Editorial da Semana | 12 de março de 2020
Estreias e Dicas desta quinta-feira
Por Redação
O Rio de Janeiro está tomado de eventos e mostras de cinema, inclusive o Cineclube Vertentes do Cinema, que acontece na próxima segunda-feira, dia 16/03. Março parece ser um prato cheio para a cinefilia. Só essa semana, são nada mais, nada menos, do que TREZE estreias. A partir de agora a gente te ajuda a escolher qual caminho seguir no meio de tanto filme chegando no circuito.
ESTREIAS
Formulaico toda vida, “BLOODSHOT” não aproveita sua atmosfera hipertecnológica, que o seriado “Black Mirror” se valeu para resgatar um volume considerável de espectadores para obras desta natureza. É um filme que se baseia no modelo conservador de sucesso de médio porte, como boa parte da filmografia de ação de Diesel. Um prólogo ligeiro, uma sequência de diálogos expositivos que nos insere nas invenções futuristas propostas pelos seus criadores e a vingança como desculpa para a aventura começar. Sem esquecer, claro, de uma missão cujas regras serão descumpridas e uma equipe que junta um fortão, uma moçoila e um cara mais parceiro. Não surpreenderá muita gente. Leia a crítica completa AQUI!
“LIBERTÉ” traduz-se como bucólico e palpável por personificar e reenquadrar o passado no presente. Para “continuar consciente” em planos de câmera estática e verborrágico discurso existencialista. Como uma peça de teatro, encenada sexual e propositalmente com o elemento caseiro, a fim de imprimir ainda mais veracidade de vida. Espreitamos a vida dessas personagens e nos tornamos o que eles não mais ensaiam em ser. “A libertinagem é difícil aqui”, diz-se enquanto o “tempo está correndo” e que é “preciso ajudar a Prússia”. Leia a crítica completa AQUI!
“DOCE ENTARDECER NA TOSCANA” brinca com a velha história da ricaça branca que poderia passar sua abastada aposentadoria onde quisesse e, como não é boba, escolheu uma das mais belas regiões da Itália. Até que essa camada envernizada de “Helena de Manoel Carlos” pudesse ser raspada, o filme passeia por inúmeras questões em um ritmo impecável. Quando, no meio do segundo ato, nos pegamos ouvindo a personagem verbalizando suas motivações, parece indiferente o que a levou a ser uma senhora progressista – uma vez que hoje não olhamos os dentes dos cavalos antifascistas que cruzam nosso caminho. Todavia, há uma preocupação constante na obra de consolidar todas as suas assertivas – e o faz com leveza. Leia a crítica completa AQUI!
A direção de Peter Segal, em “APRENDIZ DE ESPIÔ, é bastante madura e conduzida classicamente. As cenas de ação correm com naturalidade, sem muitos exageros físicos e o uso inteligente da trilha sonora é evidenciado logo no início, quando em um dos melhores momentos, em cena de perseguição utiliza música anempática à cena. Leia a crítica completa AQUI!
Se não há a fuga pelo clichê, “A MALDIÇÃO DO ESPELHO” pelo menos faz uma alquimia visual eficiente, bebendo de boas fontes do gênero. O famigerado jump scare está lá, mas usando com parcimônia. O escatológico também, em uma cena envolvendo a perda de dentes, sonho recorrente de quase todas as adolescências, onde somos impregnados pelo sentimento da insegurança. Utilizando elementos da natureza, todas as sequências envolvem fogo, água e ar, outra emulação comum. Mas, de sua maneira, o longa-metragem acerta o tom com essa linha de basear o horror nos traumas das relações familiares, deixando para a figura do espelho a metáfora do gatilho da depressão (que nem todos no filme conseguem superar). Leia a crítica completa AQUI!
“NÓIS POR NÓIS”, que também é título de uma música homônima do grupo A286, é o que denominamos de filme urgente. De cinema direto e mais bruto, que se preocupa muito mais com o conceito que sua forma. Ainda que suas subtramas sejam perdidas no contexto, a mensagem social está clara, vibrante e discursiva, desenvolvida por uma narrativa de cotidiano orgânico e as missões-responsabilidades diárias de ajudar a família, classe média baixa, em uma sociedade hostil e opressiva e com as limitações da comunidade. Leia a crítica completa AQUI!
