Tudo sobre a III Semana Cavideo Online
A terceira edição acontece de 04 a 10 de junho na internet
Por Redação
Já virou tradição a Semana Cavideo de longas-metragens que acontece totalmente online. E sim, a espera acabou. De 04 a 10 de junho, sempre às 18:00, na página de Cavi Borges no Facebook. O evento gratuito (e sem convite), com patrocínio da Clínica Jorge Jaber, contará também com uma LIVE-debate Q&A sobre o filme, logo após, no mesmo dia às 20:00. Com sete lançamentos produzidos pela Cavideo e um curta-metragem bônus, o início de “Pazucus”, a mostra, que já se tornou um acontecimento de nosso audiovisual, é realizada e pensada sem nenhum contato físico. Uma nova fora de exibição dos filmes em tempos pandêmicos de confinamento quarentesco (quase Tarantinesco também, com uma pitada aguçada de “Black Mirror”). Nosso site lista também a programação completa e as críticas de todos os filmes! Confira! Programe-se! Não perca! E já prepare a pipoca. Ou o vinho. Ou a cerveja. Ou o café. E aproveite!
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
DIA 04/06 – QUINTA-FEIRA, 18h
SETENTA (2013, Brasil, 96 minutos, de Emilia Silveira, CRÍTICA AQUI)
Na década de 70 no Brasil, em pleno regime militar, um grupo de 70 presos políticos de diferentes organizações é enviado ao Chile em troca da libertação do embaixador suíço. O documentário reencontra esses personagens 40 anos depois do banimento. Quem são eles? Como veem o passado? Que sonhos têm para o futuro? Como sobreviveram e como vivem? A guerra contra as mídias ganha um novo caráter, a televisão já possui uma dimensão absolutamente diferente da década de 60-70 e o espaço para a discussão torna-se mais acessível. Ou não? O que é essa acessibilidade? A partir dessa visão, dessa discussão, “Setenta” ganha um escopo interessante para o debate político-estético, já que tomamos de empréstimo imagens históricas, um amplo acervo que abarca a necessidade do documentário, graças os esforços da produção. Além disso, uma unidade que compreende este material como parte fundamental do longa, não usando o mesmo conforme uma necessidade subjetiva, mas sim de estrutura direta ao debate.
DIA 05/06 – SEXTA-FEIRA, 18h
SEMENTE DA MÚSICA BRASILEIRA (2018, Brasil, 90 minutos, de Patricia Terra, CRÍTICA AQUI)
Em 1998 abria na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, o Bar Semente. Com o tempo, o local passou a ser conhecido pelas suas rodas de samba, atraindo músicos e artistas da nova geração de sambistas do país. Yamandú Costa, Teresa Cristina, Zé Paulo Becker e Moyses Marques são alguns dos artistas que começaram suas carreiras no simbólico palco do bar. “Semente da Música Brasileira” conduz o público espectador em uma passional narrativa híbrida, que conjuga o formato clássico com a divisão a parte de áudio da parte de vídeo, de cinema direto, bruto, improvisado da perfeita cena filmada com as evidências visuais e suas tensões estruturais. O estilo é aberto e livre, permitindo que possamos descobrir curiosidades, sentir a emoção desmedida do momento, observar os conflitos e se entregar de forma catártica à energia da música emanada. O documentário é intimista e caseiro transe. Sua câmera próxima, subjetiva, invasiva e personagem participativo cria a imersão do fluxo contínuo passo-a-passo entre a fotografia psicodélica setentista, os bastidores-ensaios, fotos antigas, vídeos-apresentações pessoais de rodas de samba.
DIA 06/06 – SÁBADO, 18h
MAIS QUE EU POSSA ME RECONHECER (2015, Brasil, 72 minutos, de Allan Ribeiro, CRÍTICA AQUI)
Uma solidão de oitocentos metros quadrados, em que o espelho já não lhe basta. Um artista plástico descobre na videoarte uma companheira inseparável. Aqui, a “questão principal é a solidão” de nosso protagonista (meio surdo, antiquado e resistente às novas tecnologias), um indivíduo que vivencia seu universo de visão particular e unilateral sobre como gravar e como montar um filme, “ensinando” o subjetivismo da melhor (e única) forma de se “colocar o som depois”. “Mais Do Que Eu Possa Me Reconhecer” representa uma oportunidade terapêutica ao “homenageado” de fazer um balanço da própria vida, de lidar com a morte já aceita (“Morrer também é bom”). “Não faz sentido Deus me fazer assim e depois me castigar”, diz-se. O Sr. Darel filma tudo, personificando objetos (e personagens “juditianas” dos quadros que pinta), que ganham vida e podem até “voar”.
DIA 07/06 – DOMINGO, 18h
SAGRADA FAMÍLIA (1970, Brasil, 85 minutos, de Sylvio Lanna, CRÍTICA AQUI)
Ao longo da viagem, os quatro membros e uma família burguesa vão se desfazendo de seus bens materiais e de sua história. Conduzidos pela mão de um guia, eles levam uma arma e uma caixa de balas de festim. O guia as troca por balas verdadeiras, fazendo com que os integrantes da família sejam eliminados um a um, sempre sob suas ações malignas. A montagem, de Sylvio Lanna, José Sette, Geraldo Veloso e Gilberto Santeiro, corrobora o embate entre o som e a imagem, apresentando a alternância entre planos longos e curtos, muitas, vezes se relacionando com o ritmo das vozes e sons. Como as duas linguagens da obra, a princípio, não tinham relação, a montagem possibilitou a pluralidade de jogos e organizações, que, inclusive, potencializaram a obra de Lanna, tornando-a ousada para os padrões estéticos e capaz de explorar diversos pormenores da Linguagem Cinematográfica.
