Cássio: “Como eu descobri Wong? Em 1995, com “Amores Expressos”. Procurava algum lugar para alimentar-me e achei um cinema (que passava este filme). Saí com uma experiência de amaravilhamento (depois da anestesia de muito tempo). Momentos de cinema que você se apega, nos captura afetivamente e com interesse. Escrevi sobre os filmes com desordem. De acordo como foram lançados no Brasil. Nexos flutuantes.
Tatiana: “Descobri WKw por conta de uma mini retrospectiva do Cine Arte UFF. Vi ‘Felizes Juntos’ sem referência nenhuma. Saí completamente arrebatada. Eu gostaria de ter feito este filme (risos). Depois vi ‘Anjos Caídos’ e procurei por ‘Amores expressos’. Eu tenho uma relação pessoal forte com o diretor. É difícil escrever sobre seus filmes. Ele captura o espectador pela emoção, solicitando o sentimento e o sensorial. É bom ser em bloco e mesmo assim não ser linear. Minhas percepções foram fragmentadas e dispersas. É uma obra lúdica. Identificam-se referências. Em relação ao cinema oriental. Ele emergiu com os outros cineastas. As referências tornaram-se quase um clichê, com características comuns e repetidas no contemporâneo. Basicamente, WKw aborda decepções amorosas, com seu estilo espetaculoso e em videoclipe, de publicidade. Registra um fluxo, movimentos incessantes – os corpos ou as vontades, que são oscilantes. As imagens fluidas e borradas remetem à contemporaneidade.
“WKw aprende Cantonês vendo filmes. A sua mãe o levava desde pequeno ao cinema. Ele chega aos 5 anos com os pais. O mundo estava mudando. Angustias e crise econômica deram continuidade ao fim do acomodamento dos anos 60. Entram nas referências do diretor: Godard, exotismo, estética vibrante, estesia, subversão, o ser kitsch e neon realismo. Ela dialoga com as músicas pela suas memórias das canções. A mãe ouvia recorrentemente Nat King Cole, boleros filipinos e a rádio BBC de Londres. Uma mistura cultural com pequenas diferenças. Como “Califórnia Dream” que é executada oito vezes em um de seus filmes. Eram autores dentro do gênero. Agora são gêneros dentro dos autores. Melodrama, policial, musical, kung fu, WKw aborda quase tudo, interagindo com o popular. Não só para um público de entendedores.
Eduardo Nunes, cineasta carioca, (plateia), levanta a questão de Wong abandonar os seus roteiros. “Dias selvagens”, ele só escreveu 30 páginas. “Felizes Juntos”, escreveu no próprio dia de set. Contrasta com o inicio de sua carreira. Ele era roteirista.
Gustavo: “Ele renega quase tudo que escreveu como roteirista. A máfia ajudava o cinema para lavar dinheiro. Depois descobriu que dava dinheiro e começou a fazer (risos). Manipulava-se o cinema para a bilheteria. Ele não gostava nem um pouco do que fazia e se demitiu em 23 de dezembro. Eram produtos descartáveis. Dizem que ‘Conflito mortal’ foi financiado por essa máfia. WKw usa o processo de imaginação. Ele termina os filmes em outros filmes. Começa um novo filme, mesmo não tendo terminado o anterior. Ele diz que ‘o que faço é o mesmo filme, que é quebrado em vários’. São garotos e garotas tentando se entender, em um grande quebra-cabeças.
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