Tudo Sobre a Mostra Especial Katia Mesel (com entrevista)
Pioneira do Cinema Pernambucano é destaque dentro da nossa Mostra Um Curta Por Dia, no mês das Mulheres, com a Semana Especial de 08 a 14 de março
Por Clarissa Kuschnir
Katia Mesel é uma eterna guerreira do nosso cinema. Em mais de 50 anos de carreira, se tem alguém que conseguiu dissecar a cultura pernambucana como um todo com o audiovisual é essa Katia, que para nossa alegria feminina, nasceu exatamente no dia 08 de março, ou mais conhecido como O Dia Internacional das Mulheres. E sim, é um orgulho podermos ter um acervo tão rico, vindo da pioneira do cinema pernambucano, que, quando estava na faculdade de arquitetura nos final dos anos 60, pediu para o pai trazer de viagem uma câmera super 8mm. E foi assim que ela começou a experimentar no cinema. E depois vieram quase 300 filmes documentários (entre curtas, vídeos para um programa de TV local e um longa), e vários prêmios nacionais e internacionais acumulados. Sem contar que recentemente, ela descobriu que tinha sido a primeira mulher a participar de um festival de cinema no Brasil, em 1973, que foi a II Jornada de Cinema na Bahia.
“Fui fazendo sem pensar que era mulher. Só foi preciso botar a cara e fazer. Não fico raciocinando se sou mulher ou não, sou um ser. Eu era cinéfila total. A realização do cinema em 35mm era impossível para mim na década de 60. Não haviam escolas de cinema”, disse a cineasta, em uma das muitas entrevistas para mim (esse um trecho tirado da Revista Preview). Além da formação como arquiteta, Katia também é artista gráfica, o que ela sempre afirma que ter esse conhecimento ajudou muito na profissão.
E foi apenas em meados dos anos 80 que Katia Mesel começou a filmar em 35mm, inclusive projetos com a extinta Embrafilme (que concentrava a renda quase total entre Rio e São Paulo). Aí vieram trabalhos como: “Oh de Casa!”, baseado no livro do sociólogo, escritor, historiador e pintor Gilberto Freyre, que, segundo ela, foi o único filme feito sobre ele. Inclusive “Oh de Casa!” (na época em que a lei do curta cumpria bem o seu papel) fez parte da sessão da pré-estreia de “O Selvagem da Motocicleta”, no extinto cinema de Rua Rian, no Rio de Janeiro. E Katia ainda guarda o recorte da sessão. Depois veio “Sulanca”, média-metragem (que está aqui na nossa mostra na versão reduzida), que aborda a vida das costureiras da cidade pernambucana de Santa Cruz do Capibaribe e “Recife de Dentro Pra Fora”, baseado no poema “Cão sem Plumas”, de João Cabral de Mello Neto, que retrata os mais diferentes aspectos do rio, do mar, do mangue e sua relação com a cidade e a miséria. Esse último, foi vencedor de 26 prêmios nacionais e internacionais. Inclusive recentemente, “Recife de Dentro Pra Fora” pode ser visto e citado em um pequeno trecho do ótimo documentário “Retratos Fantasmas“, de Kleber Mendonça Filho. E, segundo Katia, foi um presente poder estar no filme do cineasta.
Em 2012 lançou seu primeiro longa-metragem “O Rochedo e a Estrela” que fala sobre a expansão do judaísmo em Pernambuco, no século 17 e da luta de Mauricio de Nassau pela liberdade religiosa. O filme também conta como surgiu a primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, no Recife. E foi o único longa, pois Katia gosta mesmo é dos curtas. E sua carreira sempre foi toda baseada nos curtas, e nos programas de TV. E desde o ano passado, com a volta dos festivais e mostras mais presentes, Katia tem circulado bem com muitos de seus filmes sendo restaurados pelo CineLimite, projeto independente sem fins lucrativos, de restauro de filmes nacionais e pelo CTAV(Centro Técnico do Audiovisual).
Também no ano passado foram dois eventos em São Paulo. Um na Cinemateca e outro no IMS Paulista, em que Katia esteve presente inclusive com o curta seu o “Banguê”, que foi achado e recuperado sem ela jamais imaginar. E sim, conseguimos conversar mais sobre essa sua nova fase, na entrevista abaixo (na íntegra).
A ENTREVISTA EXCLUSIVA COM KATIA MESEL
CLARISSA KUSCHNIR: Como é para Katia Mesel hoje rever seus filmes digitalizados e restaurados depois de passar por tantas décadas e ter filmado em tantas mídias diversas? Inclusive com uma GoPro na volta da pandemia?
