Reprise Mostra Campos do Jordao

Winnie The Pooh (Ursinho Pooh)


Ficha Técnica

Direção: Stephen J. Anderson, Don Hall
Roteiro: Clio Chiang, Stephen J. Anderson, Don Hall, Brian Kesinger, Don Dougherty, Nicole Mitchell e Jeremy Spears, baseado em história do livro de A.A. Milne
Vozes: Craig Ferguson, John Cleese, Jim Cummings, Tom Kenny, Bud Luckey
Fotografia: Julio Macat
Música: Henry Jackman, Hans Zimmer
Direção de arte: Paul A. Felix e Patrick M. Sullivan Jr.
Edição: Lisa Linder
Produção: Peter Del Vecho, Clark Spencer
Distribuidora: Disney
Estúdio: Walt Disney
Duração: 69 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM

Antes do Filme

Antes do filme é exibido o curta-metragem “A Batalha de Nessie” (2011). “Com choro não se combate o mal”, diz-se com tom crítico. “Só bebês e bobos choram”, continua a repressão. Ela muda, prende o choro e o nó na garganta. “Tudo tem limite e cansa”, a narração ajuda a personagem. A mensagem: “Ás vezes as lágrimas dão um jeito onde não há nenhum”, finaliza-se. Uma excelente parábola inicial. Não perca!

A opinião

O famoso Ursinho Puff, seguindo as regras da Disney, que detém os direitos da história fictícia criada pelo escritor inglês Alan Alexander Milne, não poderá ser mais chamado assim. O setor de marketing da empresa resolveu padronizar, mundialmente, a franquia. Agora, o politicamente correto é “Winnie the Pooh”, mas se o espectador quiser, mesmo assim, não se adaptar, poderá chamá-lo de Ursinho Pooh, nunca mais de Puff. O criador baseou o personagem num urso de brinquedo do seu filho, Christopher Robin. O nome original “Winnie” foi inspirado pelo urso de estimação de um soldado canadense, batizado com o nome da cidade natal dele, Winnipeg, Manitoba. Pooh – que faz aniversário dia 21 de agosto e que tem o nome completo de Edward Winnie Pooh Sanders – é um pequeno urso amarelo obcecado por mel que vive suas aventuras no Bosque dos 100 Acres ao lado de seus vários amigos: Corujão, Tigrão, Leitão, Bisonho, Guru, Roque-Roque e Abel.

A animação – dirigida pelos craques Stephen J. Anderson (de “A Família do Futuro”) e Don Hall (de “A Princesa e o Sapo” e “Irmão Urso”, um veterano na Disney Animation) – foi feita à mão, seguindo o estilo da arte clássica da Walt Disney Pictures. O filme inicia-se, no mundo real, em um quarto vazio, com narração explicativa e com existencialismo definidor em relação ao que os olhos do espectador encontram. São detalhes que conduzem as próximas ações. A abertura, com os créditos iniciais, já animada, resume e apresenta os personagens, com trilha sonora de Fernanda Takai cantando “O Bosque dos Cem Acres”. A narrativa busca o tom de uma história, porém interage a todo instante com quem está assistindo e com a própria trama. Pooh dorme. Então para acordá-lo, vira-se o livro e o protagonista cai no chão.

Extremamente metalinguístico, porque usa as letras – e frases – como elemento de ligação a fim de conectar o espectador ao que está sendo apresentado, e ainda permite que os personagens conversem com o narrador. É um excelente exemplar do gênero unicamente infantil, porque é didático, estando próximo à linguagem dos pequenos. O que acabei de dizer é positivo, porque o filme usa competência e técnica cinematográfica, com duração tolerável, sem cansar. As imagens do livro tornam-se passagens. As letras ajudam a sair das enrascadas. Pooh é adorável, ingênuo, simpático, pouco inteligente – como ele próprio admite, adora mel, incapaz de julgar mal a qualquer um que seja. Ele é ético, amigo, não mede as consequências para ajudar, tem boa índole e é incrivelmente fofo. Não tem como não se apaixonar. As músicas são recorrentes. Quase todos os personagens cantam. “Pooh cuida bem da barriguinha”, é uma delas. Os acontecimentos (mistérios) são puros e surreais, como uma cauda nova para o seu amiguinho.

“Eu tenho um cérebro pequeno e palavras difíceis me confunde”, diz de forma realista e resignada. A própria percepção – e limitação – que cada um tem sobre si é a verdadeira mensagem do filme. Eles não querem ser mais, com exceção do Corujão – que tem medo de expor suas falhas e seus desconhecimentos. Buscam viver dentro do que possuem na alma, resolvendo suas aventuras, sempre com a ajuda de amigos. A animação é didática, ensina a língua inglesa, resgata valores básicos, utilizando uma linguagem simples, acessível e construtiva. A imagem é a pintura, a folha, do livro. As situações infantis convencem, até porque as crianças sentem as mesmas coisas que são abordadas na tela. “Não tenha pressa, aproveite o tempo” e “Eles tentaram até se acabar os objetos de se tentar”. “É uma cauda muito bonita, mais do que o resto de mim”, frase dita por um burro cinzento, chamado de ló, Ió – que são onomatopéias que representam o som dos burros. Bisonho, seu nome nacional, é pessimista e depressivo.

No filme, o definem como mal-humorado e resmungão, mas ele é mais do que isso, chegando a ser apático e indiferente a tudo (bem sutilmente desejando a morte). Sendo assim, ele ganha em disparado como o melhor personagem, que complementa “Tudo que é bom, dura pouco”. Corujão, não querendo dar a mão a palmatória, entende errado o bilhete do menino Christopher Robin, um judeu, e assim cria um monstro imaginário chamado Voltologo. Assim, todos inventam maldades ao pobre monstro, que poderá ser visto após os créditos, na última cena. Outra mensagem do roteiro aparece: julgar os outros sem conhecimento prévio. Cada um é a sua própria característica marcante. As particularidades são definidas como um todo. As “ideias infelizes” enganadas geram novas aventuras e assim a turma de amigos do Ursinho Pooh conduz a sua vida.

Há digressões explicativas e epifânicas. A vida é feita de mel, mas quando se acorda, na realidade, o que se encontra é lama. Concluindo, um filme para todas as crianças de todas as idades. Que funciona bem também aos pais e ou acompanhantes. Um filme necessário, divertido, que ensina de forma pura e básica os valores perdidos da infância de hoje em dia. Vale muito a pena assistir. Recomendo. Confesso que alguns dias depois de ter visto o filme fizeram com que eu gostasse mais. A atriz, cantora e compositora Zooey Deschanel fez os vocais da interpretação da canção tema “Winnie the Pooh”. Na versão brasileira ela pode ser ouvida na canção final. Fernanda Takai volta cantando “Uma Coisa Muito Importante para Fazer”.

Os Diretores

Stephen J. Anderson dirigiu os filmes de animação A Família do Futuro e Viagem ao Centro da Terra, entre outros; ele trabalhou como supervisor de história em Irmão Urso e A Nova Onda do Imperador, e foi artista adicional de história no premiado Bolt – Supercão de 2008.

Don Hall é um veterano artista de histórias do Estúdio Walt Disney Animation cujos créditos incluem: A Princesa e o Sapo, A Família do Futuro, Irmão Urso, Nem que a Vaca Tussa, A Nova Onda do Imperador e Tarzan.

Fernanda Takai e Seus Bichinhos

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