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Cinematecando em Paris: Cinémathèque Française
Por Fabricio Duque

 

É sentimento comum a todo e qualquer cinéfilo (apaixonado por filmes, lógico) uma paralisia inicial de emoção quando se é apresentado à potência máxima da cinefilia e a amor pelo cinema por si só, a Cinémathèque  Française, (prédio atual da Cinemateca Francesa de Paris), que também funciona como o Museu do Cinema. Tem um dos maiores arquivos (documentos e objetos relacionados) de filmes, com sessões diárias. A coleção surgiu a partir de 1930 dos esforços de Henri Langlois, junto com Georges Franju e Jean Mitry Fundou-se então a Cinémathèque Française , e um Museu do Cinema, em 1936. O arquivo cresceu de dez filmes no primeiro ano para mais de 60.000 no início dos anos 70. Mais do que apenas um arquivista, Langlois salvou muitos filmes que estavam em risco de desaparecer  e de serem destruídos devido ao Nazismo na ocupação da França. Além de filmes, também se ajudou a preservar outros itens relacionados ao cinema, como câmeras, máquinas de projeção, trajes e programas de teatro do vintage. Esses itens ficavam em uma extensão de quase dois quilômetros de artefatos de cinema e recordações no Palais de Chaillot, situado na Praça do Trocadéro. Mas a coleção foi transferida a Rua Bercy 51, devido ao incêndio de 1997. Em 1968, o ministro da Cultura francês André Malraux tentou demitir Langlois, parando o financiamento do projeto. Mas este ato gerou um “alvoroço” local e internacional, interrompendo até mesmo o prestigiado Festival de Cinema de Cannes foi interrompido em protesto naquele ano. Por inúmeros protestos em Paris, Malraux, voltou atrás e restabeleceu Langlois após intenso debate,porém reduzindo o financiamento do museu. O preâmbulo longo e explicativo embasa a importância deste local ao mundo cinematográfico, representado pelo edifício pós-moderno projetado por Frank Gehry , um arquiteto americano. Lá se encontra a coleção conta com o arquivo de Henri Langlois desde o ano de 1945. Há ainda o Anamorphose de Gaudemont, os projetores da época da criação, as propagandas das primeiras exibições em 1896, os vídeos, as câmeras, a lanterna de projeção que inspirou a logo da Gaumont, os Chronophotographies e pantomines lumineuses, os primeiros tickets do primeiro museu do cinema de Paris, como a mostra Cinéma & Érotisme. Tem também o equipamento usado pelos Irmãos Lumière, os filtros coloridos para projeção, as roupas do cinema mudo e sonoro, a direção de arte dos filmes de Chaplin, Metrópolis e a figura clássica, Buñuel e Man Ray. O cineasta russo Eisenstein, “O Gabinete do Dr Caligari”, de Robert Wiene, A caveira da mãe de Psicose, de Hitchcock. Na galeria de doações, conferimos a coleção de Marcel Carné, de Hotel Du Nord. Ganhador do Berlinare em 1971, por “L’ ensemble de son oeuvre”, filme que deu o Título honorário a Alain Delon no Festival de Cannes 2013. Há “Le Décor du Bel Indifférent”, 1957, com Jeanne Allard e Angelo Bellini. Na área exposição, o cineasta do mês é Jacques Demy. ““Os Guarda-Chuvas do Amor” é um filme contra a guerra, contra a falta, contra tudo que não se detesta e que traz bem estar e conforto”, disse o diretor (escrito na mesma parede que relembra o prêmio Palma de ouro em Cannes em 1964). É claro, a figura da esposa, Agnes Varda, é contundente, que ajuda a preservar o nome de. Michel Legrand e registrar O período em Los Angeles de 1967 a 1969.. “É uma cidade em que tudo é fascinante: as decorações, as ruas, os problemas das pessoas…”, diz Demy sobre a cidade americana. Podemos conhecer a foto de Harrison Ford em 1968, tirada por Varda, “personagem” importante que guarda e expõe ao público todo o acervo de filmes de Jacques Demy, incluindo Psicose e quase todos de Buster Keaton. A Bibliothèque du Film complementa a visita, criada em 1992, mostra a história do cinema, a sua produção, o impacto e a força artística. Saio da Cinemateca Francesa ainda emocionado, com apenas 14 euros gastos (Museu e exposição), mais alguns na loja oficial, e entendendo o grau de importância de Henri Langlois, que recebeu um honorário Oscar por seu trabalho de vida em 1974, virando “película eterna” três anos depois no Cimetière du Montparnasse , em Paris. Vive La Cinema!

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