KATIA MESEL: Está sendo um momento de muita alegria para mim, porque eu já havia colocado projetos de restauração do meu acervo que não é pequeno e que é multimídia em editais, e não entravam, pois, eu até entendo que davam prioridade a instituições, museus e eles encaravam meu acervo, como particular. O que eu acho errado, pois meu acervo embora seja particular, ele trata do patrimônio imaterial pernambucano. Ele é um registro de praticamente todas as atividades de cultura popular. E se falta alguma coisa, só se for mais recente. No meu acervo temos: capoeira, maracatu do baque virado e baque solto, caboclinho, rendeiras, ceramistas de tudo quanto é qualidade, maestros, cantores e percursionistas. Então é um acervo de quase 300 títulos. E é basicamente, de cultura pernambucana. Dentro destes 300 títulos eu tenho duas ou três ficções. E dentro disto eu tenho apenas um longa-metragem. E o “Sulanca” nasceu média-metragem, porque eu 1984 houve uma reunião da ABD (Associação Brasileira de documentaristas e curtas-metragistas) em Olinda onde se exigiu que tivesse pelo menos uma cota para o resto do país, pois só entravam projetos do Rio e São Paulo. Até porque ninguém tomava conhecimento. Então a gente conseguiu que 1/3 dessa verba fosse para o restante do país. Aí, eu resolvi botar o projeto em 35mm sobre Gilberto Freyre que até então nunca havia tido, um filme sobre ele. Então o projeto foi aprovado e no outro ano, eu coloquei “Sulanca”. Agora você imagina. Desde 1984 para 1985 eu tomei conhecimento desse movimento das mulheres. Cheguei, conheci rapidamente e vi e depois quando eu ganhei o edital da Embrafilme, eu passei dois meses lá enturmando, querendo saber além das mulheres da coisa da Sulanca e quais eram as atividades e o suporte econômico anterior delas, além das possibilidades de crescimento. Então foi uma época muito rica. E nisso, eu fiz amizade com as pessoas. Aí eu ia no bar para tomar cachaça, ia em um forró, casa de seu fulaninho e acabei conhecendo tudo. E eu ficava impressionada porque essas mulheres não só costuravam, como também vendiam. Então, elas anularam o intermediário. Mas isso foi espontâneo, sem orientação. E com isso eu ficava louca. Valorizava isso plenamente. E como se fosse assim: a gente está para morrer de fome, então vamos arrumar um jeito de sobreviver. E realmente quando eu conheci ainda haviam as mais idosas, que costuravam tiras de dois a três dedos a mão. Eu tenho ainda uma colcha, costurada a mão. Algumas não têm nenhuma intenção estética. Eles vão juntando os tecidos. Então, eu fiquei muito impressionada. O processo de filmagem foi uma loucura, pois eu levei câmera do CTAV que pesava 35 quilos e você tinha que entrar em uma fila, porque tinha entrevista. Eu tive que levar um assistente de câmera que se responsabilizava por esse equipamento e um técnico de som. O diretor de fotografia já morava no Recife era da publicidade e que só trabalhava com 35mm. Essa admiração, dedicação e respeito é o que se passa no filme. E por eu sempre ser muito libertaria e trabalhar com mulheres, eu convidei a Katia de França que era uma cantora paraibanas e eu já a conhecia há muitos anos. E eu adorava, o musicar dela. E levei com a proposta dela compor lá e conhecer a realidade. Então, ela vivenciou junto com a equipe. Filmamos em três semanas em Santa Cruz do Capibaribe. Aí para relevar o filme tinha uma carro da produção para levar até Caruaru, a gente dava um cachê para a aviação caruaruense para levar as latas e meu produtor em Recife apanhava as latas, levava para o aeroporto, despachava para o Rio de Janeiro. Lá uma pessoa estava esperando para apanhar esse material e levava para revelar na Líder e mandar o negativo copião para a gente. E depois era todo o processo inverso. E precisávamos ver em algum cinema. Porém em Santa Cruz não havia sala de cinema, então íamos a Taquaritinga do Norte para assistir. Sim, a mesma Taquaritinga que hoje tem um dos festivais de cinema mais conhecidos de Pernambuco e no Brasil. Aí quando o Alexandre Soares Taquary diretor do festival soube disto, ele começou a me chamar para o festival (e eu e Katia Mesel nos conhecemos em Taquaritinga do Norte). Então, você vê como isso tem valor. Para você ter ideia, eu tive que pegar uma escada Magirus da companhia de eletricidade para poder filmar de cima, porque não tinha prédios com mais de três andares. E não era o suficiente para o que eu queria pegar.
CK: E sobre mostrar o filme para essas mulheres e voltar lá anos depois?
KATIA MESEL: Tenho projetos sim, porém precisa de uma boa distribuição e, o mais importante, local de projeção. Lá não tem cinema.
CK: E o curta “Banguê”? (ainda queremos passar aqui futuramente) Como foi descoberto?
