Mostra Um Curta Por Dia - Repescagem 2025 - Novembro

Confira o que aconteceu nos primeiros dias do Festival Curta-Se 2025

Curta-Se 2025

Confira o que aconteceu nos primeiros dias do Curta-Se 2025

Festival retorna em formato maior com bom público e se destaca no cenário do audiovisual sergipano e nacional

Por Clarissa Kuschnir

A 24ª edição do Curta-Se – Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe começou bem. Além de exibir O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, o evento contou com uma noite especial para o público sergipano que lotou o Teatro Tobias Barreto para assistir ao longa tão esperado, que entrou em cartaz nos circuito comercial nesta quinta. “É uma honra ter o público consagrado participante e ávido a conhecer, aqueles que não conhecem e aqueles que já conhecem e aos que já são fidelizados, o meu muito obrigada. O mais simbólico de estar de volta ao Curta-se é de devolver aos sergipanos a Petrobras a Sergipe”, disse na abertura Rosângela Rocha diretora de idealizadora do Curta-Se.

A noite ainda contou com um bela homenagem ao ator Matheus Nachtergaele que tem  uma longa e importante trajetória no cinema brasileiro, inclusive no Nordeste, tendo feito importantes papéis ao longo de seus mais de 30 anos de carreira (no teatro, cinema e televisão) em filmes como: “O Que é Isso Companheiro” (de Bruno Barreto),”Central do Brasil”(de Walter Salles), o icônico personagem de João Grillo em “O Auto da Compadecida 1 e 2” (de Guel Arraes),“Cidade de Deus” (de Fernando Meirelles); “Árido Movie” (de Lírio Ferreira), Tapete Vermelho(Luiz Alberto Pereira); “Amarelo Manga”, “Baixio das Bestas”, “A Febre do Rato”, Big Jato” e “Piedade” (de Claudio Assis); “Carro Rei” (de Renata Pinheiro); “Mais Pesado é o Céu” (de Petrus Cariry), e na direção “A Festa da Menina Morta”. Sim, Matheus prova que é um homem de cinema com sua versatilidade em diversas atuações.

“Boa noite! Todo carinho é sempre muito bem-vindo.  Eu nunca me sentia vencedor, mas fico sempre emocionado e senti a cada homenagem, um senso bonito de brasilidade e responsabilidade. E tudo o que eu posso ser o que eu mais sou é um dos construtores do cinema brasileiro, desde a retomada. Eu acho que eu sou um dos atores bem antigos desde a retomada do cinema e tive sorte de me tornar ator, no momento que o cinema brasileiro se refazia, lá no final dos anos 90. Trabalhei muito sem parar até hoje. Fiz muita coisa bonita que nos forma como brasileiros. Precedi de uma maneira estranha o sucesso absoluto do cinema nordestino no Brasil e no mundo. Eu sou paulistano, nasci na capital e de uma maneira cansada talvez, pelo meu tipo físico, mas também pela minha maneira tragicómica que eu tenho, eu acabei sendo a figura do ator nordestina”, disse Matheus Nachtergaele sobre os aplausos do público. O ator ainda relembrou “O Auto da Compadecida”, que foi um grande marco em sua carreira.

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Durante a semana, o Curta-Se – Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe 2025 contou com uma programação intensa com as Mostras competitivas de Longas e curtas Ibero-americanos, Mostras de trailers, webséries e videoclipes, Mostra Segipana, mostras paralelas com destaque para a Mostra em homenagem ao grande teórico, escritor, crítico, ensaísta e ator Jean-Claude Bernardet (falecido em julho) com a exibição de curtas cinco curtas realizados pelo cineasta Fábio Rogério (em parceria com Jean Claude) debates com os realizadores uma apresentação teatral do veterano Grupo Imbu aça e, apresentações musicais.

Dos longas em competição, destaco “Morte e Vida Madalena” de Guto Parente, um filme com humor sarcástico, que faz uma série de referências ao cinema. “Muito obrigado por vocês estarem aqui. É uma sessão muito especial para a gente. Já a algum tempo que eu queria participar do festival e agradeço pelo convite. Eu queria dizer que esse filme é uma carta de amor ao cinema brasileiro. É um filme que nasce após 20 anos de carreira fazendo cinema no Ceara, em um modelo de produção muito próprio em uma cooperativa. Então depois de tanto tempo e tantos perrengues deu uma vontade de compartilhar com o público também o que é fazer um filme. E a partir de uma perspectiva bem-humorada rindo das nossas próprias tragédias e um aviso de gatilho para diversos cineastas”, afirmou Guto Parente ao apresentar o filme.

E realmente foi uma sessão diferenciada, a de “Morte e Vida Madalena”. Com um público que parece ter recebido bem a história do filme e que é protagonizado pela ótima atriz Noá Bonoba no papel de uma produtora que acaba assumindo o papel de cineasta de um roteiro de seu pai, depois que ele falece e o diretor desaparece. Em meio a uma gravidez de 8 meses e meio ela tem que lutar para que o filme saia antes de dar à luz.

