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Jumanji: Próxima Fase

Fora de Console

Por Jorge Cruz

Jumanji: Próxima Fase

O sucesso do filme de origem, agora continuado em “Jumanji: Próxima Fase“, foi longe de ser inesperado. Mesmo com problemas, seu êxito foi muito bem-vindo. Apostando menos no saudosismo, os produtores tiraram da cartola um grupo de estrelas capazes de segurar grande bilheteria, lideradas por Dwayne Johnson. Dispostos a se envolverem em um projeto de longo prazo, o longa-metragem orçado em 90 milhões de dólares arrecadou mais de 950 milhões (dez vezes o que custou). Para efeitos de comparação Jumanji: Bem Vindo à Selva em 2017 foi tão caro quanto Cats em 2019.

A continuação parece seguir o mesmo caminho. O orçamento foi secado quase pela metade, custando agora menos de 60 milhões. Porém, antes de estrear em grandes mercados, como o Brasil, o filme já chega a quase 700 milhões de bilheteria – ultrapassando, em proporção, o original. A direção segue na mão de Jake Kasdan, um especialista em comédias fuleiras. Só que dessa vez, o cineasta ficou também os créditos de roteiro, ao lado de Jeff Pinkner (do primeiro longa-metragem e de Venom) e Scott Rosenberg (também do reboot e sucessos de ação já empoeirados como “60 Segundos” e “Con Air: A Rota da Fuga)”. Essa escolha torna “Jumanji: Próxima Fase” em um produto bem mais divertido, com mais equilíbrio entre aventura e humor.

Quem gostou muito da primeira produção pode ter a certeza de que o jogo está ganho. A expansão de universo é bem formatada, inclusive afastando o excesso de cosmética RPG, com adições de informações somente quando necessário. “Jumanji: Próxima Fase” se vale de um expediente parecido com a franquia “Uma Noite no Museu“: consegue transformar o sucesso do primeiro filme em um argumento para atrair atores veteranos para funções que exigem um carisma mais consolidado. No caso do terceiro longa-metragem da saga de Shawn Levy estamos falando de Mickey RooneyDick Van DykeBill Cobbs. Aqui os serviços são prestados por Danny DeVitoDanny Glover.

É possível identificar, de igual forma, um esforço maior do quarteto original por uma entrega de trabalho mais digna. As personalidades dos adolescentes de “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” foram muito mal trabalhadas por Johnson, Jack BlackKevin HartKaren Gillan. Até porque a construção dos estereótipos e a comédia forçada (como uma constrangedora cena de primeiro beijo) não permitiam que muita coisa fosse feita. Dessa vez, a possibilidade de troca de corpos durante o jogo e os dilemas menos imaturos do primeiro filme fazem com que os astros, bem mais ricos e interessados no sucesso da produção, sejam mais divertidos. Aliás, as inúmeras possibilidades tornam o universo dessa saga ilimitado. A aparente ousadia de uma montagem paralela, deixando de fora do jogo Bethany (Madison Iseman), é apenas o velho subterfúgio de pulverizar as chances de recuperação da equipe. Isso torna as situações de crises mais constantes, deixando de apelar para sequências de ação vazias – como visto com frequência no filme antecessor.

Claro que a estabilização da trama transforma “Jumanji: Próxima Fase” em uma grande gincana em algumas oportunidades. Há piadas deslocadas e alguns conflitos entre as personagens injustificáveis. As mãos de Kasdan no roteiro podem ter balanceado a comédia com a aventura, mas a muleta dramática segue torta. Por isso, ao mesmo tempo que entretém sem dificuldades, parece até menos coeso do que o primeiro filme – culpa justamente dessa pulverização na adição de personagens mencionada acima. De mais positivo, não fica a sensação de que os realizadores entendam o produto como algo maior do que ele é, o que é algo promissor. O longa-metragem parece ciente de suas limitações e se desloca para beber nas fontes que estão longe de secar. É possível que ele não perdure como franquia, mas isso seria algo surpreendente.

Não chega a incomodar muito, mas quando o romance obrigatório de um produto pop norte americano bate à porta, o texto encontra uma solução covarde. Spencer e Martha (Morgan Turner) estão frustrados com um rolo entre eles que não deu certo pela distância entre suas universidades. No jogo, eles poderão se aproximar. Porém, ambos estão com personagens femininas. Claro que o conservadorismo seria um obstáculo e o roteiro perde uma grande oportunidade de deixar o preconceito de lado.

Há a adição de Awkafina atriz em ascensão e tão carismática quanto o restante do elenco, como nova aventureira do grupo. Outra clara tentativa de reorganizar uma duradora franquia. Em um mundo ideal, o jovem cinéfilo aproveitaria que estaria diante dela e de Danny Glover para procurar assistir “The Farewell e O Último Homem Negro em San Francisco. Mas sabemos que o poder de propagação de “Jumanji: Próxima Fase” é incomparável. Ser mais de alguns mesmos não é demérito quando a diversão de tanta gente é quase garantida. Os cofres de Hollywood agradecem.

2 Nota do Crítico 5 1

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