Tudo Sobre o É Tudo Verdade 2024
Maior festival de documentários do Brasil tem abertura neste dia 03 de abril no Rio e São Paulo e traz pela primeira vez ao país o cineasta irlandês Mark Cousins
Por Clarissa Kuschnir
E abril está mesmo especial para nós cinéfilos ávidos por festivais e mostras. Além da nossa Mostra Um Curta Por Dia, que chaga em sua décima edição e já está no ar (leia aqui a matéria completa), há também a abertura o É tudo Verdade 2024 – Festival Internacional de Documentários, presencialmente a partir do dia 03 de abril até o dia 14 de abril, que esse ano completa 29 edições e que vem com uma programação intensa trazendo 77 filmes entre filmes internacionais e nacionais (em curtas, médias e longas) vindos de 34 países, além de homenagens muito especiais a Thomaz Farkas e Mark Cousins (que virá pela primeira vez ao Brasil). E tudo isso de forma gratuita, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse ano o festival ainda acontece itinerante de novo na capital mineira, em Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Cultural Vale (o site do festival avisou que maiores informações serão posteriormente detalhadas).
Ao abrir a coletiva, Amir Labaki, diretor-fundador do festival, fez questão de falar sobre a importância de Danilo Santos Miranda (gestor e diretor geral do Sesc São Paulo, durante quase 40 anos, falecido em outubro de 2023). “Esse é o primeiro É Tudo Verdade que faremos sem a presença do Danilo. Nunca é demais lembrar e agradecer ao Danilo que foi um dos primeiros padrinhos aqui. Não existia É Tudo Verdade quando eu fui conversar com o Danilo e expliquei para ele a ideia de criar o evento, que começou originalmente sem competição, e eu pedi uma sala do Sesc. E ele imediatamente comprou a ideia. E desde então estávamos juntos. Eu queria marcar essa coletiva em agradecimento a ele”, enfatizou Amir ao homenagear o gestor.
E há cinco anos o Sesc 24 de maio, localizado no centro da capital paulistana recebe o É tudo Verdade 2024 – Festival Internacional de Documentários em seu espaçoso teatro o festival, com sessões lotadas. Além dele, terão algumas ações formativas como o Ciclo de Palestras “A Escrita do Documentário” no Centro de Formação e Pesquisa do Sesc/Sp. “O É Tudo Verdade é um evento importante no calendário da cidade. O cinema nos direciona de uma forma fantástica, quando estamos imersos em uma exibição. É como se nada mais no exterior, estivesse acontecendo naquele espaço de tempo. E os documentários sendo a matéria prima das narrativas do não ficção, também são muitas as oportunidade para a criação. Neste caso, as lentes do cinema ampliam os sentidos dos espectadores para vislumbrar do que existe além das salas de cinema, para observar a realidade por novas perspectivas e conhecer contextos e situação que são alheios, ou que foram inviabilizados, ou estão remotos”, Paulo Casari falou um pouco sobre os documentários, e ainda complementou que diante disto, o Sesc realiza ações de difusão e circulação do audiovisual tanto no CineSesc quanto em mais de 40 unidades distribuídas na capital, litoral e interior do estado, sempre a partir da perspectiva socio educativa, que constitui a missão do Sesc São Paulo.
Confira aqui:
Programação Completa no Rio de Janeiro
Programação Completa em São Paulo
Relembre a cobertura do É Tudo Verdade 2023
Amir ainda enfatizou que é sempre uma batalha fazer festivais no Brasil; que é muito bom ter seus parceiros fiéis; e que outra coisa bacana é o de tornar o festival longevo e ter uma colaboração entre a iniciativa privada e pública. “Isso em Cultura no Brasil é fundamental, permitindo parceiros diferentes, mas que conseguem dialogar em alguns pontos em comum. O É Tudo Verdade só existe por conta disso”, finalizou Amir.