KATIA MESEL – Então foi praticamente meu primeiro documentário, pois os meus primeiros eram mais experimentais. Eu ia muito para a Ilha de Itamaracá, pois era um lugar deserto, uma ilha de pescadores. As pessoas tinham medo porque era uma penitenciária com os presos andando soltos com um facões enormes e com foice, cortando Cana. Eram zero nativos e pouca gente de fora. Aí eu ia observando. Tinha um trecho do presídio na beira da estrada que era um lugar onde vendia o artesanato feito pelos presos. Eles tinham o horário obrigatório para trabalhar pela penitenciária e no horário vago, eles podiam fazer o que quisessem. Muitos continuavam na atividade agrícola e ganhavam um dinheiro extra do que estavam produzindo a mais e outros, se dedicavam ao artesanato de madeira e de chifre, que eram dos bois que levavam o transporte da Cana. Aí pegavam o chifre. E disso eles faziam jogo de futebol de botão, canequinhas em formato do chifre. E eu ia muito nesse lugar porque eu achava lindo e como você sabe, eu gosto muito de artesanato. E vendo isso, eu vi que eles estavam reproduzidos o trabalho dos escravos, pois a maioria era de pretos. Aí fui muito curiosamente e decidir fazer esse super 8mm. Por isso que o Cinelimite identifica como o meu primeiro filme, de documentário. E Banguê não existe mais (pelo menos em Pernambuco). Pois Banguê era o único tipo de engenho que usava reciclagem de material. Ou seja, a cana passava pela prensa, saia todo o líquido e aquele bagaço que é o conteúdo sólido da cana eles levavam em peneiras quadradas e esse objeto se chamava banguê. Pegavam esse material para secar ao ar livre e depois de dois meses por aí, eles usavam como combustível para o engenho rodar e ferver a calda e virar melaço e virar rapadura. Eles não faziam exatamente o açúcar. Eles faziam o açúcar mascavo, pois não havia tecnologia para isso. Esse engenho era de 1700.
CK: E como foi ver esse curta depois de tantos anos, na tela grande da Cinemateca em São Paulo?
KATIA MESEL: Foi uma emoção enorme ver em uma tela grande, pois se eu vi o filme umas três vezes foi muito e na época com algumas pessoas da minha família, no meu projetor super 8mm. E ver na tela grande vira uma questão social, pois estou mostrando o trabalho dos prisioneiros como se fossem escravos. Era uma jornada de 8 horas e disso 4 horas, dedicados a penitenciária. Então foi um trabalho importante. É um trabalho social. A minha dedicação é ao social e original. Eu adoro descobri as coisas e botar no mundo.
CK: E como o Cinelimite chegou até você?
KATIA MESEL: Pesquisando o cinema nacional o Cinelimite ficou muito encantado com o visual de A Noite do Espantalho, de Alceu Valença. Aí viram meu nome nos créditos como no figurino e me procuraram. A princípio falávamos em inglês (William Plotnick idealizador do Cinelimite é americano). Nisso foi feita uma entrevista enorme comigo com uma professora da USP em português. Aí ele perguntou se eu tinha super 8mm e ele foi ver meu acervo, e disse que daria para digitalizar. Ele trouxe dois equipamentos. E olha que eu perdi muita coisa com uma cheia que teve nos anos 70. Depois ele pegou o material em película, inclusive tinha todo o material de “Recife de Dentro Pra Fora”. Aí eu enviei para o CTAV, que já tinha material meu lá. Consegui uma parceria e enviei umas 15 caixas, com a contrapartida de todo material restaurado ser doado para a Cinemateca Pernambucana. E o pessoal do CTAV vibrou. E eram 200 fitas, todas catalogadas e muitas foram parar na mão de muitas mulheres, que acharam uma maravilha. Por isso hoje em dia, eu vejo o William e sua esposa (que também faz parte da equipe do Cinelimite) como grandes amigos. Vejo como as pessoas que tomaram conta da minha carreira. Então estou com todo o meu material digitalizado, feitos pelas melhores mãos. Então, me sinto mais acolhida e engajada nesse movimento do cinema nacional. Eles tiveram muito respeito e admiração pela minha obra. E ele sendo de fora, dando valor para o cinema nacional.
CK: Conta um pouco de sua experiência na TV Pernambucana, que deu origem as mais de 200 fitas da cultura popular, inclusive com um dos curtas “Geninha” (que faz parte desse mês da nossa Mostra Um Curta Por Dia).
