Por Fabricio Duque
(Prévias do Festival de Cannes 2017)
Já é fato, logicamente comprovado, de que é o “veredito” do jurados (e seus conhecimentos de mundo e influências do ambiente que vivem), com a palavra máxima (e voto de Minerva) de seu presidente, que determina por a mais b quem são os vencedores aos prêmios de festivais de cinema. Mesmo que busquem a saída pela tangente nas respostas, estruturadas por uma vertente padrão, imparcial e politicamente correta.
A cada ano, um Festival une pessoas tão diferentes em suas opiniões e crenças que se torna quase impossível descobrir e acertar, obviamente, as apostas. Este ano, o Festival de Cannes 2017, que completa setenta anos, convidou o cineasta espanhol Pedro Almodóvar para presidir o Júri da Mostra Competitiva Oficial, a mais importante, assim, uma grande responsabilidade desencadeia uma natural pressão e ansiedade.
O Júri Oficial
O cineasta Pedro Almodóvar (de filmes icônicos “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Maus Hábitos”, “Julieta”, “A Pele Que Habito”, “Abraços Partidos”, “Má Educação”), o presidente do Júri, corrobora adjetivações de passional, colorido, emotivo, direto e Kitsch. Leia mais sobre o diretor AQUI, em nossa matéria Biografia Especial. E o ajudando na difícil tarefa, um time-equipe complementar de oito jurados. Vamos a eles!
A cineasta alemã Mauren Ade (de “Todos os Outros”, “Toni Erdmann”, este que concorreu ao Palma de Ouro do Festival de Cannes 2016), com quarenta anos, nascida em 12 de dezembro de 1976, é fundadora da Filmakademie Baden-Wuerttemberg e foi produtora de “Una Mujer Fantástica”, de Sebastián Lelio, que concorreu na mostra competitiva oficial do Festival de Berlim 2017.
A atriz americana da Califórnia, Jessica Chastain (de “A Árvore da Vida”, “Histórias Cruzadas”, “A Hora Mais Escura”, “O Ano Mais Violento”, “Armas na Mesa”, “Interestelar”, “Perdido em Marte”), com quarenta anos, nascida em 24 de março de 1977, indicada a vários prêmios cinematográficos, foi classificada pela revista “Time” como uma das “100 Personalidades Mais Influentes do Mundo”.
A atriz e produtora chinesa Fan Bingbing (da série hit “My Fair Princess”, do filme de horror “The Matrimony”, e de ” Lost in Beijing” e “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido”, este de Bryan Singer), com trinta e cinco anos, nascida em 16 de setembro de 1981, foi listada no Top 100 Forbes de Celebridades Chinesas. Em 2016, recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de San Sebastian por sua interpretação em “I Am Not Madame Bovary”, do chinês Feng Xiaogang.
A atriz, diretora e cantora francesa de Paris Agnès Jaoui (atriz de “Um Doce Refúgio”, e também diretora em “Questão de Imagem”, “O Gosto dos Outros”, este vencedor de quatro César), com cinquenta e dois anos, nascida em 19 de outubro de 1964, foi aluna de Patrick Chéreau. Junto com Jean-Pierre Bacri, trabalha com Alain Resnais em “Smoking/No Smoking”.
O diretor sul coreano Park Chan-wook (de “Old Boy”, “Lady Vingança”, “Sede de Sangue”, “A Criada”, este que concorreu a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016), com cinquenta e três anos, nascido em 23 de agosto de 1963, é um dos mais populares e aclamados diretores de cinema da Coréia do Sul. A estética de seus filmes é conhecida pela violência e humor negro e pelo foco em detalhes como simetria e enquadramento.
O ator e músico americano Will Smith (de “A Procura da Felicidade”, “Homens de Preto”, “Eu sou a lenda”, “As Loucas Aventuras de James West”, “Hitch – Conselheiro Amoroso”e da série “Um Maluco no Pedaço – The Fresh Prince of Bel-Air”), com quarenta e oito anos, nascido em 25 de setembro de 1968, está classificado como o astro mais rentável em todo o mundo pela revista Forbes. Até 2014, seus filmes arrecadaram US$ 6,6 bilhões em bilheteria mundial. Atualmente, dedica seu trabalho de sua Fundação Will and Jada Smith Family pelas comunidades carentes.
O diretor italiano Paolo Sorrentino (de “Il Divo”, “A Grande Beleza”, “Youth – Juventude”), com quarenta e seis anos, nascido em 31 de março de 1970, dirigiu, em 2016, a série “The Young Pope”, com Jude Law. Sete de seus oito filmes entraram na competição do Festival de Cannes. Ele também publicou uma novela “Hanno tutti ragione” em 2010, e duas coleções de contos: “Pagoda Tony e suoi amici” (2012), e “Gli aspetti irrilevanti” (2016). “A Grande Beleza” ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Estrangeiro.
O compositor francês Gabriel Yared, com sessenta e sete anos, nascido em 07 de outubro de 1949, após passar a infância no Líbano, frequentou as aulas de composição de Henri Dutilleux em Paris e depois um tempo no Brasil. Desde 1980, dedicou-se a maior parte de seu tempo à composição de músicas para filmes. Trabalhou com Jean-Luc Godard (“Salve-se Quem Puder (A Vida)”), que foi seguido por colaborações notáveis bem-sucedidas com Jean-Jacques Beineix, Jean-Jacques Annaud (César para “O Amante”), Anthony Minghella (Oscar para “O Paciente Inglês”) e com Xavier Dolan (“Tom na Fazenda”).