DIA 08/06 – SEGUNDA-FEIRA, 18h
PAZUCUS – A ILHA DO DESARREGO (2017, Brasil, 110 minutos, de Gurcius Gewdner, CRÍTICA AQUI)
Carlos convive com uma terrível agitação estomacal e se arrasta pelas ruas vomitando e ouvindo as conversas apocalípticas de suas fezes ao mesmo tempo em que é perseguido, sem saber, por um obcecado médico homicida. Paralelamente um jovem casal busca harmonizar a relação em um acampamento isolado, mas a natureza que os cerca na ilha logo os choca pela hostilidade. É impossível não rir com o roteiro, viagem estranha, de “Pazucus: A Ilha do Desarrego”. É tão surreal, de humor grosso, atrapalhado, desengonçado, alterado, esquizofrênico, satírico, bobo, exaltado e expansivo, quase infantilizado, que causa nojo, que busca “encontrar o ovo”, o riso “spaghetti” “Shrek” com “South Park” (e seu “Mr. Hank”) com as “papagaiadas” de “Mister Bean” e “vomita” críticas ao sistema social e à “especulação imobiliária”. A mensagem que se quer passar é que “o monstro do mal é libertado de você depois de uma boa cagada, senão você estourará de merda”. “A maldição é o futuro”, diz-se. E “não fazer cocô” também.
BÔNUS BOM DIA CARLOS (2015, Brasil, 17 minutos, de Gurcius Gewdner, CRÍTICA AQUI)
O preâmbulo. Carlos se vê perturbado por uma potente inquietude. Já seu analista está obcecado pela ideia de que deve eliminá-lo para salvar sua ilha, Florianópolis. A ilha é, por excelência, um território perturbado. Pedaço de terra desligado do continente ou território que emerge dos abalos advindos do centro do mundo: voltar a se integrar ao mar é o fantasma que ronda todas as ilhas. Existe, nessa relação tensa entre mar e ilha, uma oposição entre civilização e destruição, forma e informe, cultura e caos unidos em um carinhoso e escatológico tributo a Carlos Reichenbach, Dusan Makavejev, Lucio Fulci e Andrzej Zulawski. “Pazucus is Coming!”
DIA 09/06 – TERÇA-FEIRA, 18h
PINGO D’ÁGUA (2014, Brasil, 80 minutos, de Taciano Valério, CRÍTICA AQUI)
Um país, três cidades completamente diferentes. Pessoas se deslocam buscando uma mudança não apenas territorial, mas também – e principalmente – interior. Viajando aproximam-se de si mesmos, imersos em um universo de visual poético como a vida. Bernardet tenta essa multifacetada figura do homem cinematográfico, colaborando com estas produções marginalizadas daquilo que se desenha como um “protótipo de exportação cinematográfica” ou indústria. A atitude altruísta ou egocêntrica, não cabe a mim julgar, pouco é efetiva em sua totalidade, pois se essa figura de um martírio perene, da cultura, de uma História ou de um cinema, se centralizar em sua silhueta, o cinema brasileiro enfrenta então o problema de se (re)definir enquanto postura de si mesmo.
DIA 10/06 – QUARTA-FEIRA, 18h
PARAÍSO AQUI VOU EU (2011, Brasil, 75 minutos, de Cavi Borges e Walter Daguerre, CRÍTICA AQUI)
Em busca da felicidade que não tiveram enquanto viviam juntos, um ex-casal decide se abrir para novas possibilidades. Pelo caminho, eles encontram um terceiro elemento que pode mudar suas vidas radicalmente. Entre câmera subjetiva, cinema judaico de Woody Allen, música de Tiê, Letuce e Plínio Profeta, existencialismo sobre a nostalgia-saudosismo do paraíso, referência inicialmente implícita a “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman (pelo “jogo de xadrez” – e depois explícita), “Paraíso Aqui Vou Eu” comporta-se como uma experiência espirituosa, que aprofunda a mudança pelo acorde do violão e pela projeção de um amigo imaginário Chicão (o ator Álamo Facó – quase como o núcleo “Bob Marley” “tartaruga” de “Procurando Nemo” – “Não há nada que um bom dia no surfe não cure”), “easy going” (o antagonista que confronta o lado “mar de contas”, sisudo e ranzinza do protagonista, o poeta esquecido, Francisco (o ator Guilherme Piva), que junto da ex-mulher, professora desiludida, Sara (a atriz Solange Badin), decide se reencontrar para conversar sobre as angústias e “lavar a roupa suja” do passado, como uma terapia de choque cognitiva e imediatista de psicose retro-alimentada.
SERVIÇO
III Semana Cavideo Online
De 04 a 10 de junho de 2020
Às 18:00, na página Cavi Borges no Facebook
Gratuito.
#fiqueemcasa