Mostra Um Curta Por Dia Marco mes 9

The Sunset Special

Reflexos de vozes automatizadas

Por Vitor Velloso

Durante o Festival de Locarno 2021

The Sunset Special

Em um mundo de pixels e realidade repleta de erros, a representação sobrepõe a realidade no mundo da venda de “um modo de vida”. “The Sunset Special” de Nicolas Gebbe é um divertido retrato de como a presença do capital passa a deturpar o discurso e os objetivos, em um jogo (literalmente) que está em fase de testes, ou assim parece. A ideologia da prosperidade aparece de maneira acachapante até em torno de uma mãe que precisa procurar a filha, mas qual o problema de fazer um tour pelo hotel e jogar conversa fora sobre o luxo e o belíssimo tratamento que eles recebem. Aliás, a própria realidade se mistura com a tela de celular que exibe as opções dos diversos estilos de vida possíveis.Os diálogos repetidos e com uma montagem que explora a falta de expressão facial de seus personagens é capaz de gerar alguns momentos hilários. Porém, as abstrações próximas ao fim, são meras desculpas para experimentar um bocado de coisa.

A sensação é estar preso em um imenso bug, que “flicka” diante do espectador como verdadeiros espasmos da “vida perfeita”. Sendo capaz de reproduzir conversas típicas da alta burguesia, a apresentação é feita através de coisas como “Eu tenho um barco luxuoso e confortável”, e a imagem é interrompida para vermos uma propaganda tacanha que parece querer vender o produto para o público. O drama central que une os dois personagens é esquecido constantemente e o que verdadeiramente importa é a vista do hotel e a belíssima paisagem. “The Sunset Special” consegue extrair da falta de beleza da computação gráfica para arrancar algumas risadas da “audiência”, ou dos clientes dos marketings constantes que saltam na tela. É a degustação de como as relações virtuais terminam em uma espécie de “portfólio” da propriedade privada, na dinâmica gamificada o cerne das redes sociais opera como uma mais-valia da primazia do que o sonho próspero pode lhe oferecer, afinal, o que tem demais em perder uma criança em uma cidade deserta, não?

3 Nota do Crítico 5 1

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