Un Certain Regard. Este ano, a atriz americano Uma Thurman preside o Júri da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes. Com quarenta e sete anos, nascida em 29 de abril de 1970, atua há mais de vinte anos, e ficou realmente famosa por fazer papéis destacados nos filmes do diretor-escritor Quentin Tarantino (“Pulp Fiction: Tempo de Violência” – indicada a Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar 1995), e nas duas partes de “Kill Bill”. E em “Gattaca”. Trabalhou com Woody Allen (em “Poucas e Boas”); Roland Joffé (“Vatel – Um Banquete Para o Rei”) e atualmente está no elenco do novo filme de Lars von Trier (“The House That Jack Built”). Uma é listada no Top 100 das estrelas de cinema pela revista Empire Magazine. Ela faz parte do Partido democrata e já contribuiu com as campanhas de John Kerry e Hillary Clinton, e também apoia o controle civil de armas e participou da “Marcha das Mulheres”.
Júri Cinéfondation and Short Films. O presidente do Júri do Cinéfondation and Short Films deste ano é o cineasta romeno Cristian Mungiu que segue os passos de Naomi Kawase, Abderrahmane Sissako, Abbas Kiarostami e Jane Campion. Com quarenta e nove anos, nascido em 27 de abril de 1968, o diretor corrobora o estrutura direta e crítica à moralidade e à política do cinema realizado na Romênia. Seus filmes engajados, ativistas e cotidianamente espontâneos, clandestinos e orgânicos, ”4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” (vencedor da Palma de Ouro), “Contos da Era Dourada“, “Além das Montanhas”, “Graduação – Bacalaureat” (que concorreu também na mostra oficial em 2016, vencendo na categoria de Melhor Diretor), oferecem uma voz para quebrar a hipocrisia da sociedade em uma mensagem universal. “O valor e a originalidade nunca alcançaram um reconhecimento fácil no cinema. E é ainda mais difícil reconhecer estes princípios de diretores muito jovens. Mas a Cinéfondation é conhecida por ter conseguido fazer exatamente isso com grande efeito”, disse Cristian Mungiu.
Júri Caméra d’Or . Este ano, a presidente do Júri da Câmera de Ouro é a atriz francesa Sandrine Kiberlain, com quarenta e nove anos, nascida em 25 de fevereiro de 1968, tem a responsabilidade e sensibilidade de escolher a criatividade cinematográfica dos filmes concorrentes. Entre seus filmes, podemos destacar: “Quand on a 17 ans”, “Um Doce Refúgio”, “Amar, Beber, Cantar”, “Polissia”, “Mademoiselle Chambon”, “O Pequeno Nicolau”, “Betty Fisher E Outras Histórias”). Em 2016, dirigiu o curta-metragem “Bonne figure”, com Chiara Mastroianni.
Júri Semaine de la Critique. Na edição 56 da Mostra Semana da Crítica, o presidente do Júri é o brasileiro pernambucano Kléber Mendonça Filho (de “O Som Ao Redor”, “Aquarius” – este que concorreu a Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano passado, e que gerou discussão mundial quando nas escadarias da gala, placas foram levantadas para protestar contra a política governista no Brasil). Seus dois filmes foram incluídos na respeitada lista dos 10 melhores do ano do jornal norte-americano The New York Times. Com quarenta e nove anos, nascido em 1968, é indiscutivelmente um talentoso diretor. Integrando o júri temos a produtora colombiana do Festival de Cartagena, Diana Bustamante Escobar; o redator-chefe americano da revista “Indiewire”, Eric Kohn; a diretora libanesa do Cinema Metropolis; e o comediante francês Niels Schneider.
Jury Queer Palm. A presidência do Júri da Palma LGBT ficou com o cineasta Travis Mathews, que junto com James Franco, dirigiu o documentário “Interior. Leather Bar” (disponível na Netfllix), sobre as cenas perdidas de “Perdidos na Noite”. Realizou também “I Want Your Love” e a série documental “In Their Room”. Junta-se a ele, o fundador e diretor artístico de TLVFest, Yair Hochner; o programador da mostra Panorama do Festival de Berlim, Paz Lazaro; a cineasta franco-argelina Lidia Leber Terki (com o projeto Sextoy sobre a cena eletrônica em Paris no final dos anos 1990, e diretora de “Paris White”); e o jornalista da “Historien du Cinéma”, Didier Roth-Bettoni.
Jury L’Œil d’Or . A atriz e diretora francesa Sabine Bonnaire (atriz de “Mulheres Diabólicas” e diretora de “O Nome Dela é Sabine”) é a presidente do júri do Olho de Ouro de Melhor Documentário, cuja terceira edição sucede os diretores Gianfranco Rosi (em 2016 premiou “Cinema Novo”, de Erik Rocha) e Rithy Panh (em 2015 premiou “Allende e meu avô”). É casada com Guillaume Laurant, e tem um filho com o ator norte-americano William Hurt.