10 Filmes na Netflix que ganharam nossa cotação máxima
Lista reúne em ordem alfabética os filmes com maiores notas do nosso site
Por Fabricio Duque
Sim, concordo que cada lista é subjetiva, visto que é a opinião única e definitiva de uma crítica, que também é um ser humano dotado de emoções e particularidades. Mas independente de acertar ou errar, já está comprovado (pelo Google, inclusive) que todos amam listas. Eu também. Não foi fácil (nunca é) escolher, ainda que já venha “mastigado” com cinco câmeras (há mais de duzentos filmes que receberam nota máxima do Vertentes do Cinema). Assim, esta pode ser considerada como a primeira parte. Até porque já está em processo de realização novas seleções da Amazon e Apple TV+. Então vamos aos 10+ que estão no catálogo da NETFLIX.
ASSUNTO DE FAMÍLIA (“Manbiki Kazoku”, 2018, Japão, 121 minutos)
“ASSUNTO DE FAMÍLIA” é um desses filmes que representam este preâmbulo. Exibido no Festival de Cannes 2018, em que saiu o grande vencedor da Palma de Ouro, o longa-metragem, dirigido por Hirokazu Kore-eda (de “Ninguém Pode Saber”, “Pais e Filhos”, “Nossa Irmã Mais Nova”), com seus cinquenta e seis anos, encanta ao adentrar no conceito de “choose family”, em que família não necessariamente vem do sangue. O longa-metragem, que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, busca humanizar os atos ilícitos, os transformando em razões de sobrevivência. Assim, além de um conto familiar, é também uma crítica social de classes menos favorecidas que precisam importar o “jeitinho malandro carioca” para que possam continuar existindo. Inclusive a de deturpar moralidades para os necessários e devidos fins. Contudo, as ações soam com um toque ingênuo, de inocência perdida, à moda do filme “Bande à Part”, de Jean-Luc Godard, principalmente por sua trilha-sonora que indica o perigo iminente em um supermercado. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
BRANCO SAI, PRETO FICA (2014, Brasil, 93 minutos)
A sessão de “Branco Sai, Preto Fica” foi até agora a mais disputada da VI Semana dos Realizadores. O burburinho é devido a seu interlocutor, o diretor Adirley Queirós (do documentário “A Cidade é uma Só?”), um “autêntico ceilandense” (nascido, na verdade, em Morro Agudo de Goiás). Suas ideias ganham atenção por reverberar sinceridades extremadas e verdades “verdadeiras”, conservando sua ingenuidade popular e o jeito “Ceilândia de ser”. Uma das cidades-satélites (região administrativa do Distrito Federal) é o lugar escolhido para que Adirley possa “exterminar monstros internos em relação à Brasília”, projetando ficções científicas e ideias arquitetadas à destruição da matriz de “filme de terror”. O objetivo era realizar um “Blade Runner”, mas com o pouco dinheiro, conseguiu-se um Michel Gondry, mesmo construindo cenários do zero e artimanhas tecnológicas (como as câmeras de segurança e o elevador adaptado à cadeira de rodas – uma vida “autossuficiente”). Ficção ou documentário? Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
DIVERTIDA MENTE (“Inside Out”, 2015, EUA, 94 minutos)
Exibido no Festival de Cannes 2015, “Inside Out”, que na tradução “fofa” brasileira ficou “Divertida Mente”, representa a nova animação dos estúdios Pixar, uma vertente da Disney, e corrobora a maestria de conjugar diversão inteligente com existencialismo metafórico da emoção. Trocando em miúdos, é a Pixar sendo o melhor da Pixar e dirigido pelo já conceituado Pete Docter (“de “Up – Altas Aventuras”). A trama corrobora o costume de humanizar sentimentos pelo ótica de uma terapia cognitiva coloquial e palpável, quando recorre a uma narrativa adulta com referência à infância, que por sua vez busca a nostalgia da memória afetiva de cada um de nós. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
FRANCES HA (2012, EUA, 86 minutos)
É quase obrigatório quando se analisa o filme “Frances Ha”, traçar opiniões começando-se pelo fim, porque é neste momento, que concluímos a experiência como um todo, e também compreendemos que o título representa a metáfora do existencialismo-pop moderno. O indivíduo que precisa se adequar ao espaço geográfico, limitando a expansão das vivências possíveis que a vida fornece. O longa-metragem é fotografado em preto-e-branco e busca a naturalidade realista como fio condutor, podendo-se referenciar à estrutura dos filmes de Woody Allen (principalmente “Manhattan”); “O Balconista”, de Kevin Smith; “Acossado”, de Jean-Luc Godard, e “Beijos Proibidos”, de François Truffaut (por causa do segmento Paris); dos filmes dos Irmãos Coen (principalmente o último “Inside Llewyn Davis”); de “Nebraska”, novo filme de Alexander Payne (exibido no Festival de Cannes 2013); “(500) Dias Com Ela”, de Marc Webb, entre outros abordados nos diálogos. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
LA LA LAND – CANTANDO ESTAÇÕES (“La La Land”, 2016, EUA, 128 minutos)
“La La Land – Cantando Estações” é um típico filme destinado aos cinéfilos sonhadores de plantão, tudo porque nos proporciona revisitar a magia do cinema da época mais inocente da vida: os musicais (um “refúgio no mito da Cinderela moderna”). Seu diretor Damien Chazelle, com apenas trinta e um anos, já revelou, em seu filme anterior “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, que além de novo, possui talento suficiente para manter a qualidade, e assume despretensiosamente, com utopia e passionalidade, sua paixão pela música, pelo jazz sinestésico, visceral, “rasgado”, livre e de transe de New Orleans. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
