Teto Parede
O certo e o errado
Por Chris Raphael
Mostra Cavídeo em Berlim
O errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo. Este ditado popular, de autor desconhecido, traduz em poucas palavras o sentimento que está permeando as atitudes da sociedade contemporânea. Esta nova ordem mundial, seduzida pelo luxo e opulência, incorre em muitos fazendo o errado e poucos fazendo o certo, em um jogo de aparências. Realidade distorcida. Ou retorcida. Ou contorcida. Não importa, não está normal.
“Teto Parede” é o título do curta metragem de Eduardo Speroni, que assina o roteiro em parceria com Isadora Krummenauer. É uma produção de 2018, entre Fernanda Curi e Cavi Borges. A direção é de Eduardo Speroni. Trata da substancia humana, base de todas as coisas e das consequências entre as atitudes pessoais dos personagens principais. Em locações que parecem ser autênticas e não somente um cenário, a situação se desenrola.
Em uma alegoria realista, uma mensagem é conduzida pelo fio tênue que separa a esperança da desesperança, guardando em seu o desfecho o cerne da questão. O certo e o errado não se cruzam, mas sim, caminham paralelamente sem nunca se encontrar. São duas metade de um mesmo objeto, precisam existir juntos. E a complexidade desta união é o que nos torna humanos. Ou não. É sempre prudente uma avaliação destes limites e quem sabe, uma recalibragem. Ninguém está a salvo, todos podemos tropeçar e cair. Mas sempre há maneiras e meios de corrigir qualquer falha, grande ou pequena.
Quanto ao público, há tempos recorrem às realidades que suprem a falta do que precisam, seja coragem, amor ou esperança. Às vezes lágrimas e às vezes risos. Buscam nos livros e nos filmes, torcem para que contém uma boa estória, ouvem músicas que embalam a alma. E, para sorte, de todos, há uma superlotação de sonhadores na forma de músicos, atores, cineastas; artistas que querem expor suas próprias angústias, traumas, amores, sofrimentos, alegrias. Ainda bem. Olhamos de longe, do lado de fora. Às vezes, aplaudimos de pé. Teto Parede.