Tudo Sobre a Mostra Online LC Barreto de Curtas
A empresa de Lucy e Barretão completou 61 anos de vida com mais de 150 produções e de 13 a 20 de dezembro exibiremos nove curtas-metragens que marcaram a história da cinematografia brasileira
Por Clarissa Kuschnir
E chegamos quase na metade do mês de dezembro com o Natal se aproximando e junto um novo ano. Mas como ainda temos alguns dias pela frente (antes do nosso repeteco da Mostra Um Curta Por Dia em 2025), trazemos uma mostra de curtas muito especial para vocês, que vai do dia 13 ao 20. Então, durante esses próximos oito dias, nos teremos a Mostra Online LC Barreto de Curtas. É fechar o ano com chave de ouro, já que traremos para a nossa plataforma curtas que fazem parte da história de uma das maiores e mais longínquas produtoras de cinema do Brasil. E esse ano, a empresa fundada pelo produtor, cineasta, diretor de fotografia e também jornalista Luiz Carlos Barreto (muito conhecido no meio cinematográfico como o “Barretão”) e sua esposa Lucy (ele com 96 anos e ela com 91), completou 61 anos de vida com mais de 150 produções no currículo entre elas: “Vidas Secas”(1963), de Nelson Pereira dos Santos, “Garrinha a Alegria do Povo”(1965), de Joaquim Pedro de Andrade, “Bye Bye Brasil”(1980), de Cacá Diegues, restaurado recentemente ganhando uma sessão exclusiva da Mostra José Wilker em parceria com o MIS Rio de Janeiro, dentro do Festival Internacional de Cinema de Paraty, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”(1976), de Bruno Barreto (primeiro filho de Luiz Carlos Barreto), no pódio durante anos, como o maior sucesso de bilheterias do Brasil e da produtora), “Isto É Pelé”(1974), do próprio Luiz Carlos Barreto e “Lula o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto(segundo filho do cineasta falecido em 2019, depois de ficar quase dez anos em coma, por causa de um acidente de carro). Sem contar que “O Quatrilho” (1995), também dirigido por Fábio e “O que é Isso Companheiro” (1997), de Bruno foram indicados como finalistas ao Oscar, na categoria de melhor filme estrangeiro. Ou seja, é uma vida e uma família (já que ainda tem a terceira filha do casal Paula Barreto, importante produtora) que carrega no DNA, o cinema brasileiro.
O ano passado, quando eu estive na 27ª edição do Cine PE, Luiz Carlos Barreto levou para casa o Troféu Calunga de Ouro, dado a sua produtora. E realmente foi emocionante de ver o cineasta, sua esposa e a neta Júlia Barreto (também do cinema) no palco, recebendo as homenagens. “Vou citar pela 10ª vez o nome de Roberto Rossellini. Uma vez em um papo que tive com ele na Floresta da Tijuca, ele me disse: Barreto existem duas espécies de cinema, o cinema fútil e o cinema útil. Quem vai fazer cinema tem que escolher se vai fazer cinema fútil ou útil. Na L.C Barreto nesses 60 anos, continuaremos a fazer o cinema útil”, disse Luiz Carlos Barreto sobre essa homenagem a sua empresa, na ocasião, sendo ovacionado pela plateia, em seguida.
E no dia seguinte durante a coletiva:
“O cinema brasileiro está em uma fase de internacionalização. O Brasil é um país rural e não pode ser urbano. Não que eu esteja defendendo a eliminação do cinema urbano. Mas não pode ser uma cinema preponderante do cinema brasileiro. A semente do Cinema Novo não foi sufocada, ela continua germinando”, disse Luiz Carlos Barreto elogiando o filme que passou logo em seguida, após sua homenagem que foi “Agreste”, de Sérgio Roizenblit. E Barretão ainda complementou que não gosta de falar do passado, e sim de um futuro próximo, dizendo que recentemente fundou a empresa Amazonika SA, com o intuito de levantar financiamento para projetos que falem sobre o meio ambiente, incluindo animações.
Já sobre Lucy…
“Quando eu adoto um projeto então, eu levei algum tempo. Eu cuido dele detalhadamente. Eu escolho a equipe que vai fazer. A gente comunga junto, antes do filme. Eu pergunto qual é a cor, a preferência, o quadro, o artista, o músico, o escritor para que consigamos ter o mesmo filme. Um filme é uma obra em conjunto. É muito difícil, todo mundo ter o mesmo filme na cabeça. Então a preparação para mim é importantíssima, até chegarmos a essa união, que é necessária”, disse Lucy Barreto também em coletiva, durante a mesma edição do Cine PE. E ela ainda complementou, que adora estar no controle de tudo.
