envolvido na operação, acaba com pouco espaço para se desenvolver, ainda que sua presença traga densidade às cenas em que participa.

Apesar de bem produzido, o roteiro é o ponto mais frágil do filme. A estrutura narrativa segue um padrão familiar à franquia: introdução da ameaça, divisão do grupo, confrontos com criaturas, dilemas éticos e reviravoltas previsíveis. Algumas subtramas — como a da família perdida na ilha — têm pouco impacto e não contribuem efetivamente para o desenvolvimento do enredo. Há tentativas pontuais de discutir temas como ética científica, exploração corporativa e responsabilidade ambiental, mas essas ideias são logo abandonadas em favor da ação.

Em termos de construção de universo, “Jurassic World: Recomeço” é mais contido do que seus antecessores. O número de espécies foi reduzido e o foco está mais na tensão e no suspense que nas batalhas grandiosas. Há uma escolha clara de limitar o excesso de CGI em favor de criaturas animatrônicas em diversas cenas. Essa decisão torna os dinossauros mais “presentes” e fisicamente críveis, mesmo que os híbridos como o Distortus Rex ainda sigam um caminho mais estilizado. A interação entre humanos e dinossauros retorna ao eixo do medo e da sobrevivência, ao invés da convivência forçada retratada em “Domínio”.

“Jurassic World: Recomeço” entrega o que promete: entretenimento visual de qualidade, com dinossauros em destaque, paisagens grandiosas e uma trilha envolvente. No entanto, opta por um caminho seguro e familiar, o que pode agradar ao público que busca nostalgia, mas deixar a desejar para quem espera inovação. É uma produção competente, mas que reforça a sensação de que a franquia, embora viva, já não surpreende como antes.

3 Nota do Crítico 5 1

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