Tudo Sobre a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2025

Semaine de la Critique 2025

Tudo Sobre a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2025

Mostra paralela do evento francês, um dos mais importante do mundo, traz o curta brasileiro “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli, em seu seleção competitiva

Por Fabricio Duque

Há muitos Festivais de Cannes dentro do Festival de Cannes por conta de suas mostras paralelas, que, de coadjuvantes, não têm nada. Essas seleções complementam a programação da competição a Palma de Ouro e muitas das vezes trazem filmes com excelência superior à oficial. Assim, uma dessas mostras é a Semana da Crítica, ou em seu original francês Semaine de la Critique, que em 2025 chega a sua 64ª edição, instaurada quatorze anos depois do Festival de Cannes, que chega a sua edição 78, e acontecendo de 14 a 22 de maio, com suas sessões oficiais no Espaço Miramar (e exibições extras no Licorne, Studio 13, Raimu e Alexandre III). 

O propósito e missão da Semaine de la Critique, criada em 1962 pela União Francesa de Críticos de Cinema (French Union of Film Critics), é focar em descobrir novos talentos, sempre à procura dos novos “jovens turcos” do mundo, ao selecionar o debut do primeiro filme e/ou o segundo. Visto que o terceiro já é considerado veterano. Quem já foi “descoberto”? Jacques Audiard (que depois ganhou a Palma de Ouro por “Dheepan” e ano passado polemizou com “Emilia Pérez”; Alejandro González IñarrituKen LoachFrançois OzonWong Kar Wai, Gaspar Noé, Julia Ducournau (que ganhou a Palma de Ouro com “Titane”), que não precisam de apresentações), entre tantos e tantos outros. E muitos filmes brasileiros já passaram pela Semana. O último (no ano passado) foi “Baby”, de Marcelo Caetano, que inclusive, deu o prêmio de ator revelação para Ricardo Teodoro, além do curta-metragem “A Menina e o Pote”, de Valentina Homem. 

Os objetivos essenciais da Semaine de la Critique, descritos em seu site, são: destacar estreias e segundos filmes dirigidos por cineastas do mundo todo; permitir que os críticos franceses explorem a criação cinematográfica jovem da melhor forma possível; apoiar as revelações de hoje para que se tornem os talentos de amanhã; e dar grande atenção aos curtas-metragens e médias metragens, primeiros passos na carreira de um diretor. A Semana também tem o compromisso com a educação, “intercâmbio e transmissão de conhecimento”, organizando assim, durante todo o ano, diversas atividades educativas para estudantes do ensino médio. 

Para a arte do poster, a Semaine de la Critique 2025 mostra uma das heroínas do filme “Rainhas do Drama” (Queens of Drama) erguendo a mão para o céu, e “assim nos desafiando e nos convidando ao êxtase”. “É uma homenagem vibrante a todos os tipos de performance. O filme de Alexis Langlois é uma carta de amor ao cinema, à música e à celebração”, que justifica em texto no site oficial. 

Semaine de la Critique 2025

Com direção artística de Ava Cahen, a Semana deste ano monta seu Júri oficial com nomes muito conceituados do universo cinematográfico mais independente. A presidência ficou à cargo do espanhol Rodrigo Sorogoyen (de “As Bestas”); seguido da crítica de cinema franco-marroquina Jihane Bougrine; a historiadora da arte franco-canadense Josée Deshaies; a produtora indonésia Yulia Evina Bhara; e o ator britânico Daniel Kaluuya (dos filmes de Jordan Peele). O júri dará quatro prêmios: Prêmio Leitz Cine Discovery para curta; Prêmio Louis Roederer Foundation Rising Star; Prêmio French Touch Prize of the Jury; e Prêmio Semaine de la Critique’s AMI Paris Grand Prize.  

Muito importante mencionar também a lista dos comitê de críticos de cinema que escolheu as obras (porque são totalmente responsáveis pelas consequências): Chloé Caye (Culture aux Trousses, Le Cercle), Laurent Hérin (Cinetica), Damien Leblanc (Première), Olivier Pélisson (Bande à Part) e Perrine Quennesson (Cinemateaser), para os longas. E Léo Ortuno (Bande à Part, So Film), Esther Brejon (Faut Voir !, Sorociné), Grégory Coutaut (Le Polyester) e Raphaëlle Pireyre (Trois Couleurs, Bref), para os curtas-metragens.  É sempre bom “dar nomes aos bois”. Todos assistiram a 1000 longas e a 2340 curtas.

A Semana da Crítica 2025 abre com o filme “L’interêt d’Adam (Adam’s Sake)”, da cineasta belga Laura Wendel em seu segundo longa “Playground”, que quer “continua sua exploração sensível do sofrimento infantil através deste estudo de personagens complexas”. Já o O filme de encerramento desta 64ª Semaine de la Critique é “Planète (A Odisseia do Dente-de-Leão)”, o primeiro longa-metragem de animação da diretora japonesa Momoko Seto, que traz “a incrível jornada de quatro dentes-de-leão que sobreviveram a uma explosão nuclear e buscam um lugar para criar raízes”. Além de duas exibições especiais: “Baise-en-ville”, do diretor francês Martin Jauvat; e “Des preuves d’amour (Love Letters)”, da diretora francesa Alice Douard. 

Samba Infinito

A Semaine de la Critique 2025 traz em sua competição oficial sete longas-metragens: “A Useful Ghost (Pee Chai Dai Ka)”, do diretor tailandês Ratchapoom Boonbunchachoke; “Ciudad Sin Sueño (Sleepless City)”, do diretor espanhol Guillermo Galoe; “Kika”, da diretora belga Alexe Poukine; “Imago”, do diretor checheno Deni Oumar Pitsaev; “Left-Handed Girl”, da diretora de Taiwan Shih-Ching Tsou (com produção de Sean Baker); “Nino”, da diretora francesa Pauline Loquès; e “Rietland (Reedland)”, do diretor holandês Sven Bresser. 

Da seleção de curtas-metragens temos um filme brasileiro (representante do Brasil na Semana 2025) em competição: “Samba Infinito” (foto em destaque acima), de Leonardo Martinelli, que “nos leva a uma jornada urbana, que é ao mesmo tempo festiva e melancólica”.  O filme de Leonardo, com Camilla Pitanga e Gilberto Gil), “acompanha um gari durante o Carnaval, busca retratar o luto pela perda da irmã do personagem e a sua jornada ao encontrar uma criança perdida”, numa co-produção com Baraúna Filmes. 

Junto com mais outros dez: o romeno “Alișveriș”, de Vasile Todinca; “Glasses”, da sul-coreana Yumi Jung; “Wonderwall”, de Róisín Burns (que revisita a banda Oasis); “Critical Condition”, de Mila Zhulktenko; “Bleat!”, de Ananth Subramaniam; “Erogenesis”, de Xandra Popescu; “Alișveriș”, de Vasile Todonca; “Free Drum Kit”, de Carmen Leroi; “L’mina”, de Randa Maroufi; “God Is Shy”, de Jocelyn Charles. O júri terá trabalho! E mais três curtas integram a Sessões Especiais: Agnès Patron com “To the Wood”; “Eraserhead in a Knitted Shopping Bag”, de Lili Koss; e Guil Sela com “No Skate!”. 

A Semaine de la Critique 2025 ainda entrega outros prêmios: Gan Foundation Award for Distribution; SACD; Canal+; e o tão aguardado Caméra d’or (a Câmera de Ouro), para cineastas iniciantes em seu primeiro filme. 

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