A Mostra Competitiva Internacional conta com 12 filmes: “Celluloid Underground“, de Ehsan Khoshbakht (Irã, Reino Unido); “Cento e Quatro (Einhundertvier)”, de Jonathan Schörnig (Alemanha); “Copa de 71 (Copa 71)”, de Rachel Ramsay e James Erskine (Reino Unido); “Corpo (Telo)”, de Petra Seliškar (Eslovênia, Macedônia do Norte, Croácia); “Diários da Caixa Preta (Black Box Diaries)”, de Shiori Ito (Japão); “E Assim Começa (And so it Begins)”, de Ramona S. Diaz (Estados Unidos e Filipinas); “Mamãe Suriname – Mama Sranan (Moeder Suriname – Mama Sranan)”, de Tessa Leuwsha (Holanda); “Mixtape La Pampa”, de Andrés di Tella (Argentina, Chile); “O Mundo é Família (Vasudhaiva Kutumbakam)”, de Anand Patwardhan (Índia); “O Relatório da Revolta de 1967 (The Riot Report)”, de Michelle Ferrari (Estados Unidos); “Uma Estória Americana (Une Chronique Américaine)”, de Jean-Claude Taki e Alexandre Gouzou (França e Itália); e “Zinzindurrunkarratz”, de Oskar Alegria (Espanha).
A Mostra Competitiva Brasileira conta com 7 filmes: “Diamantes”, de Daniela Thomas, Sandra Corveloni, Beto Amaral; “Fernanda Young – Foge-me ao Controle”, de Susanna Lira; “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, de Bel Bechara e Sandro Serpa; “Inutensílios”, de Bruno Jorge; “Lampião, Governador do Sertão”, de Wolney Oliveira; “Tesouro Natterer”, de Renato Barbieri; e “Verissimo”, de Angelo Defanti.
E assim, além das mostras competitivas de curtas e longas, o festival ainda traz: Os Programas Especiais, O Estado das Coisas, Foco Latino- Americano, Clássicos É Tudo Verdade e Retrospectivas, conferências, palestras e formação cultural. Dentro das retrospectivas, É tudo Verdade 2024 – Festival Internacional de Documentários homenageia em 2024 os 100 anos do cineasta e fotógrafo brasileiro Thomaz Farkas (falecido em 2011), que além de honrar o festival com as artes deste ano, ganha a exibição de quatro documentários dirigidos pelo próprio diretor (um deles codirigido) e mais dois realizados por Lauro Escorel e Walter Lima Jr, que se complementam com uma conferência sobre a obra do cineasta.
“Thomaz é um dos raros criadores que marcou duas artes no Brasil, que foi a fotografia e o cinema. E tivemos o privilégio de contar com o Thomaz durante a primeira década e meia do É Tudo Verdade, aqui com a gente. Ele era um grande incentivador do festival e foi também um grande produtor e um diretor pontual de documentários dos anos 60, que deu origem a uma séries de filmes que são essenciais para se conhecer o Brasil. E ele conseguiu isso em um momento muito complicado do país”, disse Amir sobre Farkas.
E pela primeira vez, o É tudo Verdade 2024 – Festival Internacional de Documentários consegue trazer ao Brasil o cineasta irlandês Mark Cousins, que será o homenageado internacional com a exibição de oito de seus filmes, incluindo o seu mais recente trabalho que é “Cinema Tem Sido Meu Verdadeiro Amor: O Trabalho e A Vida de Lynda Myles”, lançado no ano passado no Festival de Telluride (festival realizado no Colorado, EUA, que tem crescido e se tornando bem importante, a cada ano). O cineasta abre também a 21ª Conferência no dia 09 de abril com uma Master Class em São Paulo e dia 11 participa de um debate na capital fluminense.
Dentro dos clássicos, o destaque é para o centenário de nascimento do documentarista norte americano Robert Drew e os 50 anos da Revolução dos Cravos, com dois títulos de cada um. Assim como todos os anos, o festival exibiu logo após a coletiva o longa inédito “O Cinema Por Dentro”, de Chad Freidrichs, uma produção americana, turca e japonesa. Já na abertura para convidados no dia 03 de abril no Rio de Janeiro, haverá a exibição de “Um Filme para Beatrice”, da veterana Helena Solberg, no Estação Net Botafogo e “O Competidor” no dia 04 de abril, de Clair Titley, na Cinemateca, em São Paulo. O festival encerra-se com “Luiz Melodia – No Coração do Brasil”, de Alessandra Dorgan.
Os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas Metragens estarão automaticamente classificados para apreciação à disputa pelo Oscar® do ano que vem. Neste ano, a cerimônia de premiação acontece no sábado, 13 de abril, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. As produções premiadas pelos júris oficiais terão reapresentações especiais em ambas as cidades.
E para quem não é de São Paulo ou do Rio de Janeiro, o É tudo Verdade 2024 – Festival Internacional de Documentários estará presente na plataforma de Streaming no Itaú Cultural Play dos dias 15 a 30 de abril, com nove títulos da competição nacional de curtas-metragens e também parte da retrospectiva Thomas Farkas.