O CIDADÃO ILUSTRE (“El ciudadano ilustre”, 2016, Argentina, 120 minutos)
“O Cidadão Ilustre”, dos diretores Mariano Cohn e Gastón Duprat (de “O Homem ao Lado”, “Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto”), filme de encerramento do Festival do Rio 2016 e representante argentino no Oscar 2016 na categoria de Filme Estrangeiro, abraça uma das características intrínsecas do cinema latino americano argentino: que é potencializar a autoralidade, pelas ações idiossincráticas, pelas interpretações sutis naturalistas e por seus seus diálogos humanizados não maniqueístas. Não há o certo, tampouco o errado. E sim, o necessário para que possam sobreviver no meio social. Aqui, seus protagonistas ficcionais, que concretizam a realidade para nossa experiência, desnudam-se de hipocrisias ao confrontar vulnerabilidades, medos, passados, traumas, covardias, defesas, prepotências, orgulhos e prisões existenciais. Com o irretocável ator Oscar Martínez, de “Ninho Vazio”, “Paulina”. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
OLMO E A GAIVOTA (2014, Brasil, 87 minutos)
“Olmo e a Gaviota”, em em questão aqui, se incomoda com esta definição, “atestando” por “a mais b” que a obra apresentada é “totalmente” ficcional, representa o mais recente e aguardado filme de Petra Costa (que nos “presenteou” com “Elena”), que co-dirige com a dinamarquesa Lea Glob (do curta “Meeting My Father”). E já é apresentado como “peixe grande”, devido a produção executiva de Tim Robbins e por ter sido editado (montado por Marina Meliande) na produtora Zentropa (de Lars von Trier – no mesmo lugar que “estava sendo filmado Ninfomaníaca”). Contudo, nada disso significaria se não tivesse a competência sensível de nossa diretora brasileira. É um filme sobre o universo criativo-pessoal da peça “A Gaivota”, de Tchekov, que se utiliza de elementos reais (como a própria gravidez da protagonista para construir sua mise-en-scène, colocando seu “jogo de cena”, pela metalinguagem do próprio teatro e pela encenação naturalista de seus atores-personagens, “cúmplices” nas “vulnerabilidades” espontâneas de um casal real que improvisa o próprio relacionamento. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
O OUTRO LADO DO VENTO (“The Other Side of the Wind”, 2018, EUA, 122 minutos)
O último filme de Orson Welles, “O Outro Lado do Vento”, busca o aforismo de subverter a padronização da massa. De se estar do outro lado que não venta, que desmascara hipocrisias de moralistas blasés que acham que estão do lado certo. Finalizado pela Netflix, o longa-metragem corrobora as características facetas construtivas desse realizador que inovou a linguagem do cinema, experimentando ângulos de câmera, técnicas, narrativas, fotografias e tudo mais que a sétima arte pode proporcionar. Sim, o espectador é assaltado por primitivos questionamentos da verdadeira essência do cinema. “A realidade é um reflexo da câmera ou a câmera é um reflexo da realidade?”, pergunta-se, fazendo com o que o público perca-se nos limites da ilusão, principalmente pela onipresença da metalinguagem e suas camadas de filmes dentro de filmes sobre o universo dos filmes. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
O SILÊNCIO DO CÉU (2016, Brasil, 102 minutos)
No meio cinematográfico, há poucos filmes que arrebatam o espectador logo de imediato. “O Silêncio do Céu” é definitivamente um deles. Talvez pela habilidade de seu diretor, o brasileiro Marco Dutra (que faz uma participação especial como ator, interpretando em uma agência, no melhor estilo Alfred Hitchcock), que já nos brindou com outros imperdíveis longas-metragens (“Trabalhar Cansa”, “Quando Eu Era Vivo”). Talvez pela genialidade da obra homônima original de Sergio Bizzio, em que o filme foi baseado. Talvez por sua adaptação em um roteiro com mais duas mãos: Lucia Puenzo e Caetano Gotardo. Talvez pelo elenco de interpretação naturalista-espontânea, que integra o astro argentino Leonardo Sbaraglia na pele do protagonista Mario; a atriz Carolina Dieckmann; e Chino Dárin (filho de Ricardo Dárin). E ou talvez pelo hibridismo equilibrado da ambiência do novo cinema brasileiro com o da Argentina. Talvez todos esses elementos juntos possam explicar e ou fornecer uma explicação desta maestria. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
TEMPORADA (2018, Brasil, 112 minutos)
Assistir a um filme do típico mineiro André Novais Oliveira (de “Quintal”, “Ela Volta na Quinta”) é mergulhar em universo de tempo suspenso, acompanhado do material bruto do ser humano, que é “jogar conversa fora”. Seu mais recente trabalho, “Temporada”, integrante da mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro deste ano, é um respiro. Uma contemplação da própria vida. Uma extensão da espontaneidade pelos encontros bate-papos com “tempo do café”. Chega a ser uma obra de ficção-científica, altamente realista, pela impossibilidade de se perceber a real encenação do ato presente, tudo emoldurado por uma singeleza de libertar a própria existência. Constrói-se um equilíbrio entre a ficção distanciada e a realidade ilusória, até porque o que vemos não é documentário, ainda que isso desperte uma inconsciente percepção. É um filme de épocas, de estágios atuais, de aprendizagens, de aceitar novos recomeços. É uma metáfora fabular de linear uma trajetória: do nada ao tudo. Da sensação perdida à esperança do futuro. Leia a crítica completa AQUI! Netflix.
10 Filmes na Netflix que ganharam nossa cotação máxima