Mostra Um Curta Por Dia Marco mes 9

Telemundo

Mas... e agora?

Por Vitor Velloso

Durante o Festival Ecrã 2020

Telemundo

“Telemundo” foi parcialmente trabalhado, de maneira paralela, em minha crítica de “A Verdade Interior”, logo, algumas repetições podem ser feitas. Paciência.

Paciência é um termo comum à diversas obras de Benning, mas “Telemundo” se supera. Bestializante e inócuo, o filme nos convida a assistir duas pessoas assistindo um filme, em um sofá. Nada além. Repito meu comentário feito na crítica anterior. É uma burguesia que tenta se encontra em meio ao cinema, foi escancarada à mediocridade de sua forma, à gangrena da linguagem, escorraçada por parte do cinema e tenta reencontrar-se em seus “processos”. 

Comentários que vão além, tentando abordar uma virtualidade dessa realidade, um convite totalizante de uma experiência etc, provam o caráter dos defensores do racionalismo centralizador. Benning segue sendo aceito nos festivais, sempre com o mesmo argumento: Experiências novas. Ou, “…é Benning”. Tudo favorece a compreensão da bestialização formal cinematográfica, a moral decadente da burguesia, o irrisório esteticismo canhestro que urge em defender o que lhe convém. Redundante no “bom, ruim”, as coisas se dão através de gostos pessoais, seja da crítica ou da produção burguesa. Se defende uma vulgarização da forma, a redundância do raquitismo intelectual ou estético ou mesmo as “cores e movimentos” de um filme.

Tudo para defender seus gostos pessoais, com argumentos frágeis, uma unidade estética acompanhada de um vácuo na escrita. “Nada deve fazer sentido, pois o sentido está em tudo” disse o homem de terno acompanhado de uma exibição 260p de “O Último Mestre do Ar”, enquanto brada cinema oriental e levanta o pôster em defesa do vulgar. É o conservadorismo acadêmico. Ao invés de compreendermos a História através de uma revisão crítica, vamos pelo lado mais fácil, reverenciar trinta anos de fixação pelas mesmas coisas. Urgência em falar do “comercial artístico”, aplaudir a alienação e quem sabe… fumar um Carlton

Assistir “Telemundo” é sacramentar um reacionarismo latente na produção cinematográfica contemporânea, principalmente nesse eixo do experimental. As críticas feitas sobre o filme, circulam em uma espécie de “potência” que há no filme. Não, vocês apenas estão se masturbando pra mesma coisa de sempre, aplaudindo o nada. É como dar replay na mesma vulgarização formal de um pornô. Sentir o deleite de comer algo podre, mas que outrora era gostoso. Violentar a crítica em favor de gostos pessoais. “Telemundo” é o DEM da crítica. Defende quem quer, a partir de interesses próprios, o que indica um ego tão frágil, espelhado na experiências dos outros… 

Se Benning um dia disse estar feliz com o cinema digital, pois pode deixar sua câmera ligada por quanto tempo gostaria, não imaginaríamos que alcançasse a bestialização máxima. E os reacionários de plantão não conseguem defender através de uma “intelectualidade” particular, Benning abandonou suas bagagens, e agora? O que fazer? A ausência de argumentação ou mesmo de críticas explicitam o óbvio, a experiência infinita proposta pelo diretor burguês, não possui amparo nas reações dos inflamados experimentais. Ora, cadê a formalização que tanto era defendida? E o concretismo de quinta, transportado para o cinema com a verve de um albatroz? 

Se há violência no que escrevo, não me coloco contra o cineasta, ainda que seja uma obra bestializante e alienada. O mesmo tá ali, ignorando meio mundo e permanecendo no topo, por quem, retrógrado, parte no almejo de suas “experiências”. E essa consciência da turbulência escrita vem de uma necessidade de implorar que cessem essa alienação cega por seus autores. Reconheça em cada uma das obras uma unidade particular, não uma construção de “carreira” que vocês almejam. 

Não há dogmas quanto a crítica cinematográfica, muito menos ao pensamento. Mas se a subjetividade que me permite digitar para este mundo volátil da internet, uso a mesma para expôr esse vazio constante deixado por esse pensamento da “autoria”. Curiosamente, são os mesmos que vão defender o fim dela. Aparentemente, mímica e metonímia tá liberado, o que não pode é atacar o cineasta dos reacionários, aí…. faltam argumentos. Como sempre, vão falar de uma criatividade, de uma forma livre etc. É o desejo de todo pequeno burguês, alcançar essa aristocracia estóica. 

Direitos iguais se resolvem na violência, não é o que o húngaro disse?

1 Nota do Crítico 5 1

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