“SOLTEIRA QUASE SURTANDO“, de Caco Souza é um exemplo nato da comédia brasileira, que evoca elementos comuns ao gênero, atualizado com pautas importantes e “na moda”, como a emancipação feminina e a homossexualidade. O problema maior se encontra no amadorismo evidenciado na técnica e direção, que em roteiro de premissa duvidosa, escrito pela atriz principal Mina Nercessian, causa mais desconforto ainda. O resultado é uma corrida cansativa com o objetivo de tocar em muitos pontos sem se ater ao essencial drama da protagonista. Ao querer embarcar no melhor dos dois mundos, afunda o barco em um mar de inconsistências, difíceis de serem levadas a sério. Leia a crítica completa AQUI!
“TERREMOTO” se desenvolve com a mesma lerdeza com a qual as autoridades brasileiras lidariam com um problema iminente como a base narrativa do filme. Com isso, trocamos o tal desenvolvimento do melodrama já citado por uma extensão dramática injustificável e modorrenta. A todo momento insistindo em criar a tensão para o ato final impactante. Leia a crítica completa AQUI!
Nessa parte introdutória, “ALVA” já se constrói quase totalmente sem diálogos, nos deixando a sós com o protagonista e sua solidão andante. O encerramento do ato se dará com o personagem cometendo um grave crime, momento em que a obra pensada por Costa ganha forma a partir de uma narrativa elíptica. Há um toque naturalista na maneira como Bonacho representa a melancolia causada pelo desapontamento com uma rotina sem muita perspectiva de alteração – a não ser a dificuldade um pouco maior quando amanhece chovendo no sítio. É coerente que esse homem tome uma atitude extrema como desculpa para se movimentar, de certa forma. Leia a crítica completa AQUI!
A grande maestria de “TECHNOBOSS“ é a de não pretender instaurar a estranheza, ainda que a force em alguns momentos com a necessidade de naturalizar a ingenuidade à moda de Mister Bean. É uma construção espontânea, desenfreada, sensível, amável, piegas, instintiva, passional, oportunista e descabida, entre “competências específicas”, “telefone do céu” (que ajuda e conversa), “donzelas aprisionadas” e “os estúpidos filhos de Deus”. Nós somos imersos na perda total da razão, em um loucura que se desliga da lúdica normalidade e se conecta com a voz do “Boss”, o próprio dono do Universo. Leia a crítica completa AQUI!
O filme “O OFICIAL E O ESPIÃO“, de Roman Polanski é uma adaptação do livro J’Accuse, de Robert Harris, que aborda o Caso Dreyfus, um conhecido episódio de antissemitismo na História Francesa, em que o oficial Alfred Dreyfus fora injustamente acusado de espionagem a favor da Alemanha e condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo (localizada na Guiana Francesa), em 1985. Ele sofrera diversos tipos de tortura psicológica para confessar o suposto crime, que não fizeram com que ele tomasse para si a culpa, além de ter sido submetido à degradação militar, apenas por ter uma caligrafia vagamente parecida com a do traidor. Sendo o primeiro judeu a servir o Estado-Maior do Exército, encontrou muita resistência por parte da elite católica, o que culminou nesta decisão extrema. Leia a crítica completa AQUI!
“AS PRIMEIRAS FÉRIAS NÃO SE ESQUECE JAMAIS” segue uma linha cada vez mais universalista do cinema francês, que tenta em alguns mercados (e o brasileiro é um dos grandes exemplos) suprir a demanda de filmes de médio porte, despretensiosos, para ocupar as salas com um público que não chega a se empolgar com a experiência de um Lav Diaz, mas também está cansado de sagas e franquias fantabulosas. Inclusive, a força do Festival Varilux de Cinema Francês é resultado de uma demanda crescente em obras nesse estilo. Leia a crítica a crítica completa clicando AQUI!
Leia em breve a crítica a crítica completa de “DISFORIA” AQUI!
Leia em breve a crítica a crítica completa de “MULHER” AQUI!
CURTA-METRAGEM DA SEMANA
INOCENTES (Brasil, 2017, de Douglas Soares). O curta-metragem “Inocentes”, do diretor Douglas Soares (de “Contos da Maré”; do longa “Xale”), concorrente na categoria no Festival de Brasília de Cinema Brasileiro 2017, traz a estética do desejo. Da observação que desperta a obsessão da repetição do olhar. Um vício estimulado pelo querer aos corpos sarados e aos rostos bonitos. É muito mais uma experiência solitária platônica, aos moldes de “Morte em Veneza”, de Thomas Mann. É uma exploração orgânica. Uma repetição condicionada ao belo que está no externo. Assista AQUI! E leia a crítica completa AQUI!
MOSTRA LUMIÈRE CINEASTA
(confira no link da foto)
MOSTRA PAUL NEWMAN
(confira no link da foto)
Editorial da Semana | 12 de março de 2020