“Estou muito feliz de estar em Sergipe aqui pela primeira vez. Esse filme tem gerado alegria por onde ele passa, Madalena é um presente, ela é cheia de nuances , cheia de um desenho maravilhoso. E também falo da felicidade de estar em uma cidade do nordeste. Ontem quando foi exibido o filme do Kleber pensei muito na disparidade que existe entre regiões e d quanto é importante o fomento dos filmes feitos por nós. Estamos nos vendo. Estamos nos reconhecendo. Aquela sala lotada de uma cineasta pernambucano e as pessoas assistindo ao filme, colocando o Nordestino no centro da narrativa”, disse a atriz Noá Bonoba.

Feito todo pelo celular, outro filme que se destacou na programação e com sala cheia foi Um Minuto é uma Eternidade para quem está Sofrendo, do cineasta sergipano Fábio Rogério, em parceria com seu conterrâneo Wesley Pereira de Castro. O longa-metragem, que estreou mundialmente em Tiradentes e que levou o prêmio da Mostra Aurora, é um diário do próprio Wesley durante a pandemia de Covid 19 e sua convivência em sua casa. Lá ele conta suas aflições, angústias de uma vida difícil e repleta de autos e baixos em todos os sentidos. Ali, toda nudez é permitida expondo o corpo de uma forma natural sem sexualizar. E o filme, apesar de angustiante em muitas de suas passagens, consegue provocar risos e só por isso já é um mérito, especialmente por ter sido feito com zero recurso.

“Conheço o Fabio há muito tempo e a marca dele autoral é analisar pessoas excêntricas. São pessoas que são artisticamente valiosos só que com traços exóticos. Eu tinha resistência a tecnologia.  Gosto de DVDs.  Então, eu tenho aparelhos analógicos. Eu tinha uma resistência muito grande a tecnologia. Por muito tempo não tinha whatsapp. Aí ganhei um celular de uma vizinha e comecei a fazer videozinhos e como eu tenho uma fascínio por suicido assim como o Fábio Rogério tem como o Bernardet, então a gente sempre conversou. Fazia videozinhos e mandava para os amigos e falava que era meu último dia. Aí o Fábio Rogério virou para mim e disse que se eu ficasse no mundo mais um pouquinho ele faria a princípio um curta. Aí eu comecei a mandar para ele o que eu estava fazendo e quando ele começou a instigar eu comecei a produzir diariamente. Foi formando ele viu que existia, uma nova narrativa”, afirmou Wesley Pereira de Castro durante a coletiva de imprensa.

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Ainda dentro das mostra de longas, dois filmes argentinos foram exibidos. O primeiro, “Vinchuca”, do diretor Luis Zorraquin, aborda sobre a juventude que vive como ajudante de traficante entre as fronteiras entre a Argentina e o Brasil. Quando pego pela polícia acaba trabalhando para a corporação em troca de casa e comida, a fim de ajudar a prender traficantes. O longa de tem como coprodução o Brasil é um bom filme abordando um tema importante para a juventude que muito se perde, por trabalhar para o tráfico. E o personagem ainda tem um traço característico cultural que é a paixão pela dança. O segundo “Resurrexit”, de Daniel Mucchiut, eu achei o mais fraco, em que o diretor fala sobre Roberto Nield um comediante Argentino que fugiu da ditadura e passou anos na Colômbia. Em breve, soltarei as críticas destes longas.

Dos curtas me chamaram atenção os sergipanos: “Cancioneiras – Embarcações Poéticas”, de Elaine Bomfim e Graziele Ferreira; “Coisa de Preto”, de Pâmela Peregrino, (que eu já conhecia); “Sonata Beladona”, de Antônio Rafael Gomes Maia.  Já dos nacionais, destaque para o já conhecido e premiado “A última Valsa” (também de Fábio Rogério); “Bijupirá”, de Eduaro Boccaletti; e “Eu Não Sei se vou ter que falar Tudo de Novo”, de Vitória Fallavena e Thassilo Weber, um filme LGBTQIAPN+.

A 24ª edição do Curta-se continua durante o final de semana com mais curtas e longas, mesas sobre curadorias de cinema e sobre o mercado do audiovisual. Para mais informações sobra a programação é só acessar: https://curtase.com.br/

O Festival conta com patrocínio da Petrobras, Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); apoio cultural do Cine Walmir Almeida, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Governo do Estado de Sergipe, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), e do Memorial de Sergipe Prof. Jouberto Uchôa; além do apoio institucional do Ibero Fest, Avanca Film Festival, VIII Congresso das Coalizões pela Diversidade Cultural e do Fórum dos Festivais.

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