KATIA MESEL: De 1991 a 1993 Katia eu tinha um programa na TV Pernambuco, que eu chamava de Pernambucanos da Gema. Era semanal, com meia hora. Então eu achava bom realizar documentários de oito minutos. E eu fui a primeira mulher a fazer esse programa como cineasta, em Pernambuco. Em 1990 eu, tinha feito uns 10 documentários sobre a Cultura Pernambucana. Nesse programas que eram uma vez por semana, eu tinha três blocos. Me davam uma equipe para gravar, com aquelas câmeras enormes. Ou seja, eu fazia uma varredura no estado. E quando eu ia com o meu carro, eu conseguia ter mais liberdade e ir para bem longe. Inclusive fui para Petrolina, a mil quilômetros, na fronteira com Juazeiro, na Bahia. E eu voltava, passava por Caruaru e mais diversas cidades. E aí, eu fiquei com esse acervo. E eram fitas U-matic, que na época era o tinha de mais moderno. Já em 93, a TV estava muito sucateada e confusa. E eu só conseguia editar os programas de madrugada. Era uma empreitada. E acabei ficando com esse acervo.
CK: Muito obrigada!
OS FILMES DA MOSTRA ESPECIAL KATIA MESEL (dentro do nono mês da Mostra Um Curta Por Dia)
E esse acervo está aí sendo restaurado para a alegria de cinéfilos e apaixonados pelos curtas-metragens. E nós aqui do Vertentes do Cinema apresentamos uma Mostra Especial (uma semana com filmes de Katia Mesel), a partir do dia 08/03 (aniversário da realizadora e comemoração-homenagem ao Dia Internacional da Mulher), às 9h, dentro do nono mês (de março) da nossa Mostra Um Curta Por Dia. E em breve queremos trazer mais filmes dessa veterana que não para ou como ela mesmo diz: “Eu fui a primeira a fazer cinema em Pernambuco e esse lugar é meu e ninguém me tira”
A PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA ESPECIAL KATIA MESEL
08/03 – SULANCA
(Sulanca, 1986, 15 minutos, documentário de Katia Mesel). Filmado em 35mm, SULANCA retrata uma realidade impactante, no ponto da virada econômico/social, provocada pelas mulheres do sertão de Pernambuco, através da costura. Ocupando todas as posições possíveis na linha de produção e venda das confecções, a mulher e empresária move a máquina com determinação, desde a colcha de retalhos feito a mão à modelos de copias de grifes do sul. A trilha sonora de Cátia de França, embala todo o curta, sendo também uma narrativa das várias situações.
09/03 – ROSANA
(Rosana, 2011, 3minutos, ficção de Katia Mesel)Com Samara Cipriano e Mario Cardona. Ficção poética sobre uma dona de casa que sabia exercer suas fantasias e também fazer um bom omelete.
10/03 – PARTO SIM!
(Parto Sim!, 2018, 18 minutos, ficção, de Katia Mesel). Com Laís Vieira, Raquel Ferreira, Augusta Ferraz, Lula Terra. O filme é uma ficção baseada em fatos reais, aborda uma questão delicada sobre as mulheres que vivem em Fernando de Noronha: a necessidade de ter de deixar a ilha, aos sete meses de gestação para realizar o parto, em Recife, pois não há no hospital local, estrutura para as gestantes darem à luz a seus bebês. O curta aborda essa questão principal e outros problemas dos habitantes locais, de um paraíso ambiental, que tem por função prioritária agradar aos turistas em detrimento dos ilhéus.
11/03 – SETE LUAS DE SANGUE
(7 Luas de Sangue, 2008, 6 minutos, documentário, de Katia Mesel). No Documentário, a pintora Tereza Costa Rego fala da sua exposição, de mesmo nome, no Museu de Arte Contemporânea de Olinda. Como Via Sacra, Tereza fala de cada painel, cada episódio, cada herói, envolto em sangue e mistério, fala da mulher/mesa da ceia dos políticos. Entre gatos, mulheres nuas, e uma sensualidade muito feminina, Tereza pinta como quem sobrevoa os telhados de Olinda e de repente entra em alguma alcova.
12/03 – GENINHA
(Geninha,12 minutos, documentário, de Katia Mesel). Uma boa conversa com a grande Dama do Teatro Pernambucano, Geninha da Rosa Borges, documentário realizado para o meu programa Pernambucanos da GEMA, Na Rede com Katia, exibido na TV Pernambuco. Conversamos sobre Teatro, Educação, Vida, Propósitos. Registro feito com muito carinho e admiração.
13/03 – FESTA DE OXUM
(Festa de Oxum, 11 minutos, documentário, de Katia Mesel). Ritual de oferenda para Mãe Oxum, Orixá das águas doces, do amor, do ouro. FESTA DA OXUM mostra desde o ritual de preparação, as giras, as loas, as reverencias, até a saída da cesta da Oxum, toda de flores amarelas.
14/03 – A VOLTA
(A Volta, 2020, 3 minutos, experimental, de Katia Mesel). Narração de Katia Mesel. Ficção sobre os momentos atuais quando estamos refém de uma realidade que nos escapa. A solução é readaptar-se aos espaços, momentos, sentimentos, redescobrindo novos valores e sensações.