Sim, são muitas histórias para contar.
E dos curtas escolhidos começamos com: “Congadas – O Folclore, o que é e Como se Faz”, de 1974. O filme fala sobre a origem das danças e músicas africanas, dirigido pelo próprio Luiz Carlos Barreto. Em seguida temos Santos Dumont retratado por Lauro Escorel em “O Que Eu Vi e o Que Nós Veremos”, também de 1974. Neste curta, o diretor mostra os vários lugares da França onde o grande inventor e autodidata, fazia seus planos de voos. Dentro da programação temos dois makings of que são: “Filmando Dona Flor”, de 1978 e “Filmando Bye Bye Brasil”, de 1979. Confesso que é muito bom ver um pouquinho de como foram feitos, esses dois grandes filmes de sucesso, tanto de bilheteria, quanto de crítica.
Outra figura importante retratada em um curta da produtora foi o futebolista brasileiro Garrincha, que é homenageado em “Mané Garrincha”, dirigido por Fabio Barreto.
E para completar também de Fábio Barreto teremos ainda na plataforma: “Brasil e URSS, Transição e Perestroika, Sarney e Gorbatchev”, no qual o cineasta mostra a viagem de Sarney à União Soviética e “Brasil 500 Anos”, abordando as celebrações da Descoberta do Brasil, em Porto Seguro. Este último Fábio Barreto dirigiu em parceria com Marcelo Santiago.
Finalizamos a mostra com “Luiz Carlos Barreto – O Revolucionário”, de Betse de Paula e Jaques Cheuiche. O minidocumentário, fala um pouco, sobre a carreira deste grande faz tudo e guerreiro incansável, do nosso cinema brasileiro.
Lembrando que os filmes ficarão na plataforma que agora está mais completa (com as informações técnicas e sinopses juntas ao link) das 9h da manhã até às 9h da manhã seguinte. E tudo isso de graça, sem necessidade de cadastro.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA ONLINE LC BARRETO DE CURTAS
DIA 13/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
CONGADAS – O FOLCLORE, O QUE É E COMO SE FAZ
(Congadas – O Folclore, o que é e como se faz, 1974,12 minutos, documentário, de Luiz Carlos Barreto). As origens e o significado dos ritmos das músicas e danças africanas.
DIA 14/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
O QUE EU VI E O QUE NÓS VEREMOS
(O que eu Vi e o Que Nós Veremos, 1974, 20 minutos, documentário de Lauro Escorel). Uma breve história de Santos Dumont mostrando os locais da França onde trabalhou e elaborou seus planos de voos.
DIA 15/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
FILMANDO DONA FLOR
(Filmando Dona Flor,1976, 10 minutos, making of, de Emiliano Ribeiro). Bastidores das filmagens do longa-metragem “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto.
DIA 16/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
MANÉ GARRINCHA
(Mané Garrincha, 1978, 12 minutos, documentário, de Fabio Barreto). Registro do Drama e da luta de Garrincha para sobreviver após se consagrar como herói em 2 Copas do Mundo.
DIA 17/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
FILMANDO BYE BYE BRASIL
(Filmando Bye Bye Brasil, 1979, 10 minutos, making of, de Fábio Barreto. Bastidores das filmagens do longa-metragem “Bye Bye Brasil”, de Cacá Diegues.
DIA 18/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
BRASIL E URSS, TRANSIÇÃO E PERESTROIKA, SARNEY E GORBATCHEV
(Brasil e URSS, Transição e Perestroika, Sarney e Gorbatchev, 1989, 18 minutos, documentário, de Fabio Barreto). Viagem do primeiro e único presidente brasileiro a visitar a URSS e seus encontros com a gente do povo após a era Stalin.
DIA 19/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
BRASIL 500 ANOS
(Brasil 500 Anos, 2000, Brasil, 10 minutos, documentário, de Marcelo Santiago e Fabio Barreto. A celebração dos 500 anos de descoberta do Brasil em Porto Seguro.
DIA 20/12 – Início 09:00 – Assista por AQUI
LUIZ CARLOS BARRETO – O REVOLUCIONÁRIO
(Luiz Carlos Barreto – O Revolucionário, 2016, 29’25” minutos, documentário, de Betse de Paula e Jaques Cheuiche). Luiz Carlos Barreto é um nome que está no centro da história do cinema brasileiro desde a década de 1960. Como produtor e fotógrafo, tem em seu currículo uma enorme lista de títulos importantes, como Dona Flor e seus dois maridos, O assalto ao trem pagador, Vidas secas, Terra em transe, Bye bye Brasil, Memórias do cárcere.